Os
poetas populares são uma bênção com que, de tempos a tempos, o acaso nos presenteia.
Recordo-me
do primeiro que conheci, na Guarda, para onde fui com 10 anos para poder
continuar a estudar porque, naqueles tempos, era a quarta classe (hoje quarto ano) o topo do saber
que, na minha Terra, se transmitia. Mas nem por isso, em certas matérias,
ensinava menos do que hoje vejo ensinar em alguns níveis superiores. Podemos
comprová-lo nas “reformas” constantes” que vão transformando o ensino numa fábrica de especialistas ignorantes.
Ao
popular poeta egitaniense, todos lhe chamavam o Chamiço, um indivíduo com ar
de pobre diabo que vagueava pelas ruas da cidade, parecendo alheado da
realidade que, ao contrário, observava ao pormenor.
Bem
o sentiram os que foram as “vítimas” da sua ironia com a qual compunha as suas quadras,
muitas vezes bem engendradas.
Conheci
mais, mas nenhum como o algarvio António Aleixo que, volta e meia gosto de reler
e, nessas alturas, sempre encontro alguma coisa que, com toda a oportunidade,
bem poderia ter sido escrita hoje.
Relembro
esta quadra singela mas tão oportuna neste momento difícil para a Humanidade em
que o povo me parece estar a ficar demasiado impaciente e, por isso, talvez
disposto a acordar…
As
falinhas mansas e os belos discursos cada vez o adormecem menos e a mentira em
que esta “economia predadora” o tem mantido, não tem muito mais tempo para
sobreviver.
“Esta mascarada enorme
Com que o mundo nos aldraba,
Dura enquanto o povo dorme,
Mas se o povo acorda, acaba!”
A
maior parte do povo já entendeu o desespero dos que, sem remédio, vêem
acabar-se os dias da abastança incontida que lhes granjeava bons proventos que
tentam esconder em off-shores que nada produzem para além de contas recheadas
de dinheiro virtual que, no final, de pouco ou nada lhes valerá quando já nada
valer.
E
se, tal como diz o maior poeta da língua portuguesa, na vida que agora vives, “memória desta vida
se consente”… quero dizer-te, Aleixo amigo,
O
povo, ainda dormente,
De
acordar dá sinais,
Farto, pois
sempre lhe mente
Quem
promete dar-lhe mais…
«Ao popular poeta higitaniense, todos lhe chamavam o Chamiço, um indivíduo com ar de pobre diabo que vagueava pelas ruas da cidade...»
ResponderEliminarAgora é que me deste o argumento decisivo! E andavas tu a dizer: «... Os meus versos não prestam!» Até a PROSA vai fluindo como se corresse de uma bica de fonte da montanha e vai correndo para o rio... até ao MAR... que eu continua a dizer que é feminino: A MAR... e assim 'vão correndo para A MAR...
Desculpa o meu defeito profissional, mas tens de emendar o CHAMIÇO: «Ao popular poeta higitaniense... » deves escrever egitaniense... (de Egitânia, antigo nome da Guarda.