ACORDO ORTOGRÁFICO

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quinta-feira, 28 de julho de 2016

POETAS POPULARES



Os poetas populares são uma bênção com que, de tempos a tempos, o acaso nos presenteia.
Recordo-me do primeiro que conheci, na Guarda, para onde fui com 10 anos para poder continuar a estudar porque, naqueles tempos, era a quarta classe (hoje quarto ano) o topo do saber que, na minha Terra, se transmitia. Mas nem por isso, em certas matérias, ensinava menos do que hoje vejo ensinar em alguns níveis superiores. Podemos comprová-lo nas “reformas” constantes” que vão transformando o ensino numa fábrica de especialistas ignorantes.
Ao popular poeta egitaniense, todos lhe chamavam o Chamiço, um indivíduo com ar de pobre diabo que vagueava pelas ruas da cidade, parecendo alheado da realidade que, ao contrário, observava ao pormenor.
Bem o sentiram os que foram as “vítimas” da sua ironia com a qual compunha as suas quadras, muitas vezes bem engendradas.
Conheci mais, mas nenhum como o algarvio António Aleixo que, volta e meia gosto de reler e, nessas alturas, sempre encontro alguma coisa que, com toda a oportunidade, bem poderia ter sido escrita hoje.
Relembro esta quadra singela mas tão oportuna neste momento difícil para a Humanidade em que o povo me parece estar a ficar demasiado impaciente e, por isso, talvez disposto a acordar…
As falinhas mansas e os belos discursos cada vez o adormecem menos e a mentira em que esta “economia predadora” o tem mantido, não tem muito mais tempo para sobreviver.
Esta mascarada enorme
Com que o mundo nos aldraba,
Dura enquanto o povo dorme,
Mas se o povo acorda, acaba!”
A maior parte do povo já entendeu o desespero dos que, sem remédio, vêem acabar-se os dias da abastança incontida que lhes granjeava bons proventos que tentam esconder em off-shores que nada produzem para além de contas recheadas de dinheiro virtual que, no final, de pouco ou nada lhes valerá quando já nada valer.
E se, tal como diz o maior poeta da língua portuguesa, na vida que agora vives, “memória desta vida se consente”… quero dizer-te, Aleixo amigo,
O povo, ainda dormente,
De acordar dá sinais,
Farto, pois sempre lhe mente
Quem promete dar-lhe mais…

1 comentário:

  1. «Ao popular poeta higitaniense, todos lhe chamavam o Chamiço, um indivíduo com ar de pobre diabo que vagueava pelas ruas da cidade...»

    Agora é que me deste o argumento decisivo! E andavas tu a dizer: «... Os meus versos não prestam!» Até a PROSA vai fluindo como se corresse de uma bica de fonte da montanha e vai correndo para o rio... até ao MAR... que eu continua a dizer que é feminino: A MAR... e assim 'vão correndo para A MAR...

    Desculpa o meu defeito profissional, mas tens de emendar o CHAMIÇO: «Ao popular poeta higitaniense... » deves escrever egitaniense... (de Egitânia, antigo nome da Guarda.

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