ACORDO ORTOGRÁFICO

O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.

terça-feira, 5 de julho de 2016

A GUERRA DA ECONOMIA SUJA



Eu gostaria de me entender a mim próprio quando me ponho a pensar neste problema dos que fogem dos lugares de horror onde a vida normal se tornou impossível.
Não tenho dúvidas de que é nestes momentos, nestas circunstâncias que o espírito de solidariedade me recorda que devo dar de comer a quem tem fome, de beber a quem tem sede, vestir os nus, conceder uma pousada a quem a não tenha.
Mas o mundo tornou-se confuso, não sendo fácil determinar a atitude que, em certos momentos, será a certa porque, não raras vezes, o oportunismo mal intencionado de uns se faz passar pela necessidade absoluta de outros, confundindo os que, generosamente impelidos pela caridade cristã, se sentem perturbados pela desconfiança que tristes, desumanos e constantes procedimentos de horror lhes inspiram.
Não sei se será esta a batalha final, o Armagedão que o Apocalipse diz que vai travar-se nas margens do Eufrates, espalhando-se, depois, pelo mundo inteiro, mas que é um problema muito sério que o mundo, em nome da Humanidade, deve resolver antes que se seja uma doença sem meios que a curem, disso me restam poucas dúvidas.
Por isso eu penso que não serão os actos avulsos de misericórdia que salvarão o mundo da catástrofe anunciada, mas os procedimentos decididos que castiguem os culpados que, apesar de duros, serão obras de misericórdia também.
Se por outros valores, os económicos, pelos quais o mundo entendeu por bem globalizar-se, definindo regras que todos devem cumprir, por que razão se não globalizam os princípios e os valores da alma que faz de todos nós irmãos e nos permitiriam viver a paz e a segurança a que qualquer ser humano tem direito?
Porque prejudica a economia da guerra suja que a cada instante mata milhares de inocentes, mas enche de milhões os bolsos dos que a alimentam?
Não será fechando portas que se resolvem os problemas que só a solidariedade atenua. Decerto que não, mas também os não resolverá a displicência com que a falsa caridade enfrenta este grave problema de sobrevivência.
É fácil parecer bonzinho, mas é difícil fazer as coisas certas.
Não se pára a violência com mais violência. Certamente que não! Mas é com inteligência e firmeza que a violência é desencorajada de continuar.
O mesmo princípio se aplica aos que fornecem os meios para que a violência aconteça.
E se começássemos por esses? Será assim tão difícil descobri-los?
Ou preferimos continuar a jogar ao faz de conta neste mundo prestes a entrar em ebulição, em nome de uma economia que já procura nos horrores monstruosos que cada vez por mais lugares no mundo se praticam, os meios que na vida sã já não encontra?

Sem comentários:

Enviar um comentário