Eu
gostaria de me entender a mim próprio quando me ponho a pensar neste problema
dos que fogem dos lugares de horror onde a vida normal se tornou impossível.
Não
tenho dúvidas de que é nestes momentos, nestas circunstâncias que o espírito de
solidariedade me recorda que devo dar de comer a quem tem fome, de beber a quem
tem sede, vestir os nus, conceder uma pousada a quem a não tenha.
Mas
o mundo tornou-se confuso, não sendo fácil determinar a atitude que, em certos
momentos, será a certa porque, não raras vezes, o oportunismo mal intencionado de
uns se faz passar pela necessidade absoluta de outros, confundindo os que,
generosamente impelidos pela caridade cristã, se sentem perturbados pela
desconfiança que tristes, desumanos e constantes procedimentos de horror lhes
inspiram.
Não
sei se será esta a batalha final, o Armagedão que o Apocalipse diz que vai
travar-se nas margens do Eufrates, espalhando-se, depois, pelo mundo inteiro, mas
que é um problema muito sério que o mundo, em nome da Humanidade, deve resolver
antes que se seja uma doença sem meios que a curem, disso me restam poucas
dúvidas.
Por
isso eu penso que não serão os actos avulsos de misericórdia que salvarão o
mundo da catástrofe anunciada, mas os procedimentos decididos que castiguem os
culpados que, apesar de duros, serão obras de misericórdia também.
Se
por outros valores, os económicos, pelos quais o mundo entendeu por bem
globalizar-se, definindo regras que todos devem cumprir, por que razão se não
globalizam os princípios e os valores da alma que faz de todos nós irmãos e nos
permitiriam viver a paz e a segurança a que qualquer ser humano tem direito?
Porque
prejudica a economia da guerra suja que a cada instante mata milhares de
inocentes, mas enche de milhões os bolsos dos que a alimentam?
Não
será fechando portas que se resolvem os problemas que só a solidariedade atenua.
Decerto que não, mas também os não resolverá a displicência com que a falsa
caridade enfrenta este grave problema de sobrevivência.
É
fácil parecer bonzinho, mas é difícil fazer as coisas certas.
Não
se pára a violência com mais violência. Certamente que não! Mas é com
inteligência e firmeza que a violência é desencorajada de continuar.
O
mesmo princípio se aplica aos que fornecem os meios para que a violência
aconteça.
E
se começássemos por esses? Será assim tão difícil descobri-los?
Ou
preferimos continuar a jogar ao faz de conta neste mundo prestes a entrar em
ebulição, em nome de uma economia que já procura nos horrores monstruosos que
cada vez por mais lugares no mundo se praticam, os meios que na vida sã já não
encontra?
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