Naqueles
tempos, quando da concentração industrial resultavam lugares vastos que a
poluição tornava fétidos, muito dificilmente habitáveis, condições que a avidez
pela riqueza impunha e o horror à miséria obrigava a aceitar, o dilema era,
naturalmente, “poluição ou miséria?”.
E,
rapidamente, foram atingidas situações ambientais insustentáveis que se não
coadunavam com as comodidades que os mais ricos exigiam.
Mas
parecia não haver solução que evitasse as consequências imediatas de lançar na
Natureza os resíduos sólidos e líquidos que a indústria florescente e redutora da
pobreza produzia.
Em
anos já adiantados do século XX, na região mais industrializada do mundo, a de
Londres, os níveis de poluição do Rio Tamisa eram elevadíssimos e numa
atmosfera onde se juntavam os fumos expelidos pelas chaminés das fábricas com
elevados níveis de humidade, formava-se o “smog” (contracção de smoke+ fog) que se tornou uma característica típica da cidade e tornava o seu ar quase
irrespirável.
Foi
numa situação já quase extrema que foram decididas e impostas medidas que remediassem o
mal, obrigando as indústrias a tratar as suas emissões em função de parâmetros
que melhorassem o Ambiente na capital do maior império do mundo!
Aos
poucos, o exemplo de Londres foi seguido no mundo industrializado para evitar
as consequências mais imediatas da poluição.
Para
isso também contribuiu a deslocalização de indústrias mais poluentes para
países do terceiro mundo, aproveitando, também, os baixíssimos custos de mão
obra nesses locais, onde ainda assim se mantêm.
Entre
esses países está a China onde o trabalho praticamente escravo torna a produção
muito mais barata e leis ambientais permissivas evitam os elevados custos de
tratamento dos resíduos industriais.
Esqueceu-se
o mundo que o Ambiente é único, não tem fronteiras e, por isso, a distância
seria vencida mais cedo ou mais tarde, com efetos que afectam já todo o mundo.
Hoje
são bem conhecidas as consequências de tanta veleidade de uma “economia” que
actua como quem pensa que se desfaz do lixo varrendo-o para debaixo do tapete.
São
demasiadamente graves já, as consequências que a Ciência denuncia como tão
perigosas que põem em risco a própria Humanidade.
Apesar
disso, a economia faz orelhas moucas e insiste nos erros cometidos como solução
para corrigir os efeitos de tantos iguais que já cometeu.
Não
me parece que possa haver atitude menos racional que, sem dúvida, nos haverá de condenar a mais miséria.
Na China, onde os níveis de poluição terrestre e aérea atingem
valores elevadíssimos, em muitas regiões já quase insuportáveis, os chineses
preferem a continuação do crescimento económico, o que já nem sequer conseguem
manter, aos cuidados para os reduzir.
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