ACORDO ORTOGRÁFICO

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quinta-feira, 28 de julho de 2016

POLUIÇÃO OU MISÉRIA?



Naqueles tempos, quando da concentração industrial resultavam lugares vastos que a poluição tornava fétidos, muito dificilmente habitáveis, condições que a avidez pela riqueza impunha e o horror à miséria obrigava a aceitar, o dilema era, naturalmente, “poluição ou miséria?”.
E, rapidamente, foram atingidas situações ambientais insustentáveis que se não coadunavam com as comodidades que os mais ricos exigiam.
Mas parecia não haver solução que evitasse as consequências imediatas de lançar na Natureza os resíduos sólidos e líquidos que a indústria florescente e redutora da pobreza produzia.
Em anos já adiantados do século XX, na região mais industrializada do mundo, a de Londres, os níveis de poluição do Rio Tamisa eram elevadíssimos e numa atmosfera onde se juntavam os fumos expelidos pelas chaminés das fábricas com elevados níveis de humidade, formava-se o “smog” (contracção de smoke+ fog) que se tornou uma característica típica da cidade e tornava o seu ar quase irrespirável.
Foi numa situação já quase extrema que foram decididas e impostas medidas que remediassem o mal, obrigando as indústrias a tratar as suas emissões em função de parâmetros que melhorassem o Ambiente na capital do maior império do mundo!
Aos poucos, o exemplo de Londres foi seguido no mundo industrializado para evitar as consequências mais imediatas da poluição.
Para isso também contribuiu a deslocalização de indústrias mais poluentes para países do terceiro mundo, aproveitando, também, os baixíssimos custos de mão obra nesses locais, onde ainda assim se mantêm.
Entre esses países está a China onde o trabalho praticamente escravo torna a produção muito mais barata e leis ambientais permissivas evitam os elevados custos de tratamento dos resíduos industriais.
Esqueceu-se o mundo que o Ambiente é único, não tem fronteiras e, por isso, a distância seria vencida mais cedo ou mais tarde, com efetos que afectam já todo o mundo.
Hoje são bem conhecidas as consequências de tanta veleidade de uma “economia” que actua como quem pensa que se desfaz do lixo varrendo-o para debaixo do tapete.
São demasiadamente graves já, as consequências que a Ciência denuncia como tão perigosas que põem em risco a própria Humanidade.
Apesar disso, a economia faz orelhas moucas e insiste nos erros cometidos como solução para corrigir os efeitos de tantos iguais que já cometeu.
Não me parece que possa haver atitude menos racional que, sem dúvida, nos haverá de condenar a mais miséria.
Na China, onde os níveis de poluição terrestre e aérea atingem valores elevadíssimos, em muitas regiões já quase insuportáveis, os chineses preferem a continuação do crescimento económico, o que já nem sequer conseguem manter, aos cuidados para os reduzir.

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