ACORDO ORTOGRÁFICO

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sexta-feira, 10 de abril de 2015

MUDAR DE GOVERNO OU DE POLÍTICA?


Quando até já há quem pense que Cristo deve voltar à Terra para meter na ordem os que cada vez mais cometem barbaridades nunca antes vistas, em Portugal é António Costa o redentor que trás consigo a verdade e as soluções de que os nossos problemas carecem.
É, agora, depois de alijar o mandato de Lisboa a menos de metade do tempo com que se comprometeu, um “cristo” que se dedica à pregação a tempo inteiro, arrastando consigo os discípulos que esperam, em redenção, com ele entrar no reino tão desejado do poder.
Em tempos, fazia de Costa um outro juízo que o vazio de ideias que agora tem revelado completamente alterou.
Ouvi um resumo de um discurso público que fez em Almada no qual, de um modo nada recatado, perverte realidades, afirmações, circunstâncias e responsabilidades, do modo que mais convém para descrédito dos actuais governantes.
Este modo de fazer é, para além dos enganos que induz nas mentes descuidadas dos não pensam e das distorções deliberadas que faz da realidade, a técnica de nivelar por baixo, na qual dizer mal dos outros, rebaixando-os, faz parecer maior a insignificante estatura que possui.
O mal maior desta democracia que se não actualizou, que ignora a realidade e continua a seguir o velho princípio de que “o que parece é” para que a “alternância” aconteça sejam as razões quais forem, verdadeiras ou não, é a facilidade com que se convencem os que, por natureza, estão predispostos a acreditar nas balelas que lhes impingem e a crer que, mudando, as coisas ficam melhor. Ou os que esperam da mudança a sua oportunidade de ser alguém...
Revela Costa uma total ignorância da nossa realidade ou da de todo o mundo cuja situação nos afecta também se, pior do que isso, não revela um total desprezo pelo futuro de um país que está a recompor-se de uma destruição que lhe causou grandes dores, quando nada mais do que os vulgares lugares comuns do voluntarismo constituem a razão de ser das mudanças que considera necessárias sem, contudo, jamais dizer quais sejam. Ou melhor, para além da mudança de governo de cuja mudança enfatiza a afirmação de ser a condição necessária para construir um futuro melhor.
Não consegue articular um discurso revelador de um projecto de futuro, limitando-se à já estafada conversa de ser necessário mudar.
É nesse sentido que todos os dias agora aparecem ridículos “factos” novos que são a contribuição de alguns cérebros da Comunicação Social que, quais investigadores da vírgula, andam a cheirar os traques que cada um possa ter dado para, no fim, apurar qual cheirou pior.
Será possível que num país que já teve grandes homens, a estatura dos políticos seja agora tão rasteirinha?

Talvez por isso apenas têm em mente alcançar o que é mais fácil, a mudança do governo, porque de mudar a política que, de facto, é aquilo de que necessitamos, são perfeitos incapazes.


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