Como
pode esperar-se que a Justiça seja justa se não passa de um conjunto de regras
e de procedimentos, tantas vezes mais discutidos do que a própria matéria a
julgar e que, por “irregularidades” que a oportunidade de investigação nem
sempre evita cometer, não poucas vezes deita fora evidências e provas que, sem
qualquer dúvida, condenariam os criminosos?
Como
pode esperar-se que a Justiça seja temida pelos prevaricadores se, por habilidades
jurídicas que sempre conseguem passar por entre as descontinuidades que
qualquer lei humana não consegue evitar, se pode encontrar uma “verdade” mais
verdade do que aquela que faria a autêntica justiça?
Como
pode ser a Justiça respeitada se nem sempre actua de modo a deixar a sensação
de que justiça foi feita nos actos que praticou?
Ainda
vivi tempos de uma justiça simples que julgava segundo as leis que uma
convivência sã ditava, mas que tinha o defeito de alguns excessos a que
apressados desejos de condenação convidavam.
Hoje
passam-se as coisas de um modo bem diferente. Até o mais evidente culpado não
passa de apenas um suspeito e o que toda a gente viu fazer não é mais do que algo
presumivelmente feito porque, na Justiça, sempre pode haver maneira de o
desdizer!
Parecem
mais respeitados os direitos dos criminosos do que os das suas vítimas e
pautam-se as penas por critérios de proporcionalidade difíceis de entender.
Mas
que proporcionalidade existe entre seis, oito ou 10 anos de privação de
liberdade e os não sei quantos anos de vida que alguém deixou de viver? Como se
comparam alguns anos de cárcere com uma vida inteira atormentado pelo acto
ignóbil da violação ou pelo vício porco do pedófilo que destrói, nos que apenas
começaram a viver, a possibilidade de toda uma vida que podia ser feliz?
Como
se justifica tanta preocupação com o recato de personalidades que apenas podem
merecer o desprezo da sociedade que, deste modo, a Justiça continua a expor às
suas depravações criminosas?
Tempo
virá, decerto, em que as questões serão melhor entendidas e julgadas mais em
conformidade com o que a sociedade sente do que com o que qualquer código possa
dispor.
Basta
encontrar o peso certo no modo de julgar.
Entretanto, continuo a pensar que a pedofilia é um caso especial que se não conforma com a “proporcionalidade”
que a Justiça adopta entre a sua penalização e os malefícios que causa, assim como penso que os pedófilos não
merecem o modo como a Justiça protege a sua identidade.
merecem o modo como a Justiça protege a sua identidade.
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