É
uma verdade inegável que nunca fui um apreciador das qualidades de Mário
Soares, agora ou fosse quando fosse. Mesmo quando participei naquela
manifestação na Alameda D Afonso Henriques, em tempos que faziam perigar o
futuro da “liberdade” do nosso país, com perigo de substituição de uma ditadura
por outra mais dura ainda!
Mas
não vem, agora, ao caso ir por aqui.
Tantas
vezes critiquei e critico certas atitudes que Mário Soares toma, sobretudo
agora que, notoriamente diminuído, diz e escreve coisas de bradar aos céus,
teorias e certezas que parecem tiradas de papeis guardados numa arca velha onde
traças deles se alimentam.
Por
uma condição inelutável do Ser Humano, há um tempo para sair da cena em que
fomos influentes, para abandonar as lutas que até dirigimos e é a temperança a
atitude que nos defende das incapacidades que, com o tempo, sempre acabam por chegar.
Quando
tal não acontece, são inevitáveis factos que não podem deixar de prender a
minha atenção, como a de tanta gente. E nem todos reagem do mesmo modo. É uma
questão de sensibilidade e de valoração quanto à sua importância na nossa vida
em comum, tão comum como nunca antes fora, pois jamais a Humanidade esteve tão
unida no destino que as circunstâncias lhe destinam.
Digo
assim porque já me não parece o Homem capaz de controlar o monstro feroz que
criou, esta civilização que ainda se não deu conta de que, na sua ânsia de crescimento
económico contínuo, está a destruir o Ambiente que sustenta a sua vida.
Quanto
a Soares, apesar do desagrado que a maioria das suas crónicas domingueiras me
causa, nunca foi nem será minha intenção agredi-lo na sua dignidade de Ser
Humano, contribuir para uma exposição que me incomoda pela demência que já revela
e à qual o tempo acaba por não poupar alguém a quem a vida permita chegar tão
longe.
Por
isso repudio os excessos que algo que eu publiquei possa ter causado, como aponto
o dedo aos que lhe facultam as condições para se expor e aos familiares que não
o resguardam de certos ridículos a que se presta, porque não evitam o seu aproveitamento
vil, seja pelos jornais, pelas rádios ou pelas televisões, porque Soares,
goste-se ou não dele, tem direito a um recato digno. Como qualquer de nós.
Mas
se continuar a dizer o que diz… não poderei calar a minha indignação nem deixar
de tentar minorar os efeitos que possa causar em tantas cabecinhas tontas que,
com isso, os certos demagogos ávidos de poder querem manipular.
Faz-se
este aproveitamento dos ditadores quando já não servem para mais do que ser um símbolo,
debotado e roto que, sem piedade e a bem do regime, se manipula. Soares não é um ditador. Será, apenas, um "democrata à sua maneira". Por isso, não lhe façam isto!
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