Chamem-lhe
como quiserem, austeridade ou controlo de gastos, empobrecimento ou ajustamento
à realidade, mesmo outra coisa qualquer como um desses chavões escritos nos
panfletos ou nos cartazes de propaganda política, mas a verdade é a que a
realidade mostra, a que as evidências não permitem escamotear e o
reconhecimento de não ser mais possível manter o consumismo que exaure recursos não se
pode mais negar. Porque chegou a hora de reequilibrar as coisas ou de as
destruir completamente.
Os
problemas acumulam-se e até se vão tornando maiores e assumindo formas mais
graves porque as decisões tomadas não têm a eficácia que se julgou que tinham
quando pareciam resolver problemas cuja causa não era a “escassez permanente”,
um conceito novo com o qual economistas e políticos não sabem lidar. Por isso,
a solução tem sido ignorá-lo, porventura esperando algum milagre e não levando
em boa conta os “limites naturais” que a Ciência, há tanto tempo, já coloca no
horizonte das preocupações mais sérias da Humanidade.
Há
uma realidade da qual é urgente tomar consciência, como alguns governos e
instituições internacionais já não conseguem deixar de reconhecer, a qual obrigará
a uma reflexão política profunda que alterará muitos conceitos e comportamentos
próprios de uma vivência ultrapassada.
Será
uma mudança profunda que muitos confundirão com retrocesso mas que, a ser bem
feita, corresponderá ao “desenvolvimento social” que o crescimento económico não
promoveu. Será, mesmo, uma guerra dura entre os interesses de alguns e os
direitos de todos a uma vida decente como será, também, uma tarefa difícil de
abertura de mentalidades ainda muito fechadas a uma realidade que não pode mais
ser ignorada.
Depois
de uma experiência dolorosa a que maus procedimentos governativos obrigaram, estaria
Portugal em excelentes condições para encetar o novo caminho que a realidade
está a impor. Mas, em vez disso, as promessas levianas com que se conquista o
poder continuam a ser mais fortes do que a realidade que a Natureza nos impõe.
Será
assim que o oportunismo político poderá ter a preferência de um eleitorado que
está, ainda, alheio aos grandes problemas do nosso tempo.
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