ACORDO ORTOGRÁFICO

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quinta-feira, 9 de abril de 2015

O NOME DAS COISAS


Chamem-lhe como quiserem, austeridade ou controlo de gastos, empobrecimento ou ajustamento à realidade, mesmo outra coisa qualquer como um desses chavões escritos nos panfletos ou nos cartazes de propaganda política, mas a verdade é a que a realidade mostra, a que as evidências não permitem escamotear e o reconhecimento de não ser mais possível manter o consumismo que exaure recursos não se pode mais negar. Porque chegou a hora de reequilibrar as coisas ou de as destruir completamente.
Os problemas acumulam-se e até se vão tornando maiores e assumindo formas mais graves porque as decisões tomadas não têm a eficácia que se julgou que tinham quando pareciam resolver problemas cuja causa não era a “escassez permanente”, um conceito novo com o qual economistas e políticos não sabem lidar. Por isso, a solução tem sido ignorá-lo, porventura esperando algum milagre e não levando em boa conta os “limites naturais” que a Ciência, há tanto tempo, já coloca no horizonte das preocupações mais sérias da Humanidade.
Há uma realidade da qual é urgente tomar consciência, como alguns governos e instituições internacionais já não conseguem deixar de reconhecer, a qual obrigará a uma reflexão política profunda que alterará muitos conceitos e comportamentos próprios de uma vivência ultrapassada.
Será uma mudança profunda que muitos confundirão com retrocesso mas que, a ser bem feita, corresponderá ao “desenvolvimento social” que o crescimento económico não promoveu. Será, mesmo, uma guerra dura entre os interesses de alguns e os direitos de todos a uma vida decente como será, também, uma tarefa difícil de abertura de mentalidades ainda muito fechadas a uma realidade que não pode mais ser ignorada.
Depois de uma experiência dolorosa a que maus procedimentos governativos obrigaram, estaria Portugal em excelentes condições para encetar o novo caminho que a realidade está a impor. Mas, em vez disso, as promessas levianas com que se conquista o poder continuam a ser mais fortes do que a realidade que a Natureza nos impõe.

Será assim que o oportunismo político poderá ter a preferência de um eleitorado que está, ainda, alheio aos grandes problemas do nosso tempo.


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