É
notícia que um deputado, multado por excesso de velocidade, contestou a coima
imposta pela GNR, alegando que o velocímetro do seu carro não indicava a mesma
velocidade que o radar que registou a sua suposta infracção. Em consequência, o
deputado terá mandado selar o aparelho de radar em causa, pois será o modo de
se poder verificar se o seu funcionamento está correcto ou não.
Porque
haveria de ser o velocímetro do carro e não o equipamento de radar que estava
avariado?
Não
conheço o deputado em causa, mas até compreendo a sua atitude porque também eu
admito que o equipamento possa não estar a funcionar correctamente ou, até, que
haja qualquer “equívoco” na sua leitura… A gente tem visto tanta coisa! E logo
agora que os agentes passaram ou se diz que vão passar a mostrar a sua “productividade”
nas infracções que controlarem.
Pois
também comigo aconteceu coisa parecida quando me deslocava numa estrada onde a
velocidade máxima permitida era de 90Km/h.
Logo
a seguir a uma curva sem visibilidade porque um denso pinheiral a impedia,
aparece-me um sinal de limitação de velocidade a 60km/h que me obrigou a
reduzir a velocidade, coisa impossível senão em algumas dezenas de
metros.
Seguia-se
uma pequena recta, com uns sessenta metros talvez.
Um
outro carro havia passado por mim na curva anterior e lá o vi seguir pela outra
curva no final recta.
Mas
eu fui interceptado porque um radar manual indicava que eu circulava acima de
60km/h!
Em
primeiro lugar era absolutamente natural que tal acontecesse pois fui apanhado
em fase de redução num curto troço que pouco mais seria do que o necessário
para atingir a velocidade indicada e em segundo lugar ninguém me fez prova de
ser verdade a razão da infracção que me foi atribuída.
Por
isso não aceitei a decisão e esperei que um juiz tomasse, perante as circunstâncias,
uma decisão justa.
E
no tribunal, onde me foi dito que estava ali para expor as minhas razões, acabei
condenado, sem explicação alguma, a inibição de conduzir por 15 dias, apesar de
ter solicitado a substituição por uma coima já que não conduzir seria demasiado
penoso para o trabalho que era o meu ganha pão.
Fiquei
com a clara sensação de ter sido injustiçado, sem nada poder fazer para o
esclarecer como ao deputado é possível.
Foi
profunda a raiva que senti e não pude conter uma praga surda, daquelas que
parecem sair do fundo da alma, de que “partisse uma perna”…
Mas
parece que nem o perdão que, logo de seguida, pedi a Deus valeu de alguma coisa
porque, passado uns tempos, quando por ali passei de novo e decidi ir almoçar a
uma estalagem à beira da estrada, a perna partida, toda engessada, estava ali
bem na minha frente!
Há
quem diga que “Deus escreve direito por linhas tortas”, mas também já ouvi
dizer que “pragas com razão, nem ao rabo do meu cão”.
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