ACORDO ORTOGRÁFICO

O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

A FICÇÃO CIENTÍFICA E O FUTURO



Para David Brin, consultor sobre transparência, segurança e novas perspectivas sobre tecnologia e o futuro, o grande mérito da ficção científica que alguns tomam como uma previsão do futuro, e logo nos vem à ideia o Júlio Verne, é, pelo contrário, pintá-lo com cores tão negras, de tal modo que as pessoas se assustem e lutem para que não aconteça assim.
A ideia de Brin é excelente e até deveria estar certa. Mas não vejo que seja esse o resultado. De todo!
Ainda nos deslumbramos com os livros que Júlio Verne escreveu, com as ideias loucas que teve, quando nos damos conta da autêntica premunição que continham. E tantas vezes nos perguntamos como foi possível ter aquela antevisão de tantas coisas boas que acabaram por acontecer.
O tempo passou e hoje a ficção científica é diferente pois, em vez de coisas que signifiquem progresso, coloca-nos perante situações terríveis, calamitosas mesmo, mas as pessoas ainda tomam por aventuras em que, mesmo quando a Humanidade corre o maior perigo, a força superior do Homem sempre vence!
Falava-me, há tempos, um ilustre jornalista dos excessos de Al Gore que, segundo ele, acabam por tirar credibilidade a alguma verdade que neles haja quanto às variações climáticas e outras questões ambientais!
Respondi-lhe que era necessário não confundir a verdade com o que se faz com ela, mas sim tentar compreender a mensagem que tais excessos nos possam transmitir. Não sabia, ainda, o que Brin havia dito, mas já me identificava com ele, pelos vistos.
É esta uma questão grave, a atenção que não prestamos a estes alertas que a ficção nos trás, os quais consideramos excessivos porque nos obrigariam a uma mudança de modo de viver que ninguém parece querer, aventuras nas quais persistirmos na ideia de que sempre o Homem foi capaz de resolver os graves problemas que se lhe colocaram.
As calamidades destas ficções assumem várias formas. Enquanto Al Gore mostra os cataclismos que sobre nós se abaterão por não estarmos atentos à realidade física do mundo em que vivemos, antes, George Orwell escrevera o Grande Irmão (Big Brother), aquele ser que olha por todos e de todos sabe tudo, afinal, a única forma de poucos dominarem muitos.
Mas poucos se apercebem, ainda, de que o Grande Irmão já anda por aí, vai-se criando aos poucos. Nas leis que se vão fazendo, é mais um pouco do Grande Irmão que aparece, desde o NIB que já dispensa que tenhamos nome, até, às Finanças que tudo sabem do que possuímos e às câmaras de vigilância que sabem por onde andamos e o que fazemos.
Como disse Orwell “"o Grande Irmão zela por ti", é para teu proveito que faz tudo o que faz.
Começa por me parecer estranho que tantas falcatruas se tenham cometido e se cometam com tão apertada vigilância. Talvez para dar que fazer à Justiça, digo eu!
Mas os prevaricadores são mesmo os que fazem ou controlam as leis, como me parece ver numa espécie de “Triunfo dos Porcos”, também escrito por Orwell, do qual a União Soviética, por exemplo, não parece enaltecer-lhe as virtudes.
Hoje, "Big Brother" ou "Grande Irmão" são termos usados para descrever qualquer excesso de controle ou autoridade, por alguém ou pelo governo, as quais culminam em violação de direitos e invasão de privacidade.
A revista Book classificou o Big Brother como o número 59 na sua na lista "100 Melhores Personagens de Ficção Desde 1900", mas em Outubro de 2006, já o colocou em segundo lugar na lista das "101 Pessoas Mais Influentes Que nunca Viveram".
É isto que se está a passar, até nos orçamentos de Estado que se fazem. Será que ninguém se dá conta?
Parece é que ninguém quer saber das mensagens importante que, como diz Brin, a ficção sempre trás.
É por isso que acontecem as desgraças…

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

DEMITE-SE O GESTOR, APARECE A DECLARAÇÃO DE PATRIMÓNIO!



Depois de ter visto o ministro das finanças deliberadamente não responder às perguntas se tinha ou não um compromisso com o Administrador da CGD que escolhera para que não apresentasse a declaração de património a que os gestores públicos são obrigados, seguiu-se um salsifré desusado acerca do assunto, no qual entrou toda a gente, até  ter um fim com uma lei da Assembleia da República a declarar que os gestores da Caixa são gestores públicos.
E o que fica na ideia de quem pensa no assunto é que houve tramóia num caso tão simples como o da nomeação de um gestor, e uma série de atitudes que acabaram por deixar o nomeado mal visto. O que tantas vezes acontece quando se pretende sacudir a água do capote de alguém.
Afinal, fora dispensado da declaração de património ou seria ele quem a não queria fazer?
O Governo fez burrada como qualquer outro também faz, mas terem deixado o nomeado, a quem foram desafiar para uma tarefa importante, como o “mau da fita” que não pretendia fazer o que lhe competia, parece-me uma atitude própria de trapaceiros.
E como nada parecia decidir-se, apesar das afirmações do Presidente da República, das respostas mais ou menos simuladas do Primeiro Ministro e das fugas de Centeno à seringa que lhe picava o rabo, lá teve a AR que fazer a tal lei desnecessária que, naturalmente, incomodou quem culpa não teve das garantias que lhe deram e, por isso, apresentou a demissão.
Só quem não tivesse vergonha o não faria.
A lei apenas foi possível porque o BE votou com PSD e CDS, todos os demais votando contra, incluindo o PS, claro está.
Saiu a geringonça desasada deste episódio burlesco.
Já António Domingues, o “mau da fita”, tinha feito o seu trabalho e até Bruxelas aprovou o seu plano de financiamento da CGE.
É neste momento que, por sua iniciativa, desligado já das suas funções, o homem que, todos diziam, não queria que se soubesse o que tinha, apresenta a tal declaração que levantou tanta celeuma, a tão famosa declaração de património que tanto deu que falar e que alguém lhe terá dado garantias de não ter de apresentar!

sábado, 26 de novembro de 2016

FIDEL



Hoje o motivo de conversa é, sem dúvida, a morte de Fidel de Castro!
Ainda vivi o tempo em que Fulgêncio Baptista era o homem do poder em Cuba que, pelo que me apercebia, era o regabofe dos milionários americanos, o que não era, de todo, benéfico para o povo cubano.
Não era, decerto um tipo de vida e de regime louváveis e aos quais se pudesse augurar um futuro longo e feliz.
Vivi o tempo da revolução quando, a partir da Sierra Maestra, Fidel e os seus amigos, entre os quais Che Guevara, o verdadeiro revolucionário, partem para o derrube do regime, não compreendendo eu muito bem a atitude dos EUA que, se o desejassem, poriam um fim rápido ao devaneio de umas poucas dezenas de revolucionários que invadiu Cuba com um iate transformado em barco de assalto. Algo me deu a ideia de um concluio que, posteriormente, alguém quebrou.
Depois assisti à consolidação do regime, à dureza dos métodos utilizados e, tantas vezes, à brutalidade com que Fidel eliminou os seus opositores, à revolta e à fuga de muitos cubanos, bem como à inevitável submissão de outros que ficaram e passaram a levar a vida dura que, ainda hoje, é evidente a quem visita Cuba e se passeia pelas ruas de Havana.
Fidel juntou-se à União Soviética que quis fazer de Cuba a sua ponta avançada no confronto com os EUA e, para isso, ali pretendeu instalar mísseis nucleares do que resultou uma grave crise da qual poderia ter resultado uma guerra de dimensões inimagináveis, em cujo desenvolvimento Fidel não interveio, deixando que o confronto se dirimisse, apenas, entre Kennedy e Khrushvev, o que deixa evidente a que era, então, sua pequena influência no regime cubano.
Cuba não se tornou numa base avançada da URSS, tornou-se numa ilha isolada e carente, bloquedada pelos EUA, onde Fidel instalou uma ditadura sui generis, com procedimentos sociais que as ditaduras vulgares não valorizam e até poderia corresponder, de algum modo, a alguns dos princípios a que a vida no mundo terá de habituar-se em consequência do “embargo” que a Natureza já começa já a fazer-lhe.
Em todo o caso, não me parece que seja certo o caminho seguido por Fidel, pois a austeridade do novo modo de viver jamais poderá ser o baixo nível de vida de Cuba, mas aquele que os nossos já avançados conhecimentos nos podem proporcionar sem exceder as potencialidades naturais e sem conspurcar mais o mundo onde vivemos.
Fidel de Castro jamais me pareceu o homem capaz de mudar o mundo que, com ele, não passaria da monotonia dos seus longos discursos em que o tema jamais passou do mesmo, ainda que com inúmeras variações.
Em suma, jamais fui um admirador de Fidel.

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

QUANDO SE COSPE NA MÃO QUE NOS ALIMENTA…



Pese, embora, o reduzido interesse que esta minha campanha a favor da Terra e da vida humana possa despertar nos meus leitores, não me canso de insistir na necessidade já mais do que urgente para alterar o modo de viver que nos cria problemas cada vez mais difíceis de resolver.
Em finais da década de 60 do século passado, poucos anos depois de ter concluído o meu curso de engenharia que, naturalmente, me havia inspirado a noção de um crescimento económico fulgurante, fui confrontado com as questões graves que os poucos homens avisados de então começaram a colocar sobre questões da maior importância para a Humanidade. Fui um dos que essa campanha conseguiu sensibilizar.
Desde o Clube de Roma com o seu primeiro e célebre relatório sobre os limites do crescimento que apontava os resultados catastróficos do crescimento económico continuado, outros chamaram a tenção para os graves problemas que o mundo enfrentaria e propuseram o crescimento sustentável que constitui a base da “economia ecológica” que poderemos dizer que é aquela que se conforma com as características do meio em que vivemos em vez de exaurir, desnecessariamente, os recursos naturais e degradar o ambiente, tornando-o impróprio para a vida humana.
São diversas as consequências mais notadas da acção do Homem sobre a Natureza que permitiu a sua existência em condições ambientais que, degradadas, a tornarão mais difícil ou, até, impossível, tal com as alterações climáticas, a exaustão de recursos naturais (ver pegada ecológica), a cada vez mais intensa degradação ambiental, o cada vez mais elevado nível de toxicidade dos alimentos, etc.
Tenho seguido atentamente o que se passa, os esforços que alguns fazem para desacreditar os que chamam a atenção para os perigos que se aproximam, e tenho de prestar a maior homenagem a quem se dá ao cuidado de pensar no futuro da Humanidade em vez de se preocupar com o presente confuso a que chegou.
Felizmente, ouvi que Trump, o futuro presidente dos EUA, terá deixado cair a sua teoria conspiratória que o levaria a rasgar o recente Acordo de Paris, porque as evidências não se compadecem com teorias idiotas e irresponsáveis. Oxalá seja verdade.
São cada vez mais e mais preocupantes os avisos das Agências Ambientais por todo o Mundo, aos quais os políticos respondem com artifícios que os não afastam mas conseguem iludir por algum tempo, tornando, deste modo, mais grave a catástrofe inevitável que a Natureza causará em consequência dos desequilíbrios que lhe causaram.
A Comunicação Social noticia hoje que “O relatório sobre qualidade do ar da Agência Europeia do Ambiente (EEA, sigla em inglês) hoje divulgado, refere que, em 2013, a exposição a partículas finas PM2.5, a ozono e a dióxido de azoto originaram 6.640 mortes prematuras em Portugal.
A situação não é melhor, antes pelo contrário, no total da União Europeia onde, no total dos 28 Estados membros, o número de mortes atribuídos a poluentes atingiu 520.000 em 2013, entre os quais se destacam 73.400 na Alemanha e 66.630 na Itália.
O documento da Agência Europeia do Ambiente apresenta ainda dados de 2013 recolhidos nos Estados membros e analisa as concentrações de partículas inaláveis PM10 e PM2.5, ozono e dióxido de azoto, poluentes que podem causar problemas de saúde, cardíacos, respiratórios e cancro.

A análise efectuada mostra que, em 2014, cerca de 85% da população urbana da UE estava exposta a partículas finas em níveis que afectam a saúde, nomeadamente doenças cardiovasculares, asma e cancro do pulmão, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
A Agência Europeia do Ambiente foi criada em 1990, tem como parceiros todos os países da UE e mais a Noruega, a Islândia, o Liechtenstein, a Suíça e a Turquia.
Tem a sua sede em Copenahaga, Dinamarca.