O
tempo dos grandes jornalistas já passou.
Era
o tempo dos que faziam da sua profissão a arte quase insuperável dos que sabem
olhar as coisas, compreende-las, explica-las, esclarecê-las, para o que
precisavam de as analisar e estudar profundamente e, para além disso, o tempo
dos que possuíam uma independência de espírito tão forte que resistia a todas
as tentações para as quais os preconceitos cada vez mais fortemente convidam.
O
Jornalista tornou-se num quase espontâneo que diz a primeira coisa que lhe vem
à cabeça porque a rapidez se tornou prioritária à verdade, ou até distorce os
factos para que possa apresenta-los mais conformes com os preconceitos que não
consegue vencer ou com circunstâncias que não convém contrariar.
A
informação real está apenas naqueles textos das agências noticiosas que, tendo
o mérito de as não distorcer, as transformam num retrato sem alma, num texto
enfadonho de ler.
Compra-se
este jornal ou aquele porque é o que diz o que melhor nos soa, o que mais
gostamos de ouvir.
Não
é a verdade que procuramos mas sim alguém que pense como nós que, deste modo,
vemos a nossa “verdade” confirmada ou, mais do que isso, nos diga qual é a
verdade que devemos tomar como nossa, o que é frequente quando se trata de
política, ou melhor dizendo, de politiqueirice, já que de política de verdade
nada ou quase nada sabem.
Hoje
há poucos bons jornalistas, pois não há tempo a perder com a procura da verdade,
pois é mais importante entrar depressa nas duras lutas que se travam pelos
diversos poderes sempre em disputa, incluindo o seu próprio lugar.
O
jornalismo banalizou-se e desacreditou-se no memento em que, por razões
certamente comerciais, ou outras a que não sei bem como chamar, trocou a
verdade pela aparência e nem sequer se coíbe de entrar pela mentira se tal, por
qualquer razão, convier. O que nem sempre sabe fazer pois nem argumentos razoáveis
consegue para defender as aparências que se esforça por tornar verdades.
Por
isso aqui presto homenagem aos que, apesar de tudo e até recusando benesses que
outra atitude lhes poderia trazer, continuam a fazer da sua profissão de
jornalista aquela que eu, um dia, cheguei a desejar ter.
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