ACORDO ORTOGRÁFICO

O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

JORNALISTAS DEPENDENTES E INDEPENDENTES



O tempo dos grandes jornalistas já passou.
Era o tempo dos que faziam da sua profissão a arte quase insuperável dos que sabem olhar as coisas, compreende-las, explica-las, esclarecê-las, para o que precisavam de as analisar e estudar profundamente e, para além disso, o tempo dos que possuíam uma independência de espírito tão forte que resistia a todas as tentações para as quais os preconceitos cada vez mais fortemente convidam.
O Jornalista tornou-se num quase espontâneo que diz a primeira coisa que lhe vem à cabeça porque a rapidez se tornou prioritária à verdade, ou até distorce os factos para que possa apresenta-los mais conformes com os preconceitos que não consegue vencer ou com circunstâncias que não convém contrariar.
A informação real está apenas naqueles textos das agências noticiosas que, tendo o mérito de as não distorcer, as transformam num retrato sem alma, num texto enfadonho de ler.
Compra-se este jornal ou aquele porque é o que diz o que melhor nos soa, o que mais gostamos de ouvir.
Não é a verdade que procuramos mas sim alguém que pense como nós que, deste modo, vemos a nossa “verdade” confirmada ou, mais do que isso, nos diga qual é a verdade que devemos tomar como nossa, o que é frequente quando se trata de política, ou melhor dizendo, de politiqueirice, já que de política de verdade nada ou quase nada sabem.
Hoje há poucos bons jornalistas, pois não há tempo a perder com a procura da verdade, pois é mais importante entrar depressa nas duras lutas que se travam pelos diversos poderes sempre em disputa, incluindo o seu próprio lugar.
O jornalismo banalizou-se e desacreditou-se no memento em que, por razões certamente comerciais, ou outras a que não sei bem como chamar, trocou a verdade pela aparência e nem sequer se coíbe de entrar pela mentira se tal, por qualquer razão, convier. O que nem sempre sabe fazer pois nem argumentos razoáveis consegue para defender as aparências que se esforça por tornar verdades.
Por isso aqui presto homenagem aos que, apesar de tudo e até recusando benesses que outra atitude lhes poderia trazer, continuam a fazer da sua profissão de jornalista aquela que eu, um dia, cheguei a desejar ter.

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