Depois
de ter visto o ministro das finanças deliberadamente não responder às perguntas
se tinha ou não um compromisso com o Administrador da CGD que escolhera para
que não apresentasse a declaração de património a que os gestores públicos são
obrigados, seguiu-se um salsifré desusado acerca do assunto, no qual entrou
toda a gente, até ter um fim com uma lei da Assembleia da República a
declarar que os gestores da Caixa são gestores públicos.
E
o que fica na ideia de quem pensa no assunto é que houve tramóia num caso tão
simples como o da nomeação de um gestor, e uma série de atitudes que acabaram
por deixar o nomeado mal visto. O que tantas vezes acontece quando se pretende
sacudir a água do capote de alguém.
Afinal,
fora dispensado da declaração de património ou seria ele quem a não queria
fazer?
O
Governo fez burrada como qualquer outro também faz, mas terem deixado o
nomeado, a quem foram desafiar para uma tarefa importante, como o “mau da fita”
que não pretendia fazer o que lhe competia, parece-me uma atitude própria de
trapaceiros.
E
como nada parecia decidir-se, apesar das afirmações do Presidente da República,
das respostas mais ou menos simuladas do Primeiro Ministro e das fugas de
Centeno à seringa que lhe picava o rabo, lá teve a AR que fazer a tal lei
desnecessária que, naturalmente, incomodou quem culpa não teve das garantias
que lhe deram e, por isso, apresentou a demissão.
Só
quem não tivesse vergonha o não faria.
A
lei apenas foi possível porque o BE votou com PSD e CDS, todos os demais
votando contra, incluindo o PS, claro está.
Saiu
a geringonça desasada deste episódio burlesco.
Já
António Domingues, o “mau da fita”, tinha feito o seu trabalho e até Bruxelas
aprovou o seu plano de financiamento da CGE.
É
neste momento que, por sua iniciativa, desligado já das suas funções, o homem que, todos diziam,
não queria que se soubesse o que tinha, apresenta a tal declaração que levantou
tanta celeuma, a tão famosa declaração de património que tanto deu que falar e
que alguém lhe terá dado garantias de não ter de apresentar!
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