Apreciei
ontem, na Assembleia da República, uma demonstração perfeita do que são as
artes da política.
Para
além da arte de fazer parecer que é o
que conviria que fosse, também é a arte
de esconder a verdade quando o seu conhecimento não convém.
Há
quem o faça com particular habilidade, o que não me pareceu ser o caso de
Centeno que nem conseguiu disfarçar que não queria responder à pergunta simples
que lhe era feita, se tinha ou não garantido aos novos gestores da Caixa Geral
de Depósitos que estavam dispensados de deveres que a lei impõe aos gestores
públicos.
A
uma resposta que seria de sim ou não simplesmente, Centeno nem com “nim” foi
capaz de responder, preferindo desviar totalmente a conversa, o que,
obviamente, permite pensar que a resposta certa seria o sim. Obviamente!
Não
esclarecendo este assunto que a tanta polémica tem dado lugar, Centeno e o
Governo deixam mal vistos os gestores convidados com garantias que agora publicamente
não assumem, de tal resultando, ao que parece injustamente, que sobre eles
recaia o ónus de se não disporem a respeitar obrigações que a lei impõe.
Além de Centeno, nem o Primeiro Ministro nem outro governante qualquer dá a resposta que todos temos o direito de conhecer.
Além de Centeno, nem o Primeiro Ministro nem outro governante qualquer dá a resposta que todos temos o direito de conhecer.
E,
assim, este se tornou em mais um daqueles assuntos crónicos das tertúlias
televisivas diárias onde, repetidamente, se ouve a mesma coisa de todas as
vezes, uma prova óbvia de falta de assuntos e de qualidade para os tratar.
Será
da crise, certamente.
E relembrando,
da política, mais um dos múltiplos atributos que tem, a arte de empurrar com a barriga os assuntos que não consegue ou lhe
não convém resolver, lá ficou para o próximo ano a recapitalização dos
danos que outros gestores lhe causaram e a Justiça põe em liberdade para que
gozem em paz os proveitos que tiveram. Por isso, todos os iremos pagar.
Na
política há, pois, dois tipos de problemas, os que não resolve e os que o tempo
resolve seja lá de que modo for.
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