ACORDO ORTOGRÁFICO

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sábado, 19 de novembro de 2016

AS ARTES DA POLÍTICA



Apreciei ontem, na Assembleia da República, uma demonstração perfeita do que são as artes da política.
Para além da arte de fazer parecer que é o que conviria que fosse, também é a arte de esconder a verdade quando o seu conhecimento não convém.
Há quem o faça com particular habilidade, o que não me pareceu ser o caso de Centeno que nem conseguiu disfarçar que não queria responder à pergunta simples que lhe era feita, se tinha ou não garantido aos novos gestores da Caixa Geral de Depósitos que estavam dispensados de deveres que a lei impõe aos gestores públicos.
A uma resposta que seria de sim ou não simplesmente, Centeno nem com “nim” foi capaz de responder, preferindo desviar totalmente a conversa, o que, obviamente, permite pensar que a resposta certa seria o sim. Obviamente!
Não esclarecendo este assunto que a tanta polémica tem dado lugar, Centeno e o Governo deixam mal vistos os gestores convidados com garantias que agora publicamente não assumem, de tal resultando, ao que parece injustamente, que sobre eles recaia o ónus de se não disporem a respeitar obrigações que a lei impõe.
Além de Centeno, nem o Primeiro Ministro nem outro governante qualquer dá a resposta que todos temos o direito de conhecer.
E, assim, este se tornou em mais um daqueles assuntos crónicos das tertúlias televisivas diárias onde, repetidamente, se ouve a mesma coisa de todas as vezes, uma prova óbvia de falta de assuntos e de qualidade para os tratar.
Será da crise, certamente.
E relembrando, da política, mais um dos múltiplos atributos que tem, a arte de empurrar com a barriga os assuntos que não consegue ou lhe não convém resolver, lá ficou para o próximo ano a recapitalização dos danos que outros gestores lhe causaram e a Justiça põe em liberdade para que gozem em paz os proveitos que tiveram. Por isso, todos os iremos pagar.
Na política há, pois, dois tipos de problemas, os que não resolve e os que o tempo resolve seja lá de que modo for.

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