ACORDO ORTOGRÁFICO

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quinta-feira, 3 de novembro de 2016

A TRAGÉDIA HUMANA



Tendo em vista a 22ª Reunião anual do clima que vai ter lugar em Marraquexe a partir da próxima Segunda-Feira e tem por objectivo definir disposições importantes para que seja aplicado o recente “Acordo de Paris”, a ONU alerta para a necessidade de atitudes urgentes e radicais que evitem uma “tragédia Humana”.
Depois de muitos anos de descuidos, de contradições intencionais e, até, de argumentos supostamente científicos de que a acumulação dos gases com efeitos de estufa na atmosfera era tão insignificante que não poderia ser a causa de quaisquer efeitos de elevação significativa da temperatura, são cada vez maiores as evidências de que a actividade económica humana tem consequências que podem por em risco a própria Humanidade.
É o tão desejado “crescimento económico”, com base no qual todos os orçamentos se fazem, que não é apenas causa das alterações climáticas que põem em causa a espécie humana porque também afecta o Ambiente de modo a torna-lo cada vez menos adequado às suas necessidades de vida.
No seu mais recente relatório o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), revela-se alarmado com o aumento continuado das emissões de Gases com Efeito de Estufa (GEE), que, apesar de todas as decisões já tomadas, sempre são contrariadas por interesses económicos muito fortes e não creio que até as já mais do que evidentes possibilidades de uma tragédia humana consigam dominar.
Diz o relatório que os esforços feitos se revelam insuficientes para que seja alcançado o objectivo de um aumento não superior a 2ºC em relação aos valores médios da temperatura na era pré-industrial.
Ao ritmo dos acréscimos da temperatura média global que se registam, o mundo caminha para valores bem superiores no final deste século, superiores a 3ºC, a que corresponderão impactes difíceis de suportar.
Efeitos graves se verificam já no acréscimo acelerado da desertificação de vastas áreas, o que tem e terá por consequência deslocações maciças de povos que, para além das guerras que os obrigam a fugir, procurarão a sobrevivência em outros locais.
O PNUMA realça o papel das cidades, das empresas, da agricultura, dos transportes e de cada um de nós no movimento determinante de uma mudança radical no modo de viver para que a tragédia temida não aconteça.
Porém, não vejo nas atitudes nem no discurso dos políticos, por uma vez que seja e fora das “cimeiras” onde todos são hipócritas, qualquer motivo para ter esperança de que mude um trajecto que se encontra cada vez mais próximo do ponto de não retorno se, porventura, o não alcançou já!
Como exemplo cito o caso do OE português em que tudo apela ao crescimento económico como única saída para o buraco em que nos encontramos.
Não haverá aqui alguma contradição?
Na perspectiva do egoísmo humano não há, porque enquanto os mais ricos não estão dispostos a perder a hegemonia que esta situação lhes dá, os que pretendem enriquecer não estão dispostos a abdicar do seu direito de serem ricos também!

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