ACORDO ORTOGRÁFICO

O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.

terça-feira, 29 de setembro de 2015

COMO SE GANHAM ELEIÇÕES, COM A VERDADE OU COM O QUE SE CONSIGA FAZER QUE O PAREÇA?


Os investigadores da vírgula que por ai pululam em busca de notoriedade, passam o tempo a bisbilhotar o passado na esperança de encontrar factos ou mexericos de que António Costa possa tirar partido nesta batalha campal que, parece, lhe não está a correr muito a jeito. E quando tal acontece, ajeitam as coisas como melhor convém para ser “furo”, sem respeito pela honestidade que qualquer investigação merece.
Estas coisas também dão muito jeito aos humoristas de meia tijela que envolvem em graças bacocas as tristes imitações que fazem de outros que, pela sua qualidade, merecem respeito.
Em Portugal parece ponto assente que os problemas se resolvem mudando o governo e não fazendo as coisas bem, tal como as circunstâncias sugerem que se faça.
Desta vez foi algo relacionado com o BPN, aquele “negócio da China” com que as finanças de Sócrates mais enterraram uma economia já de rastos, nacionalizando um enorme buraco!
Dizem que a ministra das finanças de Passos Coelho, então apenas Secretária de Estado, terá pedido à Parvalorem para ocultar prejuízos daquela infeliz decisão de modo a aliviar as contas do défice de 2012.
De tal terá resultado um ajustamento de pouco mais de 100 milhões, um quase infinitésimo perante os milhares de milhões com que se fazem as contas da crise.
Mesmo esclarecida a questão que não passou de pedidos de informação, de esclarecimentos e de correcções normais entre duas entidades e da informação da Parvalorem, entidade independente, sobre a normalidade de tudo quanto se passou, António Costa não perdeu a oportunidade para falar em truques do governo, neste caso e sabe-se lá em quantos mais e, até, tirar partido de um acontecimento em foco para dizer que as contas de Maria Luis Albuquerque são tão fiáveis quanto os gazes de escape da Volkswagen!
Inacreditável e inaceitável que tais coisas aconteçam de um jeito que mais não é do que o abandalhamento do nível da discussão eleitoral que nem o desespero de um falhanço anunciado deveria motivar.
A quem tem a responsabilidade de esclarecer o eleitorado com a verdade da situação do que se passa no país, não ficam bem os dislates que se sucedem nas declarações de Costa, o homem que ainda não encontrou o rumo da mensagem que quer transmitir.
E fico sem saber se as eleições se ganham com a verdade ou com o que se consiga fazer que o pareça.
Aliás, é isto a política que levou Portugal pelas ruas da amargura.

  

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

ÁGUA MOLE EM PEDRA DURA…


Todos sabemos como se fez a Espanha, com Castela, o maior dos reinos Ibéricos, a dominar todos os demais desta Península do Oeste europeu, com a excepção de Portugal que, com muita determinação, o não consentiu.
Castela a todos impôs os seus interesses, a sua língua e a sua própria História, tentando eliminar tudo o que fizesse lembrar a realidade cultural e a personalidade dos povos que dominou.
Passaram séculos e se alguns quase perderam o conhecimento de si próprios, outros tudo fizeram para o conservar, por mais que nos manuais de História fosse dissimulado e o seu próprio modo de falar fosse proibido de ensinar enquanto o poder absoluto dominou.
Conheço quase todas as regiões de Espanha e sei bem onde o domínio mais se fez sentir.
Na Galiza não consegui ser entendido quando falava a língua que Portugal herdou do Reino de Leão, mas no País Basco e na Catalunha só os castelhanos não falavam a língua própria dos reinos dominados.
Curioso é, mesmo, o que me aconteceu na minha primeira visita às terras do antigo Reino de Aragão, em tempos tão distantes como os anos oitenta do século que passou.
No final do primeiro dia daquelas férias em Tossa de Mar, cheguei à sala de jantar, para a primeira refeição em terras da Catalunha.
Estranhei e desagradou-me não ver, entre os diversas símbolos nacionais europeus que ornamentavam as mesas, a bandeira de Portugal.
Tive de escolher uma mesa, mas logo pedi para retirarem a bandeira que não era a minha.
Prestável, de imediato e sem nada dizer, o funcionário trocou a bandeira britânica que ali estava por outra, desta vez a italiana que, naturalmente, recusei também.
Já um tanto confuso, o funcionário escolheu, desta vez, a bandeira francesa e mais confuso ainda ficou quando lhe fiz saber que, mais uma vez não tinha acertado.
Delicadamente, perguntou-me qual era a minha nacionalidade. Ao dizer-lhe que era português, abriu muito os olhos e, entre sorridente e embaraçado, disse-me não a ter porque não costumavam aparecer portugueses por ali. E continuou dizendo quanto o lamentava porque, frisou bem, até somos aliados.
O que lhe pareceu ser o meu espanto pelo que disse, levou-o a explicar-me que “enquanto os portugueses batiam nos castelhanos, os catalães descansavam”.
E continuou a recordar-me uma Raínha de Portugal que, por certo, eu bem conhecia, nascera ali bem perto.
Falou-me da Raínha Santa Isabel e do milagre das rosas que conhecia muito bem, lamentando não ter tido a Catalunha o mesmo destino de Portugal.
Por isso, há muito que entendo bem o que sentem os catalães na luta que travam pela independência.
Desde há muito tempo.
E água mole em pedra dura…


O QUE É O VOTO ÚTIL?

Quando não haja argumentos sérios para convencer e, até, as mentiras já não bastam, apela-se ao voto útil.
É o acto final de qualquer candidatura falhada.  Um acto de desespero.
Entre nós, parece-me ser esse o voto de uma percentagem elevada de eleitores, o voto dos que, a uma semana de manifestar a sua vontade nas urnas, ainda não têm uma razão própria porque, na verdade, ainda não têm, sequer, uma razão para a ter.
Fartos, por certo, da vida dura que a realidade impõe, esperam que alguém os convença da bondade imensa da vida boa que uma utopia qualquer lhes prometa.
É destes que sairá o tal voto útil de quem vota por votar, mesmo que não saiba por que vota!
Só não consigo entender por que votam!
Estão, por certo, baralhados pelo ruído imenso que fazem os que querem dispor do seu voto, não porque lhes apresentem razões claras e seguras de ser, o que propõem, o caminho certo para um melhor Portugal mas, tão só, porque esse é o caminho para alcançarem o poder com o qual, depois, não creio que saibam bem o que fazer. Porque nem no tempo das vacas gordas alguma vez souberam!
Menos o saberão, agora, que o tempo é de vacas magras, ainda não suficiente nutridas para poderem dar o leite que prometem distribuir por toda a gente.
Mas há gente capaz de tudo, até de se aproveitar da desinformação que propalam para fazer dos “mal informados” os seus eleitores, aqueles que, como é costume e dentro de pouco tempo, exigirão nova mudança porque, antes mais cedo do que mais tarde, se darão conta de terem sido enganados com promessas que jamais serão cumpridas.
Não sei o que pensar de um país onde as mais sórdidas mentiras são anunciadas com a pompa que as faz parecer grandes verdades que os ingénuos simplesmente engolem, de um país onde quem mente mostra não ter respeito pelos desinformados que criou e o escutam. Porém, na realidade, não têm é respeito por si próprios que passeiam por todo o país o despudor da vigarice intelectual e da sua falta de decoro que, esperam, lhes dará os votos de que necessitam para subir ao poleiro que almejam e de onde, depois, não mais escutaremos do que o débil có-có-ró-có dos fracos galos que são!
Aumentam os insultos dos que outras razões não têm.
Mas como os insultos não são razões, porque não passam de ser a falta delas, bem corre Portugal o risco de repetir, decerto por uma última vez, o caminho estúpido dos disparates que já tanto mal lhe fizeram porque, como diz o velho ditado, quem torto nasce, tarde ou nunca se endireita!

terça-feira, 22 de setembro de 2015

A ESCOLHA

Parece-me estranho que num país com sérias dificuldades e, mais do que isso, muito dependente do que aconteça por esse mundo fora que, parece que definitivamente, perdeu a pujança daqueles tempos em que tudo parecia possível, as querelas políticas continuem a sobrepor-se ao interesse nacional que entendimentos e cooperações de que resultem atitudes e políticas concertadas para enfrentar os graves problemas que o futuro ameaça trazer, decerto defenderiam.
É hoje mais do que evidente que a maioria dos políticos perdeu a noção da realidade e, por isso, mantém a atitude sobranceira e isolacionista de quem se sente o único capaz, de quem vê nos demais os inimigos que é preciso derrotar, os incapazes que não conseguem governar, os incompetentes que é preciso castigar.
Este entendimento das coisas que é, já por si, mau demais, dá lugar a procedimentos ainda piores porque substituem a razão por preconceitos, o confronto de ideias por insultos e a discussão séria dos problemas por desinformação que, em vez de esclarecer, confunde os eleitores.
De nada adianta a negação das razões que ditaram a austeridade a que as circunstâncias nos obrigaram e, muito menos, a perversão de culpas pela realidade que a tal nos levou.
Os gráficos adulterados não alterarão a realidade que vivemos e as promessas que se façam para conquistar simpatias jamais eliminarão os condicionamentos fortes e bem conhecidos que as circunstâncias colocam à sua concretização.
De nada adiantam as "contas" que se façam sem saber do que nem o mal que se diga de quem se quer derrotar porque o que mais conta é a realidade que sempre supera a demagogia e a competência própria que importa mais do que o mal que de outros se possa dizer.
Por isso, por mais que nos seduzam as promessas de recuperar rapidamente o que as consequências de desgovernos nos fizeram perder, não nos pode abandonar a sensatez de pensar que, em tempo de vacas magras, o futuro se não garante com excessos mas com moderação, o bom viver não se faz com os gastos sumptuários a que a sobrevivência de uma economia falida obriga, mas com a satisfação das necessidades que uma vida digna requer.
Cada vez mais é necessário bom senso nas escolhas que fazemos, para evitar as desilusões que, por certo, as precipitações acabarão por nos trazer.
Na escolha que fizermos não se devem esquecer os cuidados a que a recuperação de uma situação complicada sempre obriga, sob pena de uma complicada recaída que pode causar grandes danos.


sábado, 19 de setembro de 2015

SAÍMOS OU NÃO DO "LIXO"?


Goste-se ou não das agências de "rating" cujas notações influenciam os mercados e, deste modo, o preço que pagaremos pelo dinheiro que nos emprestem e a intenção de investir em Portugal, delas depende, bastante, o nosso futuro próximo nesta caminhada que, felizmente, começa a ser menos penosa para sair do "lixo" em que, desde 2011, a nossa economia se tornou.
As intenções da Standard & Poors ao melhorar recentemente a pontuação que atribui ao nosso país parecem bastante claras. Colocou Portugal na porta de saída do “lixo” em que se encontra há muito tempo e considera deixá-lo sair de lá se a próxima governação se não desviar das políticas seguidas até agora porque, se tal acontecer, poderá cortar, de novo, a pontuação.
A S&P justifica a subida de pontuação que acaba de fazer ao facto de “a recuperação económica e a consolidação orçamental continuarem em linha com as expectativas, colocando o peso da dívida pública líquida no PIB numa direcção descendente depois de 15 anos consecutivos de subidas”.
A S&P prevê, mesmo, que Portugal registe, este ano, uma taxa de crescimento do PIB de 1,7%, superior aos 1,6% esperados pelo Governo.
Quanto ao défice para este ano, a S&P espera que seja de 3%, um pouco superior ao esperado pelo Governo que, apesar de tudo, mantém a sua perspectiva de 2,7%, assim como espera que a dívida pública se situe já em cerca de 115% em 2018.
Numa economia global que, inapelavelmente, influencia as economias nacionais, o isolacionismo não é possível sem consequências nefastas, pelo que a conta em que nos tenham as demais economias e as “agências” que as avaliam é, queiramos ou não, muito importante.
Tentar escapar a esta ordem é correr riscos que, como se viu na Grécia, podem conduzir a situações demasiadamente penosas.
Estas são umas quantas mais razões para reflectir sobre o modo como votar no próximo dia 4 de Outubro, nas que talvez sejam as mais importantes eleições depois das que determinaram o 1º Governo Constitucional, em 1976.


sexta-feira, 18 de setembro de 2015

O ATOLEIRO


Por enquanto, tudo me leva a pensar que será Costa o próximo primeiro-ministro deste país mal ataviado.
Se, como é natural que aconteça porque assim as previsões o fazem crer, nenhum dos concorrentes alcance a maioria absoluta, ainda que fosse Passos Coelho o vencedor será Costa a conseguir um programa de governo aprovado numa Assembleia que jamais aprovará o que a actual maioria possa apresentar. Tenho isto por mais do que certo!
Assim, tudo me faz temer, mais uma vez na minha vida, as imprevidências socialistas que nunca avaliam bem o que haja para socializar nem fazem bem as contas que sejam de fazer neste mundo quase falido pelos disparates do único ser capaz de pensar para além da satisfação das suas necessidades essenciais e se recusa às dores de as garantir.
Parece que este socialismo se faz com o que cai do céu.
É curioso que seja o partido que se diz socialista e, supostamente, o mais preocupado com o bem-estar social, aquele que mais exagera nas extravagâncias de dar o que não há bastante para dar a todos e de gastar para além do que as potencialidades naturais possam garantir.
Pelo programa com que, dizem, vão tirar Portugal da austeridade que a própria Natureza e as circunstâncias lhe impõem, temo o que é o mais provável com o partido socialista acontecer, o desequilíbrio total das contas a muito curto prazo.
Por isso tenho pena que este “socialismo” do PS não tenha ficado para sempre na gaveta onde Soares o meteu quando teve de sarar a feridas que causou e de recuperar as finanças que faliu.
Não aprendeu o partido socialista com os erros que cometeu porque os repete, o que não é a prova mais clara da inteligência que seja de exigir a quem se propõe governar.
Nem me parece que tenha aprendido o povo que de tamanhos disparates foi o grande sofredor porque por diversas vezes já o escolheu.
Como sempre, abro a minha excepção a António Guterres que, a tempo, conseguiu ver o “atoleiro” em que este socialismo mete o país. Mas não o sanou, fugiu dele para bem longe!


DO MAL, O MENOS


Vai longa esta campanha eleitoral que, de facto, oficialmente ainda nem começou mas já me faz sentir desconfortável pelas perspectivas de futuro que, aquilo de que me dou conta, me revela.
A menos a descoberta arqueológica de ter sido o PSD a solicitar a vinda da Troika, coisa até agora desconhecida, não vejo em Costa outros méritos para além deste que revelou de investigador exótico do passado, o que não é, de todo, a qualidade que mais se aprecia em quem tenha de gerir o presente e preparar o futuro de um país que, inevitavelmente, deve levar mais em conta a conjuntura mundial conturbada e pouco tranquilizadora que, a cada dia, mais se afirma duradoura, do que tomar iniciativas que a ignorem.
E não a leva em conta. Antes totalmente a ignora no “programa” que propõe à conta de umas contas que, bem analisadas, para nada contam.
Por sua vez, em Passos Coelho não consigo ver o líder determinado de que carece um país que tem de procurar, em si mesmo, as forças e os meios que lhe garantam segurança satisfatória num futuro que será diferente dos “tempos passados” que uma abundância, agora depredada, consentiu.
Não vai além da prudência razoável que as circunstâncias recomendam o que, na tradicional perspectiva de “do mal, o menos”, é preferível aos riscos a que o aventureirismo de Costa nos expõe.
Faltam-lhe a alma e o carisma do líder arrebatador, capaz de mobilizar um povo do qual uma desusada mescla de acomodados e de revoltados, todos com insignificante auto-estima, não deixa esperar iniciativas que salvaguardem o país. Um pequeno país, ao qual, reza a História, grandes líderes arrebataram ao ponto de o agigantar.
Nos demais que nada me faz crer que contem para além de fazer número, mais não vejo do que a estultícia dos que pretendem viver num mundo que não existe, de adoptar um modo de viver inadequado aos que o viveriam, de tentar consertar males atávicos que apenas um longo processo educativo repararia e sem considerar, tal como os demais, as duras realidades do mundo em que vivemos.
Enfim, parece ser a fantasia quem mais reina!
Onde está o líder de que agora tanto necessitaríamos para conduzir esta pequena caravela que, uma vez mais, vai ter de enfrentar o Cabo das Tormentas?
Nos que disputam o poder? Nos que vivem para o criticar?
Não me parece.
Mas já que tenho de escolher entre os que existam, então será, de entre todos, o que me pareça menos mau.


quinta-feira, 17 de setembro de 2015

A GRANDE MENTIRA


É em tempos de campanha eleitoral que melhor nos podemos dar conta do que, na realidade, a política é.
A maioria das coisas que oiço dizer causam-me arrepios profundos e, sobretudo, deixam-me preocupado pelas enormidades que muitos dos que deveriam ser os melhores do país, os mais capazes para cuidarem dos destinos da nossa sociedade nestes tempos difíceis que se vivem, se atrevem a dizer como verdades em que devemos acreditar.
Verdades que não resistem a uma análise simples mas sensata da realidade que vivemos mas que, apesar disso, serão aquelas em que muita gente, a maioria dos eleitores, acreditará para tomar a decisão de votar neste ou naquele para lhe entregar o que crê ser a sua quota de poder.
E eu fico a pensar no poder que um povo iludido possa ter quando toma decisões sem estar certo das razões por que o faz, por serem razões que se não baseiam na realidade mas no modo como ela lhe é apresentada, porque não faz um esforço para a procurar ou não tem meios para o fazer. Ficam, por isso, apenas enredados nas mentiras de que os convencem, de tal modo que nem tiram qualquer proveito do muito do que realidades já vividas lhes poderiam ensinar. Esquecem o passado e apenas se deixam deslumbrar pelo milho fácil, aquele que alimenta os pardais.
Mas, infelizmente, já não são, apenas os políticos a fazer o papel de “aldrabões de feira” ou de “ilusionistas de circo” nesta alturas em que, não adianta nega-lo, não é o bem-estar do povo o que mais conta porque, porventura, até nem conta nada para os que apenas olham apenas os seus interesses ou as benesses que este ou aquele vencedor lhe possa proporcionar ao reconhecer o mérito das suas contribuições.
Muitos jornalistas aderiram à mentira global e, no oportunismo a que a concorrência incita, fazem um trabalho de jornalismo manhoso onde é mais importante ser rápido do que reflectido, resulta melhor efabular as coisas do que esclarecer a realidade.
Não vejo por onde andam os grandes jornalistas que se preocupavam com a verdade e, por isso, faziam da leitura do jornal um prazer e uma oportunidade de aprender.
O tempo que perdem a distorcer o óbvio, a autêntica verdade ou até factos dos quais qualquer um de nós se pode aperceber.
Será que neste momento tão importante para o futuro, a grande mentira, uma vez mais, passa a perna à verdade?


quarta-feira, 16 de setembro de 2015

NÃO HÁ BELA SEM SENÃO!


Tenho ouvido falar muito de barragens, sobretudo dos seus malefícios diversos, a par da sua reduzida contribuição para a produção de energia.
Aliás, são bem sonantes os protestos que alguns deliberadamente alimentam quando a construção de uma barragem é decidida. Seja por isto ou por aquilo, a construção da barragem é um atentado que não deve ser consentido!
Jamais oiço referir as enormes vantagens que as barragens também proporcionam, como as que resultam da regularização que fazem dos caudais muito variáveis que correm pelos vales.
Contestam-nas os que tudo querem sem dar nada em troca. Certamente, as barragens têm impactes de diversos tipos, como a alteração da paisagem e a destruição de infra-estruturas existentes, por exemplo. Mas trazem vantagens preciosas como as que, entre outras, estas chuvadas intensas que caíram nos revelam porque se teriam quase inteiramente perdido e delas nada mais restaria do que os prejuízos e incómodos que causaram se as barragens existentes as não encaixassem nas suas reservas de capacidade que a seca intensa gerou.
Será no balanço entre as vantagens e as desvantagens que a decisão de construir ou não se deverá fazer.
As chuvadas muito intensas pouco mais geram do que forte escoamento superficial, sendo reduzida a infiltração que constituiria preciosas reservas subterrâneas. Daí a importância da sua retenção em barragens de fins múltiplos que permitem a sua posterior utilização, além de evitarem ou amenizarem os efeitos das inundações que as cheias sempre causam.
No Alentejo, onde a seca mais se fez sentir, é clara a diferença entre as culturas que puderam beneficiar da reserva de água criada pela Barragem do Alqueva, um projecto muito controverso durante muito tempo mas cujos benefícios as circunstâncias agora revelam, e as que, sem água, se perderam quase totalmente ou terão menor qualidade.
Nada do que se faça tem apenas as vantagens que todos desejaríamos sem, em troca, perder nada.
Mas, como o povo sabiamente diz, não há bela sem senão!
Dito que os que constantemente reclamam não tiveram tempo de aprender.


A DESCOBERTA HISTÓRICA DE COSTA


António Costa, no frente-a-frente com Passos Coelho em que, sem responder às questões dos jornalistas, se limitou a debitar um discurso pré-preparado, tipo cassete, revelou ao mundo que, afinal, quem mandou vir a Troika foi o PSD!
Mas eu lembro-me bem daquela altura da governação de Sócrates, quando a agora “costista” Manuela Ferreira Leite quase perdia a voz de tanto dizer que o despesismo com obras megalómanas nos estava a meter num buraco sem fundo, o Ministro das Finanças desesperava mas até se ia conformando com juros de 7% (!) que, dizia, ainda não tornariam a dívida impagável, a Banca portuguesa não aguentava já mais tanta dívida que lhe era impingida, Mário Soares insistia, publicamente, para que Sócrates pedisse o resgate e, finalmente, a contragosto e dizendo uma frase patética que não pára de soar aos meus ouvidos, “por que fizeram isto ao país?”, o Primeiro-Ministro socialista decidiu-se a chamar a Troika!
Isto foi, como todos sabem, o que se passou.
Mas as coisas nunca são apenas o que se diz e, por isso, há pormenores que, mesmo sem serem necessários para contar a história, não deixam de ter a sua importância.
É natural que a hipótese de, em eleições já próximas, o PSD poder vir a ser o vencedor, desse a sua opinião sobre a intervenção que Sócrates pedira ou insistia em não pedir. Por sua iniciativa ou porque lhe fora solicitada.
E, perante a situação do país que não teria dinheiro para as despesas de mais de uma ou duas semanas, que haveria de dizer de uma inevitabilidade?
Dizer que não, seria um disparate sem sentido e dizer que sim seria, apenas, admitir a fatalidade a que diversas governações desregradas nos conduziram.
Pois acho notável, verdadeiramente digno de um grande historiador, que numa simples opinião, formal ou informal, Costa tenha visto uma decisão ou, melhor dizendo, a decisão de mandar vir a Troika!


segunda-feira, 14 de setembro de 2015

MAUS HÁBITOS QUE ACABAM EM DOR DE CABEÇA


Um artigo de Vasco Pulido Valente que li no Expresso e cuja leitura vivamente recomendo (coloquei-o na minha página do FB), fez-me lembrar a ideia que há décadas também tenho da "doença" de que sofre Portugal que nunca se habituou a viver de si próprio, aproveitando e valorizando os seus recursos para poder viver deles.
Foi isso que tivemos de aprender a fazer ao longo dos últimos quatro anos com resultados que começam a dar frutos mas que, pelo trabalho que dá, pelo esforço que exige não agrada aos que entendem o "socialismo" como o direito de viver à custa de outros que, como a realidade bem mostrou, se cansaram de nos sustentar.
É por isso que corremos o risco de, muito em breve, voltarmos àquela condição de "resgatados" que, como a História regista, se segue às governações socialistas.
Planear o futuro que cumpre ao Governo acautelar, tendo em conta todos os factores que o podem influenciar, sem perder de vista o que se passa no mundo e as suas repercussões na nossa vida, é cuidado que, infelizmente, não descortino naquilo a que António Costa chama o “programa de governo do PS” onde a ideia é refazer o "paraíso" leviano sobre os destroços do esforço louvável dos que recuperaram a confiança em Portugal.
Depois de regularizadas as finanças e reposta a confiança que permite o crédito dos “mercados” aos quais, regularmente, qualquer governo tem de recorrer, é o momento de rentabilizar o país, valorizar todos os seus recursos e de acabar, definitivamente, com as benesses a troco de coisa nenhuma porque para a solidariedade devem todos contribuir com o muito ou o pouco que tenham. A solidariedade não se faz num sentido só.
Não devemos regressar aos gastos faraónicos que, pelos vistos, fizeram rica tanta gente que conta por milhões o que, se o tivessem em tostões, evitaria a fome a muita gente.
Não percebo qual é o paraíso que o PS pensa construir no meio deste mundo cheio de gravíssimos problemas, onde os sucessos de ontem são as derrocadas de hoje porque não adianta remar contra a forte maré das realidades a que toda a ganância conduziu.
O modo de viver tem de ser modificado. Reinventado até, porque este já destruiu quase tudo.
Por que será que não oiço discutir essas importantíssimas questões na “campanha eleitoral” e, muito menos, considera-las nos efeitos das propostas que fazem?
Quando muito, compreendo as propostas de contenção que, infelizmente, não creio serem as que entusiasmam muita gente que faz das "conquistas da revolução" e dos "direitos constitucionais" a sua maior fonte de rendimento.
Por que será que a já indisfarçável realidade do fim da abastança não preocupa os eleitores portugueses?
Por qual razão, como os cataventos, se viram, ora para um lado ora para o outro, como num autêntico leilão de quem dá mais, e colocam na simples mudança a esperança de alcançar o que apenas o "maldito" trabalho pode dar?
Por comodismo? Decerto!
É por isso que creio que, desta vez, o pedido de resgate chegará ao fim de menos de dois anos.


sábado, 12 de setembro de 2015

ENTRE A APARÊNCIA E A RAZÃO


Francamente, não sei como Passos Coelho deixou passar tanta mistificação contida nos gráficos e nas afirmações contundentes de Costa que, para além disso, o acusou de mistificador!
Como não explicou a razão de ser do continuado aumento da dívida pública que resulta de compromissos do passado e de outros a que ele também obrigou e não da governação que fez?
Como consentiu que Costa apresentasse gráficos impregnados de desinformação e ficasse calado?
Como permitiu que foi Costa não respondesse às questões que os jornalistas lhe colocavam e, em vez disso, fosse desenvolvendo, a seu bel-prazer, a teoria perversa que gizou com os seus mentores de que a Troika entrou em Portugal chamada pelo PSD, em consequência das basófias de Catroga?
Francamente, deste modo Passos Coelho perdeu o confronto mas não o debate porque debate não houve!
Mas o que mais me impressiona é que os “inteligentes” comentadores deste país tenham valorizado mais a estratégia de Costa do que as explicações que Passos Coelho poderia dar mas não foi capaz de o fazer.
E, mais uma vez, eu acho que o critério é o das aparências e não o da razão.
Mas isto é, apenas, o princípio do fim das parangonas políticas que, em breve, se calarão.
Num país onde os oportunistas continuam a sua campanha, o povo acredita e cai no conto do vigário!


DRAMAS DE UMA “CIVILIZAÇÃO” EM AGONIA


Depois da onda de caridadezinha que o drama dos refugiados formou e, aos poucos, se foi tornando num autêntico e avassalador tsunami, os ânimos começam a serenar, as cabeças a pensar melhor e os receios a tomar as proporções adequadas às circunstâncias que os causam.
O chamado Ocidente que o estado islâmico elegeu como seu inimigo mortal e promete subjugar em pouco tempo, sente enormes dificuldades em reconhecer os erros que cometeu pelo desconhecimento que tem das realidades que destrói na tentativa de as tornar na sua realidade.
Levianamente, mexe em vespeiros que o podem matar, esquecido de que a alteração das ordens que ao longo de muitos séculos se sedimentaram é um perigo tremendo de desordem como aquele no qual, não há como nega-lo, a “primavera árabe” se transformou!
Até onde irão as consequências de um intrometimento, porventura inoportuno e mal avaliado, no Iraque, no Afeganistão, na Síria, na Líbia, na Tunísia, no Egipto ou seja onde for?
Terá sido o agora tão desvalorizado “outo negro” a causa de tanto disparate que, sob o aspecto de intervenções justificadas pelo “sofrimento” de que havia de salvar povos subjugados por ditadores tirânicos, foi cometido sem imaginar que assim se destruiria a ordem pública própria de tradições seculares e lançou povos e países no pandemónio em que se encontram?
Por que será, então, que se consente que outros continuem a escravizar seus povos? O petróleo já não tem assim tanto valor.
Seria de esperar que, mais dia menos dia, a fuga do mundo desorganizado começasse e a “invasão” do mundo “civilizado” acontecesse com a sobranceria de tal ser um direito, ao que a hipocrisia da caridadezinha que apenas os incapazes julgam ser a solução, mostrasse os fundilhos rotos de uma Europa que, afinal, não é nada.
Onde estará a razão?
Como será que deve proceder-se?
Como lidará a Europa com os problemas que destas movimentações resultarão?
Será ou não verdade que membros activos do Estado Islâmico se misturam nas multidões fugitivas, nas quais terão, mais do que antes, campo fértil de recrutamento de combatentes para as diversas guerras que promoverão?
Não sei nada senão que a Europa é um buraco para onde se atiram os problemas em vez de os resolver. Disso já ninguém poderá duvidar.
E ainda que este seja um problema sobretudo da Europa que, em tempos e em seu proveito, redesenhou o mundo que agora não consegue dominar, é, também, um problema daquele mundo que ainda não reparou que está próximo o fim da “civilização” que implantou e à qual não conseguiu que outros se rendessem. 

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

A “VITÓRIA” DE COSTA


Naturalmente, não serei capaz de analisar tudo o que disseram os comentadores que se manifestaram sobre o frente-a-frente Passos Coelho-Costa e que, em maioria, mas sempre pelas mesmas razões, consideraram ser Costa o vencedor.
Por isso vou ficar-me pelo que disse Marcelo Rebelo de Sousa que, tal como a maioria, mas de um modo mais conciso e objectivo, entendeu ser Costa o vencedor porque esteve mais ao ataque e foi mais político do que Passos Coelho.
E isto diz-me tudo aquilo que eu, desde há muito, sei e tantas vezes e de um modo ou de outro já disse: Na política é mais verdade o que o parece ser do que aquilo que, de facto, o é.
Será mais um daqueles casos em que vale mais o “embrulho” do que aquilo que contém.
Concluo, pois, que entendem os especialistas de política deste país que ser agressivo, falar mais alto e interromper o discurso alheio são os procedimentos vencedores, independentemente do que o “vencedor” diga, da falta de ideias que manifeste ou da falta de soluções que revele.
Não posso ocultar, como nunca o ocultei, a pouca consideração que, por estas razões, muitos políticos me merecem.
Menos ainda os que fazem dos seus comentários um modo de vida sem os riscos que correm os que, melhor ou pior, tentam fazer alguma coisa.
Mas, independentemente das vitórias ou das derrotas que, deste modo, se alcancem ou sejam sofridas, será o tempo que dirá qual foi o que, de facto, venceu! E se a sua “opinião” for a contrária, não passará de tempo que se perdeu.

E A MONTANHA PARIU O RATO DO COSTUME


(Fotografia publicada pelo Expresso)

Foram quase uma demonstração de decrepitude generalizada os comentários que se seguiram àquele inqualificável frente-a-frente entre Passos Coelho e António Costa. Aqueles argumentos em que se diz que este foi melhor do que aquele, que este ou o outro foi quem ganhou num confronto em que se tornou evidente o que o país vai perder.
Na sequência de um evento do qual, pelo modo como foi estruturado e conduzido, pouco mais haveria a salientar do que a pobreza e a incompetência tendenciosa das questões levantadas, a cassete mal gravada de António Costa e a perda de tempo de Passos Coelho, os comentadores pouco mais fizeram do que os seus próprios e pretensiosos “discursos de sapiência” tão próprios deste país de iluminados que falam demais sem nunca dar provas de serem capazes de fazer qualquer coisa.
Seria impossível que resultasse melhor um frente a frente que deveria ser esclarecedor mas que as tacanhas baias de uma condução jornalística sem qualidade tornou parecido a um trabalho de corta e cola em que os dois “gráficos” de Costa se destacam constantemente e o discurso de Coelho se perde sem a oportunidade de dar as respostas que deveria dar a perguntas claras e oportunas que lhe fossem feitas!
Desse modo ficaríamos esclarecidos!
Os temas não passaram das tricas e nicas que a comunicação social pisa e repisa a cada dia, das questões falaciosas e dos raciocínios monoclínicos a que o tradicional hábito de substituir a discussão pelo mal dizer nos habituou.
Não será, certamente, por este frente-a-frente que alguém sensato tomará qualquer decisão quanto ao seu modo de votar, mas formará, por certo, um juízo claro da pouca qualidade do nosso jornalismo que no grande palco que monta e depois de uma publicidade que faria esperar um frente-a-frente esclarecedor, produziu um espectáculo que não valeu o tempo gasto a olhar para a tela do televisor.
Afinal, nem um Costa patético e refugiado em argumentos mal engendrados mas ditos em voz sonante e convincente, porque outros não tem, nem um Passos Coelho sem condições para responder às questões oportunas e esclarecedoras que as perguntas dos jornalistas deveriam suscitar, conseguiram sobressair da triste nota de incompetência que o “melhor jornalismo nacional” ali deu!
Pareceu-me um frente-a-frente feito à medida para alcançar um objectivo já determinado, a tão desejada vitória de Costa, a demonstração evidente de um total desconhecimento do que condicionará o futuro complicado que este país vai ter.
Mas foram os temas que os jornalistas escolheram...




quarta-feira, 9 de setembro de 2015

AS CONTAS DE CENTENO


(Sondagem realizada pela Aximage)

Como é habitual dizer as sondagens valem o que valem. Muito, pouco ou mesmo nada? Que sei eu! Mas, daquilo de que me tenho apercebido, as sondagens que hoje conheci condizem bem com o que parece estar a ser a pré-campanha eleitoral.
Como era de esperar, para além da Coligação e do PS não há força política que possa intrometer-se numa disputa que só poderá ter um de dois possíveis vencedores. Se, na realidade, tiver algum!
A coligação tira partido dos resultados económicos e financeiros que começam a ser mais evidentes, depois de um longo período de austeridade que começa a abrandar. Será um caminho de recuperação lento, mas seguro, com a prudência que as circunstâncias recomendam.
É nestas circunstâncias que é bom recordar a velha e sábia máxima de que mais vale ter pouco do que não ter nada!
De facto, não indo a economia mundial por bons caminhos, apesar de todos os vaticínios de recuperação que a realidade teima em desdizer, imprudente seria esperar ser a excepção que o “programa de António Costa” promete!
É um confronto de contas que um tal Centeno diz que a Coligação não sabe fazer mas que a realidade claramente diz que devem ser feitas com muita prudência, o que não parece ser o caso do optimismo que as suas revelam.
Aliás, para além dos exemplos que nos chegam de toda a parte, do que a Grécia não é o único, não passaram assim tantos anos desde que a nossa própria e triste experiência de “novos-ricos” nos atirou para a humilhante condição de protectorado da Troika da qual, depois de muitos sacrifícios que a “ressaca” de uma grande “farra” nos impôs, conseguimos libertar-nos.
Não me parece, pois, que outro caminho senão o da prudência seja o que devamos seguir, numa recuperação controlada porque qualquer deslize pode deitar tudo a perder.
Quando o mar está revolto, os perigos são muitos e, daí, a importância do caminho que se escolha porque tanto nos pode perder na turbulência do mar alto como despedaçar-nos nas rochas da costa da qual não queremos afastar-nos muito. Porque a realidade é vem diversa das contas de Centeno das quais pode dar certa a "prova dos nove" mas que, na realidade, não sabem bem aquilo que somam.


sábado, 5 de setembro de 2015

ESCÂNDALO OU JUSTIÇA?


A saída de Sócrates da prisão de Évora apanhou-me de surpresa mas não me surpreendeu.
Apenas me dá que pensar.
Jamais me pronunciei ou, sequer, formei qualquer juízo quanto à sua inocência ou culpabilidade porque me não compete fazê-lo. Espero que a Justiça o faça em meu nome e no de todos nós, porque é assim que deve ser.
Mas, apesar disso, tudo o que tem sido dito acerca deste caso não pode deixar-me indiferente, seja o que digam os “especialistas” que se pronunciam nos programas especiais da CMTV ou outros, sejam as declarações bombásticas do advogado do ex-primeiro-ministro, afinal ainda não acusado de nada. Como é natural enquanto decorre a investigação. Apenas depois desta terminada haverá, ou não, acusação. É isto que me diz a lógica de um ignorante sensato.
As tomadas de posição do Ministério Público, do Juiz do processo e de tribunais que já foram chamados a pronunciar-se sobre a prisão preventiva a que Sócrates foi sujeito, só podem significar que há razões muito fortes para tal, a menos que tudo esteja louco e este “Marquês” não passe de uma fantochada que ninguém saberia justificar e, assim, se tornaria numa bronca de consequências imprevisíveis.
Diz o irascível advogado de Sócrates, a propósito do alívio da medida de coacção que “não há factos, não há provas, não há acusação”!
Sugerem alguns, entre eles Pacheco Pereira, pareceu-me que pelo método de dedo no ar, que o processo é político, que a oportunidade das decisões é política e nada mais do que isso.
Quem terá razão?
Espero, para bem de todos, que seja a Justiça!
Em todo o caso fica-me a interrogação: a que irei assistir dentro de não muito tempo, a um processo que dignifique a Justiça portuguesa e o Estado português ou a um escândalo indigno até de um país de bananas? 


sexta-feira, 4 de setembro de 2015

OS PROBLEMAS QUE NOS ESPERAM

Passou já muito tempo, dezenas de anos, desde que, pela primeira vez, me dei conta do problema que é hoje, sem dúvida, o maior que a Humanidade enfrenta, o da sua sobrevivência em função dos recursos do planeta que é a sua única casa.
Numa questão que apenas aos mais esclarecidos então já preocupava, a capacidade de suporte do nosso planeta, eram diversas as opiniões que iam desde as mais comedidas quanto à população global que, em função dos seus recursos naturais finitos, o planeta poderia suportar, até à convicção de que esta era uma falsa questão pois o Homem teria capacidade de colonizar outros planetas antes das reservas da Terra se esgotarem. Fica-nos, deste optimismo, o reconhecimento de não serem as reservas da Terra inesgotáveis.
Um trabalho mais amplo foi, depois, desenvolvido por uma equipa de cientistas a pedido do Clube de Roma, a qual apresentou, no início da década de 70 do século passado, um relatório que ficou conhecido como “os limites do crescimento”, o qual apontava para uma falência não muito distante do tipo de vida adoptado, baseado numa economia continuamente crescente cujas necessidades de recursos, também crescentes, acabariam por ultrapassar a capacidade de renovação dos ciclos naturais e, deste modo, poriam em causa a perenidade dos recursos necessários para a sobrevivência do Homem.
Não me parece que o optimismo dos “novos colonizadores” seja de levar em conta quando de tal ou de tais planetas colonizáveis ainda nem se tem notícia, num momento em que as previsões dos "limites do crescimento" com quase insignificantes desvios se confirmam e já não passam despercebidas de ninguém outras dificuldades e problemas a que o consumismo excessivo conduziu, seja pelas carências de recursos a cada dia mais evidente, seja pelas consequências ambientais gravíssimas que ameaçam catástrofes difíceis de suportar.
Para além da “crise” sem fim a que as mezinhas do costume recomendadas por “prémios Nobel” ou simples “especialistas” não conseguem dar mais remédio do que esta situação de instabilidade com avanços e recuos cada vez mais frequentes e que já não deixam dúvidas quanto ao fracasso de um modelo de economia ruinoso, predador e, por isso, impossível de manter.
Afinal, tudo não passa da simplicidade de um modelo de análise da sobrevivência que põe em confronto a finita capacidade de suporte potencial da Terra e as necessidades do consumo do crescimento crescente de que a “economia consumista” necessita para sobreviver.
Desde os organismos das Nações Unidas que começaram já a por em causa a possibilidade de reverter a via de degradação ambiental que levará a condições de vida insuportáveis, ao FMI que, mais uma vez, não tem dúvidas sobre os recuos sensíveis das possibilidades de crescimento económico em todo o mundo até ao Presidente Obama que, no Alaska, parece ter sentido mais de perto os graves riscos ambientais que a Humanidade corre, tudo indica termos chegado a um beco cuja saída só poderá ser voltar atrás para retomar a via do crescimento suportável pelas condições naturais que o Homem pensava poder controlar mas não foi capaz!
Estas questões para as quais o conhecimento científico da Terra chama, com cada vez maior insistência, a atenção dos políticos, e são, sem a menor dúvida, as que mais deveriam preocupar aqueles a quem confiamos o nosso futuro, são, em vez de consideradas, ignoradas.
Os nossos políticos continuam a não levar em conta, nas suas “previsões” de futuro, as únicas questões que, sem a menor dúvida, o vão condicionar.
Um esquema simplificado pretende representar o fenómeno da capacidade de suporte que se reduz a partir do momento em que as "necessidades" ultrapassam a capacidade de renovação e acabam até por ultrapassar a "capacidade de suporte", entrando na fase de "instabilidade" à qual poderá seguir-se o colapso.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

SOLIDARIEDADE OU HIPOCRISIA?


De notícias ao minuto: ”O alto comissário das Nações Unidas para os refugiados, António Guterres, disse na quarta-feira em entrevista à CNN que a crise dos migrantes requer uma resposta coerente e que só a Europa, com base na solidariedade, a pode fornecer.”
Sou, obviamente, a favor da solidariedade e Guterres não é o único a horrorizar-se com as notícias das desgraças que acontecem na “fuga do inferno” que milhares e milhares tentam a cada dia que passa.
Mas a solidariedade que as circunstâncias não dispensam, não é solução alguma para o que a torna necessária e urgente. Por isso, ficar-se por ela a resposta do mundo à calamidade que assola aquele Médio Oriente já tão destroçado, mantém bem vivo o problema que apenas outro tipo de solidariedade pode resolver.
A situação que por lá existe exigiria do mundo que se crê civilizado a resposta que não dá ou, se assim se preferir dizer, os milhões da “indústria da guerra” não deixam que seja dada.
A hipocrisia dos políticos e, mesmo até, dos que, como Guterres, procuram tornar menos dolorosa a derrocada de um mundo da maior importância na História da Humanidade e cuja memória atrocidades sem nome vão fazendo desaparecer, é o que mantém aberta a chaga que vai matando milhões de seres humanos que já nada mais esperam do que ser acolhidos onde, pela caridade dos que ainda vão tendo alguma coisa, consigam sobreviver.
É assim que se vive neste mundo de cínicos que criam a sua imagem de “salvadores” fingindo que aliviam os tormentos que sofrem os que se afoitam a fugir dos males que deixam alastrar e alguns até alimentam.
Sabe Guterres, como sei eu e muita gente mais sabe também, que não nascem armas, máquinas de guerra e munições naqueles desertos estéreis que outrora até já foram o “Crescente Fértil”.
Então como poderiam fazer a guerra sem tudo isso que alguém lhes fornece?
A propósito: já ouviram algum político referir estes problemas nas campanhas de elogio pessoal que faz ou considerá-los nas suas propostas de futuro, ou será que este problema não afectará de Portugal também?


quarta-feira, 2 de setembro de 2015

AS PROMESSAS DA DESGRAÇA


Não há mais como sonegar, do conhecimento de todos, os perigos a que este modo de viver egoísta e predador nos expõe.
A questão há muito levantada pelos mais prevenidos, aqueles que oportunamente entenderam não ser a Terra a quinta do Homem mas apenas o planeta que habita com outras espécies vivas a quem ela pertence tanto como a si, é o resultado do mau uso dos recursos naturais deste planeta que se impõe como a preocupação maior do momento que vivemos e que, por mais que a envolvam em teorias económicas que outros tempos fizeram crer perfeitas, ela persiste e cresce, porventura até ao ponto de não ser mais possível reverte-la.
Não vale a pena recordar aqui os problemas múltiplos e crescentes que, em vez de resolvermos, continuamos a agravar, pois não seria mais do que repetir o que, insistentemente, tem sido dito a propósito dos diversos aspectos que a desgraça que causarmos pode assumir.
Habituou-se o Homem à fartura de uma Terra generosa mas limitada que não soube entender senão como uma fonte inesgotável de satisfação de todos os seus caprichos, como a teta onde não seca o leite, o favo onde se não acaba o mel, a fonte de onde sempre brotará água cristalina, o chão generoso onde, sempre, crescerá o pão.
Mas não é assim porque a fartura inesgotável não existe, como o provam as dificuldades cada vez maiores que o Homem sente para sair do atoleiro onde se meteu.
No entanto, os políticos continuam a falar do futuro que prometem fazer cada vez melhor, das suas ideias para superar a “crise” que parece comprazer-se a contrariar os seus intentos, em vez de tentarem entender o futuro possível neste mundo onde, para além do seu optimismo incauto e revelador da sua profunda ignorância da realidade, apenas a procura de novas soluções faria sentido.
É por isso que tanta pena me causam os discursos patéticos que tenho ouvido nesta campanha eleitoral de políticos que ainda não entenderam que já não está nas suas mãos o futuro de que falam, as vantagens que prometem, os resultados que garantem.
Mas porque a sabedoria que a experiência dita é sempre boa conselheira, parece-me ser, de todo, preferível ser comedido nos desejos que se tenham do que desmedido nas promessas que se façam.
Quando será que, como até já o fizemos melhor do que ninguém, deitamos a cabeça de fora deste nosso pequeno rectângulo para ver o que se passa no mundo, para decidirmos o nosso futuro em conformidade com isso?
Fica-me a certeza de que "todo o burro come palha. O jeito é saber-lha dar".

O PEIDO…


Contam-se de Bocage muitas anedotas que nem sempre parecem condizer com o espírito que o seu legado de fino poeta nos revela. Mesmo assim, as “anedotas do Bocage” ficaram célebres e, entre elas, uma há que, particularmente, me faz rir.
Num daqueles salões para cujas festas era convidado, conta-se que uma nobre senhora, num movimento de dança um pouco mais brusco, se descuidou, fazendo soar por todo o lado o desagradável ruído que tais descuidos provocam. Bocage que era, na altura, o seu par, ficou preocupado com o evento e com o natural acabrunhamento da senhora.
Por isso, o seu coração generoso procurou uma solução que a protegesse dos hipócritas e reprovadores olhares que todos sobre ela lançavam. 
Resolveu assumir-se como o causador do infeliz revés, declarando: minhas senhoras e meus senhores, o peido que esta senhora deu, não foi ela, fui eu!
Não me perguntem por que razão me lembrei desta anedota ao ler esta notícia “No artigo intitulado 'Presidenciais: ponderação em nome da responsabilidade', no Jornal de Notícias, o ex-autarca do Porto, Rui Rio, fez saber que o anúncio da sua candidatura às presidenciais vai acontecer após as legislativas.
Depois deste anúncio que, afinal, o não é, só me apetece fazer como “o Gordo” fazia naqueles seus programas de “escárnio e mal dizer” que, em tempos já distantes, deram brado na TV portuguesa e nos quais, sistematicamente, terminava assim: “a minha cara... ooooooooooooooooooo”.