Passou
já muito tempo, dezenas de anos, desde que, pela primeira vez, me dei conta do
problema que é hoje, sem dúvida, o maior que a Humanidade enfrenta, o da sua
sobrevivência em função dos recursos do planeta que é a sua única casa.
Numa
questão que apenas aos mais esclarecidos então já preocupava, a capacidade de
suporte do nosso planeta, eram diversas as opiniões que iam desde as mais
comedidas quanto à população global que, em função dos seus recursos naturais
finitos, o planeta poderia suportar, até à convicção de que esta era uma falsa
questão pois o Homem teria capacidade de colonizar outros planetas antes das
reservas da Terra se esgotarem. Fica-nos, deste optimismo, o reconhecimento de não serem as reservas da Terra inesgotáveis.
Um
trabalho mais amplo foi, depois, desenvolvido por uma equipa de cientistas a
pedido do Clube de Roma, a qual apresentou, no início da década de 70 do século
passado, um relatório que ficou conhecido como “os limites do crescimento”, o
qual apontava para uma falência não muito distante do tipo de vida adoptado,
baseado numa economia continuamente crescente cujas necessidades de recursos, também crescentes, acabariam por ultrapassar a capacidade de renovação dos
ciclos naturais e, deste modo, poriam em causa a perenidade dos recursos necessários
para a sobrevivência do Homem.
Não
me parece que o optimismo dos “novos colonizadores” seja de levar em conta
quando de tal ou de tais planetas colonizáveis ainda nem se tem notícia, num
momento em que as previsões dos "limites do crescimento" com quase insignificantes desvios se confirmam e já não passam despercebidas de ninguém outras dificuldades e problemas a que o
consumismo excessivo conduziu, seja pelas carências de recursos a cada dia mais
evidente, seja pelas consequências ambientais gravíssimas que ameaçam
catástrofes difíceis de suportar.
Para
além da “crise” sem fim a que as mezinhas do costume recomendadas por “prémios
Nobel” ou simples “especialistas” não conseguem dar mais remédio do que esta
situação de instabilidade com avanços e recuos cada vez mais frequentes e que já não deixam dúvidas quanto ao fracasso de um modelo de economia ruinoso,
predador e, por isso, impossível de manter.
Afinal,
tudo não passa da simplicidade de um modelo de análise da sobrevivência que põe
em confronto a finita capacidade de suporte potencial da Terra e as necessidades do
consumo do crescimento crescente de que a “economia consumista” necessita para sobreviver.
Desde
os organismos das Nações Unidas que começaram já a por em causa a possibilidade
de reverter a via de degradação ambiental que levará a condições de vida
insuportáveis, ao FMI que, mais uma vez, não tem dúvidas sobre os recuos
sensíveis das possibilidades de crescimento económico em todo o mundo até ao
Presidente Obama que, no Alaska, parece ter sentido mais de perto os graves
riscos ambientais que a Humanidade corre, tudo indica termos chegado a um beco
cuja saída só poderá ser voltar atrás para retomar a via do crescimento suportável
pelas condições naturais que o Homem pensava poder controlar mas não foi capaz!
Estas
questões para as quais o conhecimento científico da Terra chama, com cada vez
maior insistência, a atenção dos políticos, e são, sem a menor dúvida, as que mais
deveriam preocupar aqueles a quem confiamos o nosso futuro, são, em vez de
consideradas, ignoradas.
Os
nossos políticos continuam a não levar em conta, nas suas “previsões” de
futuro, as únicas questões que, sem a menor dúvida, o vão condicionar.
Um esquema simplificado pretende representar o fenómeno da capacidade de suporte que se reduz a partir do momento em que as "necessidades" ultrapassam a capacidade de renovação e acabam até por ultrapassar a "capacidade de suporte", entrando na fase de "instabilidade" à qual poderá seguir-se o colapso.
Um esquema simplificado pretende representar o fenómeno da capacidade de suporte que se reduz a partir do momento em que as "necessidades" ultrapassam a capacidade de renovação e acabam até por ultrapassar a "capacidade de suporte", entrando na fase de "instabilidade" à qual poderá seguir-se o colapso.
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