Todos sabemos como se fez a Espanha, com
Castela, o maior dos reinos Ibéricos, a dominar todos os demais desta Península
do Oeste europeu, com a excepção de Portugal que, com muita determinação, o não
consentiu.
Castela a todos impôs os seus interesses, a
sua língua e a sua própria História, tentando eliminar tudo o que fizesse
lembrar a realidade cultural e a personalidade dos povos que dominou.
Passaram séculos e se alguns quase perderam
o conhecimento de si próprios, outros tudo fizeram para o conservar, por mais
que nos manuais de História fosse dissimulado e o seu próprio modo de falar
fosse proibido de ensinar enquanto o poder absoluto dominou.
Conheço quase todas as regiões de Espanha e
sei bem onde o domínio mais se fez sentir.
Na Galiza não consegui ser entendido quando
falava a língua que Portugal herdou do Reino de Leão, mas no País Basco e na
Catalunha só os castelhanos não falavam a língua própria dos reinos dominados.
Curioso é, mesmo, o que me aconteceu na
minha primeira visita às terras do antigo Reino de Aragão, em tempos tão distantes
como os anos oitenta do século que passou.
No final do primeiro dia daquelas férias em
Tossa de Mar, cheguei à sala de jantar, para a primeira refeição em terras da
Catalunha.
Estranhei e desagradou-me não ver, entre os
diversas símbolos nacionais europeus que ornamentavam as mesas, a bandeira de
Portugal.
Tive de escolher uma mesa, mas logo pedi
para retirarem a bandeira que não era a minha.
Prestável, de imediato e sem nada dizer, o
funcionário trocou a bandeira britânica que ali estava por outra, desta vez a
italiana que, naturalmente, recusei também.
Já um tanto confuso, o funcionário
escolheu, desta vez, a bandeira francesa e mais confuso ainda ficou quando lhe
fiz saber que, mais uma vez não tinha acertado.
Delicadamente, perguntou-me qual era a
minha nacionalidade. Ao dizer-lhe que era português, abriu muito os olhos e,
entre sorridente e embaraçado, disse-me não a ter porque não costumavam
aparecer portugueses por ali. E continuou dizendo quanto o
lamentava porque, frisou bem, até somos aliados.
O que lhe pareceu ser o meu espanto pelo
que disse, levou-o a explicar-me que “enquanto os portugueses batiam nos
castelhanos, os catalães descansavam”.
E continuou a recordar-me uma Raínha de
Portugal que, por certo, eu bem conhecia, nascera ali bem perto.
Falou-me da Raínha Santa Isabel e do milagre
das rosas que conhecia muito bem, lamentando não ter tido a Catalunha o mesmo destino
de Portugal.
Por isso, há muito que entendo bem o que
sentem os catalães na luta que travam pela independência.
Desde há muito tempo.
E água mole em pedra dura…
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