ACORDO ORTOGRÁFICO

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segunda-feira, 28 de setembro de 2015

ÁGUA MOLE EM PEDRA DURA…


Todos sabemos como se fez a Espanha, com Castela, o maior dos reinos Ibéricos, a dominar todos os demais desta Península do Oeste europeu, com a excepção de Portugal que, com muita determinação, o não consentiu.
Castela a todos impôs os seus interesses, a sua língua e a sua própria História, tentando eliminar tudo o que fizesse lembrar a realidade cultural e a personalidade dos povos que dominou.
Passaram séculos e se alguns quase perderam o conhecimento de si próprios, outros tudo fizeram para o conservar, por mais que nos manuais de História fosse dissimulado e o seu próprio modo de falar fosse proibido de ensinar enquanto o poder absoluto dominou.
Conheço quase todas as regiões de Espanha e sei bem onde o domínio mais se fez sentir.
Na Galiza não consegui ser entendido quando falava a língua que Portugal herdou do Reino de Leão, mas no País Basco e na Catalunha só os castelhanos não falavam a língua própria dos reinos dominados.
Curioso é, mesmo, o que me aconteceu na minha primeira visita às terras do antigo Reino de Aragão, em tempos tão distantes como os anos oitenta do século que passou.
No final do primeiro dia daquelas férias em Tossa de Mar, cheguei à sala de jantar, para a primeira refeição em terras da Catalunha.
Estranhei e desagradou-me não ver, entre os diversas símbolos nacionais europeus que ornamentavam as mesas, a bandeira de Portugal.
Tive de escolher uma mesa, mas logo pedi para retirarem a bandeira que não era a minha.
Prestável, de imediato e sem nada dizer, o funcionário trocou a bandeira britânica que ali estava por outra, desta vez a italiana que, naturalmente, recusei também.
Já um tanto confuso, o funcionário escolheu, desta vez, a bandeira francesa e mais confuso ainda ficou quando lhe fiz saber que, mais uma vez não tinha acertado.
Delicadamente, perguntou-me qual era a minha nacionalidade. Ao dizer-lhe que era português, abriu muito os olhos e, entre sorridente e embaraçado, disse-me não a ter porque não costumavam aparecer portugueses por ali. E continuou dizendo quanto o lamentava porque, frisou bem, até somos aliados.
O que lhe pareceu ser o meu espanto pelo que disse, levou-o a explicar-me que “enquanto os portugueses batiam nos castelhanos, os catalães descansavam”.
E continuou a recordar-me uma Raínha de Portugal que, por certo, eu bem conhecia, nascera ali bem perto.
Falou-me da Raínha Santa Isabel e do milagre das rosas que conhecia muito bem, lamentando não ter tido a Catalunha o mesmo destino de Portugal.
Por isso, há muito que entendo bem o que sentem os catalães na luta que travam pela independência.
Desde há muito tempo.
E água mole em pedra dura…


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