ACORDO ORTOGRÁFICO

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terça-feira, 22 de setembro de 2015

A ESCOLHA

Parece-me estranho que num país com sérias dificuldades e, mais do que isso, muito dependente do que aconteça por esse mundo fora que, parece que definitivamente, perdeu a pujança daqueles tempos em que tudo parecia possível, as querelas políticas continuem a sobrepor-se ao interesse nacional que entendimentos e cooperações de que resultem atitudes e políticas concertadas para enfrentar os graves problemas que o futuro ameaça trazer, decerto defenderiam.
É hoje mais do que evidente que a maioria dos políticos perdeu a noção da realidade e, por isso, mantém a atitude sobranceira e isolacionista de quem se sente o único capaz, de quem vê nos demais os inimigos que é preciso derrotar, os incapazes que não conseguem governar, os incompetentes que é preciso castigar.
Este entendimento das coisas que é, já por si, mau demais, dá lugar a procedimentos ainda piores porque substituem a razão por preconceitos, o confronto de ideias por insultos e a discussão séria dos problemas por desinformação que, em vez de esclarecer, confunde os eleitores.
De nada adianta a negação das razões que ditaram a austeridade a que as circunstâncias nos obrigaram e, muito menos, a perversão de culpas pela realidade que a tal nos levou.
Os gráficos adulterados não alterarão a realidade que vivemos e as promessas que se façam para conquistar simpatias jamais eliminarão os condicionamentos fortes e bem conhecidos que as circunstâncias colocam à sua concretização.
De nada adiantam as "contas" que se façam sem saber do que nem o mal que se diga de quem se quer derrotar porque o que mais conta é a realidade que sempre supera a demagogia e a competência própria que importa mais do que o mal que de outros se possa dizer.
Por isso, por mais que nos seduzam as promessas de recuperar rapidamente o que as consequências de desgovernos nos fizeram perder, não nos pode abandonar a sensatez de pensar que, em tempo de vacas magras, o futuro se não garante com excessos mas com moderação, o bom viver não se faz com os gastos sumptuários a que a sobrevivência de uma economia falida obriga, mas com a satisfação das necessidades que uma vida digna requer.
Cada vez mais é necessário bom senso nas escolhas que fazemos, para evitar as desilusões que, por certo, as precipitações acabarão por nos trazer.
Na escolha que fizermos não se devem esquecer os cuidados a que a recuperação de uma situação complicada sempre obriga, sob pena de uma complicada recaída que pode causar grandes danos.


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