Qualquer economista dirá que que o
“crescimento” depende, essencialmente, da eficiência com que se transformam os
recursos em capital.
Qualquer matemático dirá que cada
função tem um “domínio” fora do qual não existe.
Mas os economistas não definem o “domínio”
da “função crescimento”, o que faz crer que lhe atribuem o mais amplo, de menos
a mais infinito, da recessão mais profunda ao crescimento ilimitado que a
eficiência possa proporcionar.
A eficiência tem crescido muito
com a formação e com o desenvolvimento tecnológico, o que fez aumentar a
produção de forma quase exponencial até que, por excesso de oferta, por falta
de condições de aquisição ou por escassez de recursos naturais, a “crise” se
torna inevitável.
Obviamente, alguma coisa está
errada em tal função. Não o conceito básico em si mesmo, mas o tal domínio que
os economistas não previram.
Foi possível, em muitas das
crises, resolver a questão alargando o mercado, emitindo mais moeda ou
ampliando a pesquisa e a exploração de matérias primas.
Parecerá que, com uma população
tão crescente que ainda aumenta a um ritmo exponencial, o mercado tem muito por
onde crescer. A tecnologia parece não parar de se desenvolver e nada parece
impedir a crescente emissão de moeda que gera poder de compra e capacidade de
investimento o que, quando se não faz, origina crises de dívida como a
europeia! Mas o que parece não crescer nem disso dar sinais, muito pelo
contrário, são os recursos naturais, incluindo os alimentos, que a eficiência transforma em capital, cuja
escassez a economia não considera na sua “função crescimento” mas que os
limites físicos deste nosso mundo nos obrigam a reconhecer.
A questão da capacidade de
suporte do Planeta volta agora a colocar-se com toda a razão de ser, algumas
dezenas de anos depois dos primeiros avisos sérios de cientistas que fizeram
estudos e projecções que alarmaram o mundo. O capitalismo, descontrolado, apressou-se
a refutar os “limites do crescimento” que o Clube de Roma publicou. Houve,
mesmo, outros “cientistas” que, para o satisfazer, criaram teorias que a
realidade se encarregou de desmentir. Pelo contrário, a realidade dá por certa
a teoria que considera a capacidade finita do Planeta, mostrando, os mais
recentes estudos, que existe uma razoável proximidade entre as previsões há
muito feitas e as reservas existentes, o que, mesmo assim, não parece convencer
os economistas da razão de ser do falhanço dos seus esforços e das suas previsões.
Quando estarão os economistas dispostos
a alargar a reduzida visão que têm de uma realidade que não comandam e, finalmente, adaptam
as suas “funções” matemáticas à realidade que têm a pretensão de, com elas,
representar?