ACORDO ORTOGRÁFICO

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segunda-feira, 4 de junho de 2012

EQUÍVOCOS!


Acabei de ler um livro sobre a “Economia Portuguesa” no qual o autor, depois de concluir que “todas as medidas capazes de nos fazer regressar a um crescimento económico baseado na produtividade enfrentam (…) obstáculos políticos e sociais que são na prática inultrapassáveis”, afirma que restam a Portugal três possibilidades, uma das quais seria “uma espécie de milagre à irlandesa, …….” pelo qual “a Irlanda passou do caso do caixote do lixo que era nos anos 80 para chegar ao estatuto de segundo país mais rico da UE…”! Afinal, o enorme sucesso irlandês não passava daquela ilusão de riqueza que a levou a emparceirar connosco e com outros no “clube da bancarrota” que, aos poucos, vai ficando maior! Muitos tiveram essa ilusão e muitos mais ainda a conservam.
Parece que se se tivesse afirmado que Portugal teria de, forçosamente, ultrapassar os obstáculos políticos e sociais para ser economicamente viável, teria acertado em cheio, porque não há outra forma de tornar Portugal economicamente equilibrado!
Antes, tinha ouvido Vitor Gaspar afirmar que os “modelos económicos” não estão a reagir como se esperava perante as medidas adoptadas. Coisa que eu já sabia e por diversas vezes aqui registei, porque se não trata de uma crise mais mas de um fim-de-ciclo que ainda nenhum “Prémio Nobel” conseguiu, ainda, reconhecer. Na economia, como em outra actividade qualquer, ou os modelos são os adequados às circunstâncias ou os resultados da sua aplicação para prever o futuro só podem ser errados. Os “modelos” são construídos em função da experiência e na presunção de que a sua extrapolação reproduz o futuro de acordo com uma teoria estatística estável. Mas de tempos como os que vivemos, a experiência não existe! Só a inteligência atenta nos pode mostrar que, porque estão a acontecer coisas que nunca antes haviam acontecido, a estatística se alterou e a extrapolação do passado não reproduzirá, necessariamente, o que sucederá no futuro!
Olhe-se um pouco para todo o mundo e procure-se, no decréscimo da actividade económica global, na degradação ambiental, nas alterações climáticas, na exaustão de recursos, na escassês de alimentos, onde estão as razões que nos façam crer num futuro crescimento sustentado…
Hoje, num daqueles preciosos programas de rádio em que, a par do que queiram dizer os que conseguiram ligar primeiro para debitar as suas teorias ou excitações, há sempre uns iluminados que apenas se lembram bem do que outros disseram mas não fizeram, sem nunca se recordarem do que eles próprios previram e não aconteceu, mais uma vez me dei conta desta prosápia insensata de pensar que sabemos o que nunca, com seriedade, estudámos. São os oráculos, os sábios que constroem teorias que, para felicidade sua, nunca serão testadas, mas de cuja certeza e rigor não têm a mínima dúvida.
Só não entendo como não são estes mas sim outros os que acabam por dar a cara na governação que, faça-se como se fizer, sempre terá o seu mais do que fundado desacordo. A razão é simples. As coisas são o que são e não o que os políticos gostariam que fossem. Há outras Ciências para além da política. Bem diferentes porque, nelas, os fenómenos revelam leis que não podemos alterar e não se regem por leis que nos apeteça ditar!
É preocupante esta sucessão de equívocos nas opiniões, nos actos e nas previsões, própria de quem “não joga com o baralho todo”, porque não é capaz de ver e pensar para além das baias das análises a que as suas limitações o obrigam. Mas a realidade é bastante mais ampla e nela está força da razão que não consegue entender.

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