ACORDO ORTOGRÁFICO

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sexta-feira, 1 de junho de 2012

OS SINOS DOBRAM POR NÓS!

Estava há poucos dias na minha terra, perdida entre as mais altas montanhas da Serra da Estrela, quando chegou aos meus ouvidos aquele som triste, de badaladas monotonamente espaçadas, que avisa que alguém nos deixou!
Já é o vigésimo sétimo desde que o ano começou, disse-me alguém. Mas nascimentos foram apenas dois.
Talvez em alguma freguesia de Lisboa fosse mais ou menos assim se os sinos se fizessem ouvir naquelas igrejas que ainda os conservam porque, agora, já nem com sinos fazem as igrejas!
Pois eu acho que devia ser criado o hábito de repicar os sinos a cada vez que nasce uma criança neste “mundo evoluído” onde todos nos tornámos estupidamente iguais, onde pouca coisa (por vezes nenhuma) distingue os homens das mulheres que antes eram mães, amigas e companheiras, mas agora se contam entre os concorrentes a quem se disputam lugares, vencimentos, empregos, às quais as tradicionais deferências deixaram de ser devidas, ao mesmo tempo que os hábitos sãos de convivência social quase totalmente se perderam.
Repicar os sinos seria o modo de expressar a alegria por alguém que chegou, alguém a quem voltaríamos a dispensar a atenção devida e necessária neste mundo cruel, para não deixarmos que se perca na apatia que transparece de uma juventude mal sorri e que, sem esperança no futuro, se entrega a prazeres efémeros e perigosos, faz da violência uma escapatória e mostra, na indiferença com que trata os mais velhos, a revolta pela vida feliz que lhes negaram.
Não vale a pena “dourar a pílula”, fingir que nada de grave se passa, continuando a festejar o DIA MUNDIAL DA CRIANÇA como se tudo fosse como deveria ser! Mas não é, sabemo-lo bem.

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