Já é o vigésimo sétimo desde que
o ano começou, disse-me alguém. Mas nascimentos foram apenas dois.
Talvez em alguma freguesia de
Lisboa fosse mais ou menos assim se os sinos se fizessem ouvir naquelas igrejas
que ainda os conservam porque, agora, já nem com sinos fazem as igrejas!
Pois eu acho que devia ser criado
o hábito de repicar os sinos a cada vez que nasce uma criança neste “mundo
evoluído” onde todos nos tornámos estupidamente iguais, onde pouca coisa (por
vezes nenhuma) distingue os homens das mulheres que antes eram mães, amigas e
companheiras, mas agora se contam entre os concorrentes a quem se disputam
lugares, vencimentos, empregos, às quais as tradicionais deferências deixaram
de ser devidas, ao mesmo tempo que os hábitos sãos de convivência social quase
totalmente se perderam.
Repicar os sinos seria o modo de
expressar a alegria por alguém que chegou, alguém a quem voltaríamos a
dispensar a atenção devida e necessária neste mundo cruel, para não deixarmos que
se perca na apatia que transparece de uma juventude mal sorri e que, sem
esperança no futuro, se entrega a prazeres efémeros e perigosos, faz da
violência uma escapatória e mostra, na indiferença com que trata os mais velhos,
a revolta pela vida feliz que lhes negaram.
Não vale a pena “dourar a pílula”, fingir que nada de grave
se passa, continuando a festejar o DIA MUNDIAL DA CRIANÇA como se tudo fosse
como deveria ser! Mas não é, sabemo-lo bem.
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