ACORDO ORTOGRÁFICO

O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

RIO+20, O PARADOXO TOTAL!


Teve hoje início no Rio de Janeiro uma Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, vinte anos depois da que foi chamada a Cimeira da Terra. Agora, tal como então, os líderes mundiais, reconhecendo os perigos graves de um crescimento económico sem controlo que causa poluição excessiva e, pelo efeito de estufa, é responsável pela aceleração das alterações climáticas que são cada vez mais notadas, propõem-se encontrar soluções para um “desenvolvimento sustentável” que satisfaça as necessidades globais e mantenha o ambiente saudável. As mesmas questões voltam a ser colocadas, acrescidas de outras que, entretanto, se tornaram pertinentes.
Uma situação que não se apresenta agora, em termos globais, melhor do que há vinte anos, torna mais exigente a necessidade de gerir equilibradamente os recursos naturais, controlar e reduzir a poluição, proteger a biodiversidade e reduzir o efeito de estufa responsável pelo aquecimento global, ao que acresce, agora, o gravíssimo problema da insuficiência alimentar.
Apesar de todas as iniciativas, conferências, declarações, protocolos e agendas, além dos esforços dos ambientalistas para que fosse dada atenção às causas de tantos problemas que colocam em risco a própria Humanidade, a situação actual só pode ser considerada pior do que a de há vinte anos antes, tendo de reconhecer-se que as carências aumentaram mesmo quando a exploração dos recursos naturais excede já, em 50%, a que corresponderia a uma situação naturalmente sustentável. Esta situação não é, obviamente, compatível com o desenvolvimento sustentável que se pretende alcançar, menos ainda quando o crescimento económico é o objectivo de todas as economias para sair da situação de crise em que há anos se encontram.
Não vejo como, preocupados com os problemas de uma economia que não pára de derrapar nos seus próprios efeitos e, por isso, reclama mais crescimento que consome mais recursos e provoca mais degradação ambiental, é possível a contenção que o desenvolvimento sustentável pressupõe.
A agenda desta Cimeira inclui, ainda, nos objectivos, a erradicação da pobreza!
Num mundo com quase mil milhões de famintos cujas necessidades de alimentação competem, na produção de biocombustíveis, com o acréscimo de produção de energia que o crescimento económico reclama, não será tarefa fácil erradicar a pobreza de que a fome é um dos sintomas mais dramáticos.
Uma profunda incompatibilidade entre o crescimento económico contínuo e o desenvolvimento sustentável, lado a lado com o inevitável braço de ferro entre dois estádios de desenvolvimento, o do Norte e o do Sul, que dificilmente se entenderão quanto ao esforço de cada um nas mudanças a promover, mais adensam as dificuldades para evitar os graves problemas que, embora reconhecidos, ninguém parece determinado a resolver.

Sem comentários:

Enviar um comentário