ACORDO ORTOGRÁFICO

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domingo, 17 de junho de 2012

VOLTANDO À QUESTÃO DO TRABALHO


Na reflexão de ontem, abordei a questão do trabalho que, como diz o sociólogo Agostinho Rodrigues Silvestre, deixou de ser uma proteção contra a pobreza, de tal modo cresce o número de trabalhadores que a “economia” moderna dispensa.
Assim crescem as fileiras dos batalhões de desempregados por esse mundo fora e não se vê como o democratíssimo “direito ao trabalho” possa ser uma realidade. As razões são muitas para que seja assim e numa sociedade com elevados números de desempregados, apenas a solidariedade social poderá valer. Mas até esta perde força e capacidade perante as tendências demográficas que reduzem o número de nascimentos e aumentam o número de idosos aos quais compete à sociedade garantir um resto de vida com dignidade.
O número de cidadãos ativos de cujo trabalho resulta o valor com que a solidariedade se pode fazer é cada vez menor, tanto pela redução da faixa etária que lhes corresponde como, também, pela redução do número de postos de trabalho disponíveis. Por isso, não será muito o que se pode esperar desta solidariedade que as circunstâncias vão enfraquecendo, por mais habilidosas que sejam as manobras com que se tente esticar o que já está próximo da rotura.
Não me parece que seja pela via desta solidariedade que já inventou o “rendimento mínimo”, o “rendimento social de inserção” e poderá, agora, tentar o “rendimento médio de cidadania” que os problemas sociais causados pelo desemprego se resolverão.
Há muito para reflectir sobre este problema grave que, aos poucos mas em regime de velocidade crescente, nos vai encaminhando para um beco sem saída e onde todos acabaremos por nos atropelar.
Quanto a mim, apenas uma solução que devolva ao trabalho, ao esforço, à imaginação e à criatividade de cada um, o estatuto de garante da satisfação das suas necessidades, deixando para a solidariedade apenas os que não possam, pelos seus meios, sobreviver, poderá resolver um problema que se encontra já entre os maiores que a Humanidade enfrenta! E isto significa mudar muitas coisas, entre as quais redimensionar o “capitalismo” para que o trabalho volte a ter lugar, bem como reciclar a mentalidade dos que se habituaram a “ter um emprego que os sustente” ou a viver de subsídios a que se julgam com direito para fazerem como lhes apetecer.
Não posso, por isso e de modo algum, concordar com soluções como as que sugere a afirmação "O Estado põe no indivíduo a responsabilidade de procurar emprego, o que, numa altura em que o trabalho entrou em desordem mas continua a habitar a ordem social, pode significar forçar os cidadãos a procurar uma coisa que não existe".
É de trabalho que devemos falar e não de emprego!
É um problema extremamente complexo este que já se torna premente resolver.   

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