O tempo dos encontros no café
onde, com amigos e conhecidos, se discutiam os grandes temas da actualidade, já
passou. Cada um dizia o que lhe ia na alma, expunha aquela hipótese que apenas
a sua brilhante inteligência seria capaz de gerar e, no fim, ia-se para casa,
com a cabeça já mais leve, descansar. O tradicional café onde quase sempre se
juntavam os mesmos para levar a trazer as novidades, já nem existe. Os grupos
de amigos chegados talvez também não…
Já não acontecem aquelas
conversas mais veladas ou mais exaltadas, consoante o tema e a disposição,
porque preferimos ser espectadores atentos de outros que se encontram num
estúdio de televisão para nos mostrarem como são inteligentes a pensar as
coisas, como são competentes para criticar tudo e todos, como sabem de tudo e
para tudo têm solução. Encontram-se ali os inteligentes do país e fica a impressão
de que se fossem eles quem mandasse não aconteceriam as desgraças que acontecem
porque se teriam visto a tempo as más consequências de fazer assim ou assado.
Estava hoje a fazer a barba quando,
na companhia que o rádio me faz naqueles minutos de solidão atenta,
comecei a ouvir, uma vez mais, falar de Relvas e de super-espionagem. Ouvi
coisas fantásticas, todas num nodo condicional, daquelas que não lembrariam ao
diabo que, com certeza, faz as coisas muito mais simples.
Esta ligação de Relvas à
super-espionagem já há tempo que deixou de me merecer grande atenção e o tempo
que os ”analistas” continuam a dedicar-lhe sem que novos factos aconteçam, a
menos os que eles hipoteticamente criam nos seus cenários, faz-me pensar que
nada mais lhes despertará a sua atenção ou que algo se passa de que querem
desviar a atenção dos outros!
Andam por aí, na ordem do dia
também, tantas questões quentes, daquelas que poderão explicar muitas das
razões desta penúria em que vivemos, questões de alta corrupção que envolve
personalidades das que andaram na crista da onda do poder, questões de
sonegação de informação ao Tribunal de Contas para que fossem visados contratos
que, de outro modo, não teriam condições para o ser, contratos paralelos que
nos custam centenas de milhões de euros que nos emprestam a juros muito
elevados, de parcerias público privadas em que ex-ministros das obras públicas
já admitem que não tinham “sabedoria competente” que, nas negociações, pudessem opor à “artilharia
pesada” dos consórcios internacionais e, por isso, são tão desfavoráveis para o
país. Mas fizeram os contratos que agora é tão difícil corrigir. Vá se lá saber porque...
E há, também, a questão das sucatas que nunca mais se esclarece, do contrato com Figo para apoiar Sócrates na campanha eleitoral que não se sabe no que deu, as “luvas” para aprovação do Freeport e sei lá mais quantas coisas bem mais interessantes para o país do que saber se Relvas conhecia ou não Silva Carvalho.
E há, também, a questão das sucatas que nunca mais se esclarece, do contrato com Figo para apoiar Sócrates na campanha eleitoral que não se sabe no que deu, as “luvas” para aprovação do Freeport e sei lá mais quantas coisas bem mais interessantes para o país do que saber se Relvas conhecia ou não Silva Carvalho.
Já começam a fartar aquelas
carantonhas que, de tão bem que já as conhecemos, quase poderíamos substituir
numa falta porque com facilidade saberíamos o que dizer a propósito de qualquer
questão que se colocasse!
Parece-me que se estes
inteligentes emigrassem…
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