Por vezes, fico na dúvida se
fazer justiça é seguir regras e procedimentos pré-estabelecidos ou apurar os
factos que possam esclarecer o que aconteceu, para se tentar chegar à verdade.
Por tanta coisa que se tem
passado, fico na dúvida, também, se, no que diz respeito a Sócrates, um
personagem muito falado em casos como o do licenciamento do Freeport, a Face
Oculta, o apoio de Figo e outros, se tem feito tudo o que é possível para esclarecer
o que, de facto, aconteceu, as culpas que, porventura, tenha e há quem diga que
tem.
Este controverso personagem que
de impoluto nem sequer a imagem tem, em consequência de certos factos em que irregularidades
da própria licenciatura se incluem, mereceria ser esclarecido, culpado ou
ilibado de modo que não deixasse dúvidas, para que todos pudéssemos respirar de
alívio e recuperar certas confianças perdidas.
Não me esqueço que o Poder Judicial
não é um poder eleito pelo povo que é, segundo os preceitos democráticos, o
detentor do poder que delega em quem, depois, terá de lhe prestar contas em
futuras eleições! Mesmo assim, não pode o Poder Judicial considerar-se
dispensado de as prestar também. Isto significa que aquilo que faça terá de ser
entendido e apoiado pelo povo, porque é, supostamente, em nome do povo que o
Poder Judicial actua, o que me não parece que aconteça no caso das já tristemente
célebres escutas telefónicas entre Sócrates e Vara.
Porque um dos personagens era
primeiro-ministro na altura, é de uma competência especial, a do presidente do
Supremo Tribunal de Justiça, o julgamento da importância de escutas de
conversas telefónicas em que o primeiro-ministro intervém, como prova em casos
de julgamento de crimes graves. E foi por isso que foram mandadas destruir,
mesmo depois de um outro juiz as ter considerado importantes em casos em curso
de apreciação. E vale a decisão de uma pessoa em vez da de um tribunal. Estranha
forma democrática de julgar!
Mas as famosas escutas de
conversas telefónicas entre Sócrates e Vara que já foram mandadas destruir,
talvez até por mais de uma vez, ainda existem e diz o juiz de Aveiro que serão oportunamente
destruídas e que não permitirá a sua consulta pela defesa de arguidos que a
consideram indispensável para a sua defesa!
Deste modo, ninguém poderá
impedir seja quem for de pensar que algo estará errado nisto tudo que deveria
ser melhor esclarecido, a ponto de qualquer de nós o compreender, em vez de,
simplesmente, ter de o aceitar “porque é assim que está determinado que seja”!
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