ACORDO ORTOGRÁFICO

O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

ESCREVER A MÚSICA NUM PAPEL SEM PAUTA...

Passou-me pelos olhos mais uma daquelas notícias que fala das intenções do Governo para taxar isto ou aquilo para conseguir arranjar mais dinheiro com que reduza a diferença, sempre grande, entre o que gasta e o que consegue amealhar.
Depois dos cigarros e das bebidas alcoólicas, além de outras coisas mais, são agora os alimentos salgados e de elevado valor calórico que estão na berlinda! Em excesso fazem mal à saúde, é verdade. Como fazem os cigarros e o álcool que já pagam elevadas taxas. Combater o seu consumo é, pois, uma medida de louvar, o que não significa que o seja do modo simplista como se pretende fazer, assim a modos como quem arrebanha mais um pouco de cotão no fundo de um bolso já vazio!
Seria, pois, o Ministério da Educação que mais disso se deveria encarregar porque é de uma questão de educação que se trata. Mas como a educação é um processo longo e trabalhoso, ficam as medidas ligeiras e imediatas como recurso num processo que, deste modo, jamais terá um bom final.
Há na física uma lei, a da continuidade, que, de um modo simples se pode enunciar assim: o que fica é a diferença entre o que entra e o que sai!
No fundo, nas contas do Estado, é a lei da continuidade que se aplica. Porém, não o poderá ser deste modo simplista como o Governo o faz. Olha em volta e pergunta: onde é que eu hoje vou cortar na minha despesa ou arrecadar na minha receita?
E aumenta impostos, fecha escolas e tribunais, reduz serviços, salários e pensões e, assim, vai equilibrando as contas que nunca estarão, deste modo, equilibradas porque jamais faz a pergunta certa, aquela de saber onde aumentar a produção de riqueza no país!
Não tem o Governo, tal como a Oposição claramente mostrou não o ter também, um plano de futuro, um projecto de desenvolvimento do país, uma ideia de ordenamento do território nacional que norteie o que se faz, justifique que se tire daqui em vez dali, que se corte ali em vez de acolá, enfim, que racionalize seja o que for que se faça.
Afinal como está organizado o país? Quem conhece a sua organização administrativa? Onde se fixaram, em função da realidade actual, os polos de desenvolvimento estratégicos para rentabilização global dos recursos que possuímos?
Cada ministério faz as coisas a seu jeito, na base territorial que mais lhe convém, sem uma orientação de base que norteie o que faz.
Assim nunca teremos um país organizado mas uma manta de retalhos sem ponta por onde se pegue.
É como escrever música num papel sem pauta… Onde quer que se coloque a nota… sai sempre dó!
Depois de tanto tempo já em que medidas de efeitos mais imediatos eram indispensáveis, continua o barco a navegar à vista, sem que o patrão dê conta de que o mar encapelado promete desfazê-lo contra os rochedos da estupidez com que define a rota.


terça-feira, 29 de julho de 2014

NEM OS PORCOS TRIUNFARÃO!

Ontem pude ver, na comunicação social, os dois lados da mesma moeda!
Enquanto António Costa, no seu périplo através de um país farto de austeridade, fazia as promessas com que espera ganhar a simpatia de quem dele faça o próximo primeiro-ministro de Portugal, Medina Carreira, baseado nas conclusões que a análise séria da realidade permite retirar, põe a nu a demagogia dos propósitos irrealizáveis de repor pensões e salários de que Costa dá plena garantia num país que, apesar de todos os esforços feitos, continua a gastar mais do que amealha!
Estas são as promessas que nunca entenderei.
Portugal perdeu-se na ânsia de se tornar um país rico, em vez de ter como objectivo ser uma Terra onde se viva bem, com qualidade! Guterres entendeu-o bem quando se apercebeu da impossibilidade de um socialismo perdulário, em vez de trabalhador, que lançaria o país num atoleiro profundo.
Depois de ver tanta desgraça por esse mundo fora, quem sabe não será Guterres um excelente Presidente da república que pode ensinar a estes políticos que vivem na Lua que, afinal, o mal de muitos não nos trás qualquer conforto. Antes nos trás a realidade de um mundo no qual os pobres não poderão ser mais explorados em proveito de ricos que os votam à mais cruel ignorância que a desobriga da ajuda humanitária não disfarça.
Não poderemos ter a pretensão de reconstruir um país sobre mentiras ou, mesmo que o não sejam, sobre utopias irrealizáveis e, muito menos, desprezando quem, longe dos grandes centros, é sucessivamente privado do que lhe permitiria crescer, como se o propósito fosse reduzir o país a esta estreita faixa onde a pobreza também já alastra.
Parece que, deste modo, nem os porcos triunfarão!

sexta-feira, 25 de julho de 2014

UMA QUESTÃO DE SONHOS

Na antiguidade, os sonhos dos poderosos eram premonitórios. Havia quem os sonhasse e quem os interpretasse e deles tirasse os ensinamentos que podiam evitar as desgraças que o futuro pudesse trazer. Com eles se escolhiam os melhores dias para travar uma batalha ou para a evitar, se descobriam traições, se abortavam conspirações e sei lá mais o que…
Aconteceu com um faraó do Egipto que, depois de haver sonhado com sete vacas magras que devoravam sete vacas gordas, não encontrou nos seus intérpretes oficiais quem algum significado encontrasse em tão estranho sonho.
Foi então que lhe falaram em José, filho de Jacob, preso nas suas masmorras mas reconhecido pela sua capacidade de interpretação dos sonhos. Com ele aprendeu o Faraó o significado da míngua que sempre se segue à fartura e que, em vez do desperdício que a fartura sempre inspira, melhor será guardar o que falta fará mais tarde. E deste modo evitou que durante os sete anos de más colheitas que se seguiram a sete anos de fartura, o seu povo sofresse dura fome, porque teve o bom senso de guardar o que, se não avisado, teria sido, apenas, motivo de esbanjamento.
Há sempre um José qualquer que avisa sobre os maus efeitos dos exageros, sobre as desgraças a que as ambições desmedidas sempre dar lugar. Haverá, até, vários Josés que o fazem que levantam as suas vozes para avisar!
Mas falta o Faraó que os oiça e ponha em prática os ensinamentos dos que interpretam os sinais com que a Natureza sempre nos avisa dos perigos que se avizinham.
Nada melhor do que o bom senso pode livra-nos dos males a que a ganância nos conduz ou evitar as desilusões que a esperança num “salvador” pode causar.
Os sonhos que a ambição ou uma auto-estima exagerada fazem sonhar não passam de ficção delirante leva a pensar em “vagas de fundo” que nos façam generais de exércitos vitoriosos ou em capacidades excepcionais que cremos possuir, capazes de salvar o mundo das desgraças que tantos erros lhe causaram.
Mas porque não acredito em predestinados, sei que apenas um “milagre da multiplicação dos pães”  poderia trazer-nos, de novo, a fartura que julgámos ter e, sem bom senso, delapidámos em gastos excessivos.

Deve ser esse o milagre que Costa e Rui Rio esperam para tornar bem sucedida a aliança que de um fará presidente da república e do outro primeiro-ministro. 

  

quinta-feira, 24 de julho de 2014

O BES, A CAIXA DE PANDORA E A ESPERANÇA

(A propósito da notícia da detenção de Ricardo Salgado)

Depois dos dramas que foram e são ainda o PPN e o BPP, as notícias sobre o BES e o GES vão aparecendo em catadupas e dizem, até, que há muito mais ainda para saber. Se há ou não há eu não sei, mas penso que o que se passa não será mais do que o que seria de esperar que acontecesse neste banco, como em outros bancos quaisquer, após um longo período em que os jogos financeiros foram o divertimento que nos propuseram e no qual quase todos participámos como se jogássemos ao “monopólio”, comprando e vendendo nas melhores oportunidades para fazer dinheiro! Mas no final, feitas as contas, quase todos, senão todos, acabámos por perder. E por algum lado andará o dinheiro que perdemos a brincar num mundo de fantasia que, como que por milagre, se evaporou…
Não sei é para que servirá. Mas essa é outra estória.
Mas, depois da longínqua e insiginificante Dona Branca, de Madoff e de muitos outros, parece que sempre chega a hora de os donos da brincadeira prestarem suas contas também. Não que daí grandes beneficios retiremos, mas...
Uma confusão esta que, quando tudo parece encaminhar-se para alguma normalidade, põe a descoberto mais uma desgraça, talvez mais uma daquela que Zeus colocou numa caixa que entregou a Pandora, a primeira mulher que mandou à Terra, com a recomendação de nunca a abrir, pois nela haviam sido colocado um arsenal que poderia afectar a Humanidade, como todas as doenças do corpo e da mente, a discórdia, a guerra e sei lá mais quantas outras, às quais, porém, juntou o dom da esperança.
Não sei se entregue a um Homem seria melhor respeitada a vontade de Zeus, mas Pandora, curiosa como qualquer mulher, não resistiu. Abriu a caixa de onde saltaram as desgraças, mas fechou-a a tempo de ainda guardar a esperança que será, afinal, o que nos resta se a soubermos usar.
Não valerá a pena, perante tudo aquilo de que damos conta que se passa, fazer grandes considerações sobre esta estória da Mitologia Grega, porque as desgraças parecem andar à solta, mais até do que as que a velha lenda contava…
Fizemos do dinheiro a nossa preocupação e esquecemos o que, em princípio, justifica que o haja. Saímos da realidade para a ficção, da terra para as nuvens por onde andámos ao sabor da tempestade de asneiras que, em catadupas, fizemos.
Esqueceu-se o escriba de Zeus, o que fez a listagem do conteúdo da caixa, de mencionar o chamado “vil metal” que Pandora trouxe, também, para a Terra. A menos que o tenho considerado integrado nas doenças da mente. Talvez!
Mas por onde raio andará a caixa que ainda contém a esperança?



terça-feira, 22 de julho de 2014

QUE PROFESSORES?

Ser professor, seja de qual nível de ensino for, implica uma enorme responsabilidade que é a de fazer parte de uma equipa da qual muito depende a construção do futuro da sociedade da qual faz parte. Uma equipa cuja prestação deixará marcas indeléveis no futuro que, para ser sólido, deve ser bem construído.
Infelizmente, o professor deixou de ser aquela referência que, pela sua conduta e pelo seu saber, era um exemplo para os seus alunos e para toda a sociedade. Não passa agora de mais um trabalhador que se contrata ou se dispensa conforme as necessidades, como se de uma profissão vulgar se tratasse. Muito por sua culpa o é, não o devendo ser porque o que tem a responsabilidade de transmitir o conhecimento não pode ser, jamais, um cidadão vulgar.
Infelizmente, porém, numa sociedade onde médicos se recusam, em nome de interesses que não podem ser os que revelam, a prestar os cuidados urgentes sem os quais os pacientes sofrem mais ou até podem morrer, polícias usam a sua condição de membros de uma instituição de segurança para assaltar cidadãos confiantes, gente que se aproveita de posições especiais que ocupa para cometer actos reprováveis e tanto mais que poderia dizer, tornou-se difícil merecer o respeito e a consideração de que, outrora, certas profissões eram garantia.
Tudo se vulgarizou, se tornou banal e se reduz ao confronto que de uma democracia que não soube evoluir se tornou a marca.
As negociações não passam de tomadas de posição intransigentes que, na pretensão de defender os interesses da sociedade, mais não contemplam do que o seu próprio umbigo, numa estratégia de poder que cada vez mais nos torna, aos cidadãos comuns que pagam os seus devaneios, os “legos” com que tentam construir o pedestal que sustenta os seus interesses.
Fui responsável por ensinar muitos alunos aos quais, no final, tinha de considerar aptos ou não aptos para desempenharem funções sociais de elevada responsabilidade. Era um compromisso formal perante a sociedade que sempre levei muito a sério. Por isso, ensinar sempre foi, para mim, causa de enorme preocupação, pelo que sempre tomei como referência os que foram meus professores, para me não julgar a penas pela severidade ou brandura da minha consciência. As recordações boas e más que me deixaram, as atitudes que neles louvei ou reprovei foram os meus guias, porque não queria vir a ser recordado por incompetência, por maus juízos ou por uma conduta social que não fosse digna das responsabilidades que assumia, apesar da consciência que tinha de estar longe do nível de alguns professores extraordinários que, felizmente, tive.
Apesar disso, sempre senti a necessidade e, até, o forte desejo de ser julgado, avaliado, mas não daquele modo tradicional que nada avalia.
Por isso considero ser a avaliação um acto indispensável, a instituir de modo cada vez mais melhorado o que, por certo, só pode resultar de avaliações honestas e justas e não de negociações como se tornou vulgar fazer.
Hoje acordei com estridentes manifestações de professores que não querem ser avaliados e que, regidos por alguém que, pior do que maestro de charanga de aldeia, os instiga a actos nos quais me pareceram simples bandos de arruaceiros.
Não é minha intenção fazer qualquer juízo sobre o modo como o ministério da Educação tem conduzido o processo, mas apenas do modo como a sociedade se apercebe de tão importante questão e sobre os efeitos que nela causará. É que estamos a falar de professores! Serão?
Fiquei chocado!



domingo, 20 de julho de 2014

O SLOGAN DO MOMENTO: A LUTA CONTINUA, PASSOS PARA A RUA!


Pouca atenção tenho prestado a esta manifestação de interesses pessoais que as ditas “primárias” do PS efectivamente são.
Mas começo a aperceber-me de diversas manobras que, embora a elas associadas, as ultrapassam em estratégia e interesses, porém sem nunca entender como serão assegurados os interesses dos cidadãos comuns em nome dos quais sempre os interesses particulares são defendidos! O velho engodo com que os salvadores da Pátria enganam as multidões.
Se Costa se apresentou como o “salvador” do PS e da Pátria que os portugueses devem preferir para primeiro ministro, lá mais para norte, Rui Rio faz o papel pouco discreto de quem não deseja entrar no jogo. Porém, se uma ”vaga de fundo” acontecer, reclamando que preste os seus serviços ao país onde, como diz, “a crise económica e filha da crise política”, ele não hesitará em avançar.
Ao mesmo tempo e perante o cenário mais do que provável de as eleições não serem tão determinantes como o PS gostaria, Costa pisca o olho ao ansioso Rui Rio dizendo que se for candidato a primeiro-ministro e não conseguir a maioria absoluta não faz o menor sentido construir uma alternativa com este PSD. Mas, se na sequência da derrota eleitoral os sociais-democratas mudarem de liderança, a conversa é outra: "Se me diz: o PSD perde as eleições e muda e aparece outra direcção e tem outra política... Se o PSD for outro PSD com certeza que a conversa também é outra conversa".
Por sua vez, Seguro adopta outra estratégia que é piscar o olho aos eleitores do PSD que, diz não ter dúvidas, com ele votarão PS para garantir a estabilidade.
E fico sem entender quais são, afinal, as soluções para salvar o país seja com a aliança ou com a transfusão que não passam de estratégias alternativas para chegar ao poder que todos querem sem nos dizerem o que com ele vão fazer. O mesmo de sempre… certamente.
Mas uma vítima haverá, a menos que, por obra de um milagre qualquer que possa acontecer, conseguir maioria nas eleições. Será Passos Coelho o homem que, diga-se o que se disser, foi capaz de, se não pela melhor maneira mas pela que foi possível, ser suficientemente teimoso para evitar desgraças maiores. Não é o meu ídolo, mas é, mesmo assim, o menos mau de todos.
Entretanto, esquecidos os verdadeiros carrascos do país, a festa vai continuar com novos actores e apenas uma coisa me apetece dizer: a crise política, sem dúvida, continuará seja qual for o resultado destas primárias inovadoras, porque os problemas não são criados pelo Passos Coelho que todos transformam no bode expiatório dos maus momentos que vivemos, mas sim pela falta de sentido de Estado dos ambiciosos pelo poder.
Continuamos cegos, enquanto as desgraças vão acontecendo, venham do BES, da PT ou seja de onde for, porque mais ainda vão acontecer neste mundo financeiro assente sobre equívocos e mentiras que o tempo, inexoravelmente, vai fazer ruir, sejam Costa, Rui Rio ou quem for que ganhe esta luta inglória pelo poder que, sem juízo, não será de ninguém.


sábado, 19 de julho de 2014

“QUANDO O ÚLTIMO PEIXE FOR PESCADO… “

Quando a última árvore tiver caído,
quando o último rio tiver secado,
quando o último peixe for pescado,
vocês vão entender que dinheiro não se come!
(Greenpeace)


Cada vez são melhor conhecidos os efeitos desta civilização que usa a Terra como sua quinta em vez de a considerar como a sua única casa que é.
Apesar de ser assim, cada vez menos prestamos atenção aos efeitos desta ambição desmedida que, dia a dia, vai destruindo os equilíbrios dos quais depende a vida que, assim, desparecerá a pouco e pouco.
Não prestam atenção aos perigos de uma civilização assassina as manifestações oportunistas dos que, sem os sentir, os mencionam, nem as declarações hipócritas dos que propõem procedimentos que instigam ao consumismo do qual criticam os efeitos. Recentemente me referi à apresentação de um livro que considero um atentado à coerência e ao decoro de quem faz do socialismo o abuso do “bem-estar” que a Natureza não consente e não a justa repartição do que ela, sustentadamente, nos pode dar, aqui ou em qualquer parte do mundo. Como falar do que sentirão os prevaricadores quando tantos milhões que o não são o sofrem já na pele?
Não chegaremos ao extremo de ver a última árvore cair, o ultimo rio secar nem o último peixe ser pescado porque, bem antes disso, sofreremos as consequências dos excessos que cometemos neste capitalismo desenfreado, esbanjador de recursos naturais, ou neste socialismo hipócrita e incapaz de viver sem o dinheiro que o capitalismo lhe proporciona para satisfazer os caprichos que confunde com direitos.
Era minha intenção falar sobre uma notícia que li sobre um estudo feito entre 1970 e 2002 e mostra que, nos últimos 50 anos, metade dos corais das caraíbas desapareceu e o restante tende a desaparecer, mas dei comigo a divagar sobre as preocupações que me causam os excessos de um modo de viver perdulário.
A questão é que a morte dos corais se deve, sobretudo, ao desaparecimento dos peixes que comem as algas que os afectam e os destroem, em consequência da pesca intensiva.

Por todo o mundo, esses habitats riquíssimos e indispensáveis estão a ter problemas sérios que, tal como outros problemas ambientais, afectarão seriamente a nossa vida.

   

O AVIÃO QUE ESTAVA NO SÍTIO ERRADO

O abate de um avião comercial da Malaysia Airlines que, na sua rota normal, voava a 10.000m de altitude com 298 pessoas a bordo, no leste da Ucrânia próximo de Donetsk, só pode ser, tal como por alguns já foi considerado, um crime contra a Humanidade.
É nesta perspectiva que, na realidade, tal acto deve ser considerado e devidamente punido, a menos que o mundo esteja disposto a sofrer as consequências da impunidade que possa acontecer, tanto mais que não é este o primeiro caso que acontece. Ditadores da Líbia e da Coreia do Norte já fizeram o mesmo…
E apetece-me pensar que, afinal, a ONU para pouco ou nada serve porque se tornou num areópago ridículo onde o criminoso pode vetar o seu julgamento!
Seguiam no avião quase três centenas de pessoas, a maioria das quais tinham como propósito participar num congresso sobre a cura da SIDA, na Austrália, pelo que morreram muitos dos que nos faziam ter a esperança de uma próxima cura para tão terrível doença.
Mas outra coisa me deixa triste e me repugna, a falta de personalidade desta União Europeia caduca que não consegue, neste caso como em outros quaisquer, ter uma atitude digna de um grande espaço. Pelo que o não é!
Quanto à diplomacia, é cada vez mais a arte de iludir a realidade e, como as circunstâncias o comprovam, não resolve rigorosamente nada para além de "varrer as porcarias para debaixo do tapete"!
Como se resolvem, então, as coisas? Não conheço outra maneira senão com a dignidade que a política deste mundo nem sabe o que seja!
Por isso não terão sido os terroristas pró-russos da Ucrânia, equipados com equipamentos sofisticados que a União Soviética em reconstrução lhes fornece, quem abateu o avião. Este é que estava no sítio errado no momento de ser abatido!
É deste modo que a diplomacia resolve as coisas e, depois, como Pilatos, lava as mãos.



quinta-feira, 17 de julho de 2014

CONTINUA A CEPA TORTA OU VAMOS, FINALMENTE, ORDENAR O TERRITÓRIO?

(Este mapa mostra a densidade populacional e, bem assim, a desertificação do Interior)

Não há dúvida de que, passado o período de emergência financeira, é hora de lançar mão à enorme tarefa de equilibrar e desenvolver o país como um todo que é.
Maria Luis Albuquerque, ministra das finanças, define como prioridade a diminuição da despesa pública considerando-a, tal como à carga fiscal, excessiva. Por isso, a ministra considera a redução destas duas cargas um imperativo, com especial tónica na redução da despesa pública que considerou “uma tarefa que convoca todos”, nomeando especialmente governantes, autarcas, deputados, dirigentes e trabalhadores do sector público.
Mas eu não deixaria fosse quem fosse de fora, tampouco o Tribunal Constitucional, porque é hora de agir com bom senso e total equidade que as múltiplas interpretações que se fazem da lei não consentem, quer para minimizar os desequilíbrios que abusos e mais abusos foram estabelecendo ao longo de um PREC que nunca chegou a ter um fim, quer para distribuir, ponderadamente, os deveres que a todos competem na dura tarefa de construir um futuro digno do Portugal que dos nossos Maiores herdámos.
É hora de pensar com o cérebro por inteiro, não apenas com o que conhece as finanças, fazer mais do que o tira daqui para por ali, acabar com a política do corte e da contestação, como se tudo na vida se reduzisse a gerir o dinheiro que existe.
E não me venham com os direitos de uns que os são os outros a pagar! É uma conversa idiota que terá de acabar.
A vida é muito mais do que isso, pelo que não será apenas por aí que o futuro se traçará.
Concordo com a ministra sobre o excesso da carga fiscal e da despesa pública e, por isso, com o esforço para reduzir ambas. Mas não basta!
A redução da despesa não pode ficar-se pelos cortes seja do que for porque terá de passar pelo Ordenamento Global do Território nacional, o que passa por um plano de futuro que se prende com o anular de outros desequilíbrios e com aproveitamento racional dos recursos.
Há anos e anos que se não faz um reforma administrativa digna desse nome neste país. A que vigora, do tempo do Estado Novo, nunca teve um significado global porque as Províncias, de facto, nunca o foram, como já nem os Distritos o são.
Em vez disso existem umas regiões que nem farão grande sentido porque assentam apenas num critério geográfico mais ou menos horizontal, sem a consideração de parâmetros económicos e sociais que permitam uma definição criteriosamente ponderada.
Não se criam verdadeiros polos de desenvolvimento. Pelo contrário, mais parece uma “divisão” para reinar do que uma organização para rentabilizar um território a que nos damos ao luxo de ignorar na sua maioria!
Por isso não fazem sentido os “arranjos” disto ou daquilo, sejam o Mapa Judiciário, o Mapa Escolar, o Mapa da Saúde ou outros quaisquer, cada qual parido por sua mente brilhante, porque todos eles deveriam subordinar-se a um critério único que seria o seu denominador comum mas que, por assim não ser, não mais será do que mais um divisor entre tantos que temos multiplicado.
A continuar assim, não vamos passar da cepa torta!


segunda-feira, 14 de julho de 2014

A CRISE DA CIVILIZAÇÃO. ENTRE MOHAN MUNASINGHE E MÁRIO SOARES…

Convidado para o II Congresso Mundial de História do Ambiente, em Guimarães, Mohan Munasinghe que foi Vice-Presidente para o Painel Intergovernamental Para as Alterações Climáticas das Nações Unidas, alertou para os paralelismos entre a conjuntura global actual e as situações críticas por que passaram as grandes civilizações da história antes do seu desaparecimento.
Diz Munasinghe e notamo-lo todos nós que os problemas tomam hoje uma dimensão global em vez da dimensão restrita do passado, sendo mais complexos os problemas que enfrentamos agora.
Da complexidade dos problemas nos dá ideia o esforço que os “especialistas” têm feito para os enfrentar e, mesmo assim, sem soluções que os resolvam.
É uma ideia que fui criando a observar as sucessivas crises por que a “economia” passou ao longo do tempo que vivi e me deu a noção do limite que, inevitavelmente, alguma vez iria atingir.
Por isso o que diz Munasinghe ma faz recordar as minhas próprias preocupações de há tanto tempo, assim como a noção que tenho de ser a História o grande mestre que nos pode ensinar o que evitar para não repetir erros fatais que tantos danos causaram.
Diz o físico, natural do Sri Lanka que “Se olharmos para a ascensão e queda das civilizações no passado há sempre três factores críticos: a forma como a sociedade está organizada, a forma como a prosperidade é criada e partilhada e o ambiente que suporta todas as actividades sociais e económicas. Chamo-lhe o triângulo do desenvolvimento sustentável. As sociedades que floresceram são capazes de usar os recursos eficientemente e de uma forma sustentável e entram em colapso, habitualmente, por causa do consumo e do uso excessivo de um ou mais recursos”.
Não vale a pena repetir aqui o muito que já disse nestas minhas reflexões e continua disponível no bloque para que sentir a curiosidade de o ler ou recordar.
Limitar-me-ei a citar Mário Soares (!!!), apesar de o considerar um dos mais perigosos instigadores do caminho que seguimos na via da destruição que parece não termos coragem de evitar: “(temo)  o fim da Terra tal como a conhecemos e que devemos ouvir os cientistas que alertam para os riscos que ela corre e são de uma gravidade espantosa!”
E pergunto-me por que os não escuta quando diz os seus disparates.
Vou rir ou vou chorar?
Não vale a pena uma coisa nem outra porque há que aceitar a estupidez humana tal como existe e nada parece ser capaz de erradicar!


sexta-feira, 11 de julho de 2014

E SE O GOVERNO FOSSE DEMITIDO OU SE DEMITISSE?

Arménio Carlos, o Secretário-Geral da CGTP, prepara grandes manifestações para pedir a demissão do Governo. Já! Porque a considera necessária para “inverter” esta política que, como também diz, é de espoliação e nos está a empobrecer.
Evidentemente, não acredito que tais manifestações em que os manifestantes, além dos tradicionais autocarros, já alugam comboios para mil pessoas produzam algum efeito no Governo, na Presidência da República ou seja onde for e, por isso, não haverá demissão alguma.
Mas admitamos que, por obra e graça de algum santo, o Governo de demitia. Que poderemos imaginar que aconteceria?
As sondagens mostram um PS em clara curva descendente enquanto o PSD cresce e coloca a diferença das intenções de voto em apenas 5%, o que coloca, de novo, a “maioria” na frente porque o CDS alcança cerca de 7%..
Não parecendo credível que o PS se alie aos países à sua esquerda para constituir uma maioria, o que sucederia se houvesse eleições?
Creio até que teria o Governo todo o interesse em provocar eleições que lhe poderiam granjear vantagens significativas se fosse esse o seu propósito, pois dificilmente outra maioria se formaria com os resultados das eleições que agora acontecessem.
Então para que esta azáfama manifesteira com o propósito de que o Governo seja demitido ou se demita com base num propósito que ninguém esclarece como se alcançam? Para verificarmos depois que mudar por mudar não é solução?
Uma mudança vale a pena se for esclarecido e comprovado o modo como se alcança. Só assim valerá a pena.



PRIMEIRO, ABRI A BOCA DE ESPANTO! DEPOIS …

De cravo ao peito, Mário Soares apresentou o seu livro “Em Defesa do futuro”, afirmando temer o fim da Terra tal como a conhecemos e que devemos ouvir os cientistas que alertam para os riscos que ela corre e são de uma gravidade espantosa!
Para Mário Soares que se refere aos perigos ambientais, afirma que eles resultam de uma globalização que se transformou num “fenómeno Absurdo”.
Acrescenta que aqueles que não pensam no futuro da nossa Terra contribuem para a pôr em risco, só querem ganhar dinheiro e nem percebem que serão as primeiras vítimas!
Escrevo este blog de “reflexões em tempo de crise” desde 2005, um ano em que tudo parecia correr bem e o socialismo que nos governava era um verdadeiro “Pai Natal” que distribuía benesses maiores do que a riqueza que produzia mas que o dinheiro que pedia aos mercados capitalistas financiava.
Estranha simbiose que, por mais de uma vez, nos colocou às portas da bancarrota.
Mas muito antes disso já as questões ambientais mereciam a minha preocupação e penso ter sido, até, o primeiro a falar de tais assuntos em meios políticos, numa conferência que fiz no IPSD na década de setenta do século passado, bem como fui autor de muitos textos sobre tais questões, publicados em diversos suportes.
Gastava-se, à tripa forra, o dinheiro dos que, como diz Soares, só querem ganhar dinheiro, os que não pensam no futuro da nossa Terra e, por isso, Soares considera culpados dos males ambientais que nos afectam e dos quais serão, como também diz Soares, as primeiras vítimas.
Só que não serão eles as primeiras vítimas porque essas somos nós que nos deixámos embalar pelo canto de sereia de governantes como Soares que, agora, considera absurdo o fenómeno da globalização quando, afinal, absurda é a ideia de serem infinitos os recursos naturais de cuja exploração provém o dinheiro dos ricos que financiam as conquistas e os direitos que o socialismo consagra e é a causa dos impactes ambientais que Soares afirma lhe causarem tanto receio.
Desde há muitos anos que dou relevo a questões às quais políticos, como Mário Soares, nunca prestaram atenção, pelo menos nas atitudes que assumiram como governantes e menos, ainda, nas suas exigências de regresso a um passado levianamente gastador, para o que exigem a imediata demissão do Governo.
Ainda até há bem pouco tempo os mais poderosos senhores do mundo desprezavam os tais alertas dos cientistas que, agora, Soares entende deverem ser escutados.
Mas depois de Obama que, finalmente,com tímidas promessas diz ir tomar algumas medidas para contenção dos danos ambientais e dos continuados esforços de Al Gore para chamar a atenção para os riscos graves que a Humanidade corre, Soares toma uma atitude que, a meu ver é mais patética do que respeitável, porque em nada confere com as demais atitudes que tomou e toma, nem com as ideias políticas que defende. 



A UNIÃO FAZ A FORÇA!

O BES bem pode servir de exemplo ao país onde os desencontros, as desconfianças e as lutas pelo poder causam maiores problemas e maiores danos do que os possíveis erros que o Governo possa cometer, como é natural que qualquer governo cometa.
Um banco que se guindou ao topo da banca privada nacional acaba por sair das mãos da família que o criou e o reergueu mas que, porque se desentendeu, acaba por perde-lo.
As guerras são isto mesmo, eventos estúpidos em que todos acabam por perder, declarando-se vencedor o que menos perde!
No meio de tudo isto, não sei se o BES está bem ou está mal, se é ou não confiável para os seus depositantes, se constitui ou não um risco para as finanças nacionais, se sofre ou não de um mal que pode contaminar a banca europeia porque o Governo e o Banco de Portugal afirmam que está bem. Mas também há quem nisso coloque dúvidas, como ouvi já em programas em que os “analistas” do costume já lhe fazem o réquiem, ao BES e a outros mais  e até os “mercados” se amedrontaram com o que esteja ou pareça que está a acontecer.
Depois de uma crise que, dizem, salvou a banca europeia dos mais efeitos das dívidas institucionais que seriam causa de um desastre sem tamanho, parece que à crise que pareceu salvá-los e ainda persiste se junta a crise da banca que, afinal, se não livrado dos problemas como se julgava.
Esta situação do BES não é uma situação nunca vista. Pelo contrário, é uma situação que se vê, em maior ou menor grau, milhares de vezes nestes tempos de confusão em que nada parecer ser o que é, como nada é o que parece ser! É o desnorte que acontece quando a mentira se traveste de uma verdade difícil de sustentar.
Uma coisa me parece certa, todos procuram que pareça estar bem o que bem não está, esperando que o naipe de mezinhas, supostamente outrora eficazes, façam o efeito que não fazem, curem os males que não curam, resolvam os problemas que continuam por resolver.
Infelizmente, ando há anos a escrever que chegámos ao fundo de uma mina que explorámos depressa demais até quase a exaurir.
Não creio que, mesmo nos longos prazos já estimados para, enfim, possamos começar a melhorar, sejam bastantes para afastar de nós os problemas que esta crise causa.
Não valerá a pena gastar muitas palavras para falar de uma questão que talvez se possa colocar melhor perguntando assim: tem lógica chamar crise a uma doença terminal?
Quando voltaremos a dar ouvidos aos que há muito já nos ensinaram que é a união que faz a força?
Deveríamos por um fim às guerras que nos destroem e, todos juntos, deitar mãos à obra de reconstrução enquanto houver ainda o que reconstruir!



OS PLÁSTICOS E A FISCALIDADE VERDE

Uma das sequelas mais graves do consumismo que mantém esta economia que tem de crescer constantemente para não morrer, é a enorme produção de resíduos, dentre os quais os mais difíceis de controlar são os plásticos, quer pela enorme quantidade produzida quer pela muito difícil biodegradação que os mantém por um período de tempo de muitas centenas de anos!
Tendo como principal matéria prima o petróleo, o plástico tem usos muito diversificados em embalagens, peças de mobiliário, vestuário, calçado, máquinas, carroçarias e muitas coisas mais das quais, depois de utilizadas, temos de nos desembaraçar.
A produção de plásticos é recente de umas quantas dezenas de anos e o seu uso tem aumentado progressivamente em quantidade e em tipos de utilização, tornando-se a sua deposição final um problema cada vez maior.
Apesar das campanhas de reciclagem que, infelizmente, não abrangem a sua maior parte, os plásticos usados espalham-se por toda a parte, nos continentes e nos oceanos onde já formam ilhas enormes cujas áreas, apenas no Pacífico e segundo a Agência Americana para os Oceanos e Atmosfera, ultrapassam mais de uma dezena ou dezena e meia de milhões de quilómetros quadrados.
Já em 1997 se estimava que, no Oceano Atlântico, existiriam mais de 500.000 peças de plástico flutuantes por quilómetro quadrado o que, considerando as quantidades que afundam, fazem deste tipo de poluição marinha um problema gravíssimo.
Enormes concentrações de plásticos devem acontecer nos diversos oceanos, em locais que a existência de correntes circulares as facilita.
As consequências desta poluição são muito graves e ainda é recente a notícia da morte de uma baleia azul próximo da costa holandesa, por ingestão de cerca de 20 quilos de plástico.
É cada vez mais evidente a necessidade de tomar medidas profundas e decididas para evitar males maiores e irreversíveis como, aliás, acontece com outras consequências da economia que adoptámos e, tudo leva a crer, entrou já no beco de onde dificilmente sairá.
Não me surpreende, pois, a notícia de uma proposta da Comissão para a Reforma da Fiscalidade Verde que pode levar a que cada saco de plástico num supermercado custe 10 cêntimos, uma medida desencorajante da sua cada vez maior utilização.
Por tudo quanto ficou dito, será uma medida que se insere num conjunto mais vasto mas indispensável à qual, no entanto, os interesses económicos já reagiram através da Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED) que classificou de incompreensível, absurdo e desproporcionado o imposto de dez cêntimos sobre cada saco de plástico.
Mas é cada vez mais inevitável o confronto duro entre a realidade ambiental e os interesses económicos que a afectam, a menos que nos entreguemos nas mãos de um destino que, tudo leva a crer, não será feliz.



quinta-feira, 10 de julho de 2014

RECORDAÇÕES

Recordo-me do tempo que havia apenas dois jornais desportivos em Portugal. Creio mesmo que terei ainda dado conta de ser apenas um, a Bola que nasceu para ser o órgão oficioso de Benfica. O Mundo Desportivo terá aparecido depois.
A eles se juntou uma revista, Stadium, que não teve vida longa e cujo director creio ter sido Mário Simas, um grande nadador que nunca mais esqueci.
Lia os jornais de Sábado em que os “especialistas” publicavam as suas previsões, cientificamente apoiadas, para os jogos que decorriam, invariavelmente, ao Domingo.
Domingo era o dia de S Futebol e, em Lisboa onde os dois grandes rivais se encontravam, a Carris estabelecia carreiras especiais desde diversos pontos da cidade. Convergiam todas no Campo Grande, onde Benfica e Sporting tinham os seus estádios (ou seriam ambos do Sporting?) onde milhares e milhares de pessoas, por vezes famílias inteiras, se juntavam para ver o jogo! Ou até os jogos porque jogavam os juniores, as reservas, eu sei lá.
Interessante era, depois, ler os números publicados na Segunda-Feira e comparar as previsões com os resultados!
Cedo aprendi não ser a futebolística uma ciência exacta. Mas a cegueira cubista dos redactores superava isso com explicações tão “científicas” como as suas previsões falhadas e que, pensavam, atenuariam os “melões” crescidos em dia de Missa.
Lembro, até, de algumas anedotas ilustradas que eram publicadas, como uma em que o Francisco Ferreira, médio do Benfica, fazia de barbeiro que perguntava ao Peyroteu, sentado na cadeira, Ó freguês, a navalha incomoda?
Curiosamente, no dia seguinte Peyroteu, como era seu hábito, marcou uns golitos ao Benfica!
Enfim, tempos em que as brincadeiras não passavam muito disto, da inevitável rivalidade que o desporto sempre desperta.
Mas hoje é diferente! O futebol virou negócio chorudo no qual vingam os espertalhões!
E o Sporting, onde a esperteza foi outra, perdeu o passo e, com isso, a superioridade tão flagrante nos seus tempos áureos que levou alguém a escrever, a propósito de uma táctica então em voga, os quatro em linha, que o Sporting adoptava uma táctica que era só sua, “quatro em linha e ele à frente”!
Agora, a Bola, o Record, o Jogo e milhares de programas radiofónicos e televisivos, parecem não bastar para satisfazer a clientela ávida de novidades e de confrontos.
Tornaram-se milhares os que vivem de falar e de escrever do desporto do pontapé na bola e nem sempre a matéria é bastante para os alimentar. Também os interesses se tornaram outros, com guerras que se travam para travar a transparência que, mesmo sendo própria do desporto, não convém aos que o futebol fez milionários.
No meio de tudo isto, o Sporting vai conseguindo, para bem do desporto nacional mas para desespero de muitos, recuperar pouco a pouco o que, ao longo de anos de espoliação, perdeu.
Depois da simpatia que sempre despertam os coitados, passou a despertar a ira dos inconformados que temem perder as mordomias que foram conquistando enquanto o leão dormia.
Por isso, inventam-se estórias, montam-se teorias, dizem-se disparates, trocam-se insultos e há, até, “inteligentes” que viram burros quando a clubite aguda ataca.

Que delírio! E ainda chamam de saudosistas os que suspiram pelos “bons velhos tempos”.


quarta-feira, 9 de julho de 2014

CLARO QUE, NA DIREITA OU NA ESQUERDA, O PODER CORROMPE

Não é preciso provar o que é evidente. O poder corrompe mesmo.
São inúmeras as provas de que é assim em todos os cantos do mundo. Mas a confissão de um ex-guarda costas de Fidel de Castro que dá conta da fortuna enorme de um ditador populista, defensor incansável da revolução proletária, teórico da ideologia do nada ter que, em nome de princípios que pelos vistos não pratica, cria condições para acumular uma fortuna enorme, é algo que eu não esperava.
Quantas vezes cheguei a sentir alguma simpatia por um homem que leva o seu povo a não vergar a cerviz aos interesses do capitalismo selvagem, admiração por um povo que consegue ser quase feliz com muito pouco.
Mas quando, um dia, para efeitos de uma possível equivalência, tive de analisar o currículo de um curso de engenharia cubano, pude ver como era intensiva a catequização e a lavagem cerebral cujo horário excedia os das matérias do próprio curso, o que me revelou a medida das fortes pressões sobre um povo que, antes subordinado aos interesses capitalistas, facilmente se adaptou à exploração da ditadura do proletariado que não passa de uma ditadura como outra qualquer.
Uma fortuna imensa que inclui uma ilha (para além da própria Cuba), iates e mais de vinte casas, não parece coadunar-se bem com os princípios de igualdade que, afinal, faz todos iguais mas, como diz Orwell, faz uns mais iguais do que outros.
A revista Forbes coloca o revolucionário Castro entre os mais ricos monarcas e ditadores do mundo, com uma fortuna pessoal de mais de 900 milhões de dólares.
Tudo isto num país onde a pobreza é a situação normal dos cidadãos, onde nem toda a moeda é convertível para evitar que possa sair do país, faz-me pensar em histórias de outras revoluções que a História já reescreveu, mas de cujos resquícios podemos inferir a corrupção que faz multimilionários em países de miseráveis.
O pior é que ainda continua a haver quem vá na conversa dos que, dizendo defender a igualdade, espreitam a oportunidade de se tornarem os capitalistas cujos privilégios agora atacam.


terça-feira, 8 de julho de 2014

QUE BELOS TEMPOS OS DO JOÃO SEMANA

A primeira greve de médicos de que me lembro aconteceu em 1976. Uma greve a que aderiram outros profissionais de saúde e que paralisou toda a assistência de que os doentes necessitavam, aqueles em nome dos quais os clínicos fazem o célebre juramento de Hipocrates.
Obviamente haverá sempre desculpas para fazer uma greve, tanto mais que a Constituição nem sequer impõe que haja razões para a fazer!
Era eu adjunto do Almirante Pinheiro de Azevedo, então Primeiro Ministro de Portugal, quando recebeu o secretário geral do PCP que, a propósito daquela greve, lhe quis falar.
Depois de longos minutos em que o visitante tentou esclarecer o seu ponto de vista, o Almirante disse por fim: olhe, eu estava esperançado em que me trouxesse alguma ideia para eu poder resolver esta questão que muito me preocupa. Mas não trouxe! Assim e como ambos somos pessoas muito ocupadas, da próxima vez bastará telefonar-me e dizer “cassete número dois”. Eu fico a saber que são “manobras da reacção” e volto rapidamente ao meu trabalho.
Realmente, fazer críticas e dar palpites é fácil. Mas propostas concretas para resolver problemas…
Pouco as coisas mudaram desde então, a menos um intervalo em que, de conquista em conquista, se parecia ter atingido a felicidade. Todos andavam felizes porque o dinheiro parecia dar para tudo e, ainda, sobejar! Até que acabou.
E é aqui que outra recordação me aparece. A de uma anedota que o meu pai me contava, ao mesmo tempo que me alertava para as realidades da vida. A história bem conhecida da que, feliz, ia para a feira. Pergunta-lhe alguém por vê-la tão feliz – Onde vais Maria? Responde ela com voz jovial e bem sonante – Vou á feira!
Ao fim do dia, lá vinha a Maria com ar cansado. – De onde vens Maria? Em voz sumida responde – Venho da feira…
A feira passou e parece ter deixado saudades nos que nela bem se divertiram. Mas agora os tempos são outros e, fazendo jus ao velho ditado “pede o guloso para o desejoso”, lá vem outra greve dos médicos que dizem sofrer hoje “múltiplas restrições no seu desempenho profissional, estão confrontados com limitações ao exercício pleno das suas funções profissionais e sentem que a qualidade assistencial se vai desagradando”, como afirma o dirigente da FNAM Mário Jorge Neves. 
E pronto… só sabem trabalhar quando há fartura?
Que belos tempos os do João Semana!



PARA OS OUTROS, A CULPA É DA AZIA. PARA OS SPORTINGUISTAS DISTRAÍDOS OU MAL INTENCIONADOS, A CULPA É DOS CALÇÕES VERDES!

Ontem dei-me ao cuidado de andar de canal em canal, ouvindo os “doutores do futebol” a falar mal do Sporting cujo presidente só tem feito asneiras…
Escutar os que, naquelas tertúlias representam o Benfica e o Porto a vomitar baboseiras cujo mote o grande portista que é Miguel Sousa Tavares já lhes havia dado, é qualquer coisa que só encontra parecença em ataques de histeria onde a razão não tem lugar.
Mas o que acontece tem algumas fortes razões para acontecer!
Estavam o Porto e o Benfica comodamente sentados naquelas duas poltronas do topo que, sem preocupações de maior, os levavam direitinhos à “champions”, o que, só por si, já vale uns bons milhões, quando aparece um “puto”, vindo nem se sabe de onde, que entendeu que não deveria ser assim e, imagine-se, conseguiu ressuscitar um morto, assim a modos como Cristo fizera a Lázaro.
A alguns terá parecido um simples “levanta-te e anda” mas, na realidade, foi um trabalho extremamente árduo e ainda não terminado.
E o morto voltou ao mundo dos vivos e mostrou que estava mesmo vivo. Entrou directo na “champions” e prepara-se para nela não fazer má figura.
Ó meu Deus, isto é demais! Como pode um “pigmeu” ser tão impertinente? Há que cortar-lhe as vasas, faze-lo regressar ao seu lugar que é no mundo dos mortos de onde jamais deveria ter saído.
E nada melhor do que tentar tirar-lhe as forças sem as quais não pode viver, inventar revoltas e descontentamentos, entrevistas que não foram dadas, enfim… criar um ambiente que lhe faça ver que, afinal, melhor é voltar para o seu cantinho e não despertar a ira dos poderosos.
Mas são gente de vistas curtas. Gente que não conhece a História do maior Clube Desportivo Português, aquele ao qual o desporto em Portugal mais deve e cuja alma, felizmente, renasceu!
É disso que têm medo e, por isso, não conseguem disfarçar o desespero que sentem.
E o Presidente que, na luta de David contra Golias que o “establishement” lhe impôs, merecia a simpatia que sempre desperta o mais fraco e, sobretudo neste caso, o que se esforçava por realizar a impossível tarefa de ressuscitar um morto, deixou de merece-la porque, afinal, conseguiu os seus intentos. Passou a ser um rival de peso e há que dizer mal dele, desanimá-lo e desanimar-lhe as hostes, promover a revolução que o destrone, tanto mais que quer ficar ali 20 anos!!! Ora, que estultícia!
E até parecem consegui-lo junto de alguns sportinguistas descuidados que outros sportinguistas, nada descuidados, continuam a tentar manobrar de forma infame.
A propósito do que digo e porque jamais conseguiria dize-lo tão bem, aqui deixo reproduzida uma parte de um texto de Alex Nogueira que encontrei em “Viver Sporting”, decerto dirigido aos "distraídos" que fazem coro com as víboras:
“Excepção feita aos factos de:
ter renegociado e estabilizado a dívida;
ter enterrado o Espírito Santo do Sporting Comercial Português, e recuperado o Espírito Leonino do Sporting Clube de Portugal;
ter introduzido uma cultura de trabalho, responsabilidade e entrega total à causa leonina por parte de todos os atletas, técnicos e funcionários de todas as secções do clube;
ter reunido uma estrutura directiva competente e totalmente focada;
ter feito uma aposta inequívoca na melhor formação do mundo;
ter feito uma campanha plena de orgulho e cheia de vitórias, em todas as modalidades;
ter levado o futebol ao 2º lugar apesar de condicionado pelas "manhas", e de volta à Champions;
ter valorizado os jogadores como nunca aconteceu no clube;
ter passado a negociar intransigentemente;
ter recuperado para a SAD a totalidade ou grande parte dos passes de mais de 60 jogadores;
ter sido intransigente e persistente na denúncia e no ataque aos podres do futebol, da arbitragem, das "comissões";
ter falado alto, na altura certa, chamando os bois pelo nome e vaticinando um grande autoclismo para os dejectos que ainda pululam entre as nádegas do futebol;
ter iniciado um processo de revitalização, transparência e competência por onde passará, inevitavelmente, o futuro do futebol nacional;
ter criado o ambiente para uma união entre adeptos e clube numa extensão nunca vista em Alvalade;
ter lançado a construção do pavilhão e a SportingTV;
ter reclamado e exigido para o Sporting o espaço que é seu por direito e dimensão colossal;
etc, etc...
...tudo o resto que fez, fez mal feito!!!
Dizendo de outra forma, ...tirando estas insignificâncias, tudo o resto foi só asneiras.
Por exemplo... os calções verdes!
É a causa de todos os males!”


segunda-feira, 7 de julho de 2014

A DOENÇA DA PELE CURTA

Não ficaria bem contar aqui a anedota de que provém este modo de dizer acerca de uma insuficiência que também é a de alguém com uma manta pequena para se tapar e, por isso, tem de decidir entre o que fica a descoberto, se os ombros se os pés.
Parece-me ser esta a grave questão com que se debate a economia europeia, cheia de problemas que, infelizmente, não se resolvem com soluções limitadas como aquela com que o Europgrupo tenta por em prática com a proposta de baixa de impostos directos sobre o trabalho que considera demasiado elevados em 11 países europeus.
Alemanha, Áustria, Bélgica, Estónia, Espanha, França, Holanda, Itália, Letónia, Luxemburgo e Portugal são os países referidos pelo Eurogrupo que, apesar dos esforços por alguns já levados a cabo, considera ser preciso fazer muito mais. Afinal, é a necessidade de fazer muito mais aquilo em que mais temos ouvido falar nesta azáfama de procurar soluções que, depois, se mostram insuficientes e novas soluções tornam necessárias.
A solução proposta pelo Eurogrupo faz parte daquelas das quais nada resulta porque, naturalmente, a descida dos impostos directos sobre o trabalho terá de ser compensada com outras medidas, sem o que será prejudicado o equilíbrio orçamental. Os cortes na despesa serão inevitáveis e, nesse domínio, serão as pensões e os salários da função pública que mais sofrerão, assim como os impostos indirectos terão de ser aumentados e por aí fora, numa sucessão de consequências que criarão novos problemas que carecerão de novas soluções…
O que será necessário para que seja entendido que o caminho não é este porque sempre leva a escolhas quanto ao que se vai prejudicar. Tal como na doença da pele curta!



sábado, 5 de julho de 2014

FAZER O QUE, JOVEM CHRISTINE?

Que o mundo é dos jovens que, em número e em expectativa de vida, eram, de facto, o futuro da sociedade, foi o que sempre ouvi dizer.
Estava certo que fosse assim mas, desde há algum tempo, as coisas mudaram. Os idosos tendem a ser em maior número em consequência de uma maior longevidade e, também, pela redução do número de nascimentos que se tornaram um enorme inconveniente na carreira profissional das mulheres cada vez mais envolvidas nesta economia que vai destruindo a sociedade da qual a família sempre foi o cerne.
Em Portugal, o número de idosos (mais de 65 anos) já ultrapassa o número de jovens (até 15 anos) e o número de indivíduos na chamada idade activa é cada vez menor, o que altera profundamente os equilíbrios financeiros de uma economia que é, simultaneamente, o réu e a vítima num processo de autodestruição difícil de controlar. E como é habitual acontecer em casos destes que, apesar de naturais, furam certas convenções em que nem todos contam por igual, esta tendência acaba por originar tomadas de posição patéticas.
Depois de chamados de “epidemia grisalha” pelos que os consideram parasitas da sociedade, os idosos foram alvo de declarações do ministro das finanças japonês que afirmou deverem os idosos morrer mais depressa para não prejudicar a economia. Agora, idênticas declarações fez a “jovem” Christine Lagarde, directora do FMI, que os considera responsáveis por riscos financeiros graves, pelo que será necessário fazer qualquer coisa!
Disparates tenho ouvidos muitos, mas muito poucos como este da “jovem Cristina” que, na sua afirmação de fazer, não chega a dizer o que, mas...
... fez-me recordar uma história de ficção que li há muito tempo, tão estúpida que me não lembro nem do título nem do autor! Falava de um mundo "ultra organizado" em que os idosos tinham por destino uma espécie de “matadouro” onde eram transformados num material ao qual davam um nome esquisito que não recordo também, o qual, depois, se destinava a alimento dos que continuavam vivos mas que, um dia, seriam comidos, também!
Tenho pena de nem saber em que monte de lixo o deitei ou em qual caixote guardei tal livro se, porventura, o guardei, porque duvido que o tenha lido até ao fim. Podia recomendá-lo aos “jovens” ministro das finanças japonês e directora do FMI que, por certo, se sentiriam felizes por terem ideias que fazem parte do futuro que "Julios Verne" de trazer por casa prevêem e, mais do que isso, lhes poderia sugerir as soluções que talvez coincidam com as que imaginam mas não têm coragem para revelar.
Podem não ir ao ponto de matar. Mas que bem lhes agradaria deixá-los morrer à fome ou sem cuidados de saúde, disso tenho a sensação, pois duvido que se dispusessem a comê-los.



sexta-feira, 4 de julho de 2014

CONSELHO DE ESTADO, UMA SECA!

É, quanto a mim, saudável a persistência de Cavaco Silva na procura de consensos que possam levar a governação de Portugal por caminhos seguros e nos afaste do precipício profundo onde qualquer atitude menos prudente nos pode lançar.
Mas, tal como no anterior Conselho de Estado que tinha os mesmos propósitos deste que ontem aconteceu, a montanha nem um rato pariu e o Conselho de Estado uma vez mais mostrou a sua inutilidade na procura de soluções e na demonstração da determinação necessária para retirar Portugal da situação lamentável em que se encontra.
Porque, sobre o que se passou, melhor do que eu o pode fazer, aqui deixo o texto de Nuno Sá Lourenço em “o Público” de hoje, cuja leitura aconselho.
Verdadeiramente lamentável que as coisas se passem deste modo, à medida dos interesses de partidos ou, até, do poder judicial que se politizou e faz um jogo do qual poderão resultar sérios inconvenientes.

http://www.publico.pt/politica/noticia/conselho-de-estado-sem-mario-soares-e-alberto-joao-jardim-1661563#/0




quinta-feira, 3 de julho de 2014

O CONSELHO DE ESTADO E O SEXO DOS ANJOS

Cavaco Silva reúne hoje, de novo, o Conselho de Estado para analisar o Pós-Troika, coisa que, como qualquer bom senso diria, deveria há muito estar esclarecido e ter orientado as nossas atitudes durante o período da sua intervenção.
Ninguém está seguro quando se aventura no desconhecido sem, antes, ter definido o caminho que vai seguir para o ultrapassar em segurança. É a velha questão de fazer sabendo o que se pretende alcançar ou, simplesmente, esperar pelo que aconteça, como se tornou norma fazer em Portugal.
Assisto ao que, sós ou em grupo, dizem os analistas do costume que, qual bando de corvos, voam de televisão em televisão a dizer sempre o mesmo, perdendo-se um recordações do passado e em previsões de curtíssimo prazo, sem a mínima ideia fazerem do futuro que outras forças e razões, para além das que conhecem, sem dúvida condicionarão.
Por isso, tal como na primeira reunião aconteceu, não espero que o Presidente da república consiga fazer vingar os seus intentos de levar o CE a discutir uma questão em que não parece interessado ou, talvez até, nem saiba mesmo o que seja ou não tenha capacidade para a discutir.
É mais divertido trazer para ali as tricas e nicas que na Assembleia da República gastam o nosso dinheiro e falar das minudências do dia a dia do que analisar das abragências que fazem o futuro e são, por isso, o mais importante de fazer para modernizar esta democracia míope, sem visão de longo prazo, da qual não parece conseguimos libertar-nos.
Seguro prosseguirá, certamente, na sua missão de reconquista do poder pelo PS em vez de se preocupar com o futuro do país, o Governo e o Tribunal Constitucional continuarão a mimosear-se com apartes de meninos birrentos que disputam o brinquedo que mais lhes agrada e os demais insistirão na nunca esclarecida questão do sexo dos anjos que, uma vez mais e obviamente, continuará por esclarecer.