ACORDO ORTOGRÁFICO

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sexta-feira, 11 de julho de 2014

OS PLÁSTICOS E A FISCALIDADE VERDE

Uma das sequelas mais graves do consumismo que mantém esta economia que tem de crescer constantemente para não morrer, é a enorme produção de resíduos, dentre os quais os mais difíceis de controlar são os plásticos, quer pela enorme quantidade produzida quer pela muito difícil biodegradação que os mantém por um período de tempo de muitas centenas de anos!
Tendo como principal matéria prima o petróleo, o plástico tem usos muito diversificados em embalagens, peças de mobiliário, vestuário, calçado, máquinas, carroçarias e muitas coisas mais das quais, depois de utilizadas, temos de nos desembaraçar.
A produção de plásticos é recente de umas quantas dezenas de anos e o seu uso tem aumentado progressivamente em quantidade e em tipos de utilização, tornando-se a sua deposição final um problema cada vez maior.
Apesar das campanhas de reciclagem que, infelizmente, não abrangem a sua maior parte, os plásticos usados espalham-se por toda a parte, nos continentes e nos oceanos onde já formam ilhas enormes cujas áreas, apenas no Pacífico e segundo a Agência Americana para os Oceanos e Atmosfera, ultrapassam mais de uma dezena ou dezena e meia de milhões de quilómetros quadrados.
Já em 1997 se estimava que, no Oceano Atlântico, existiriam mais de 500.000 peças de plástico flutuantes por quilómetro quadrado o que, considerando as quantidades que afundam, fazem deste tipo de poluição marinha um problema gravíssimo.
Enormes concentrações de plásticos devem acontecer nos diversos oceanos, em locais que a existência de correntes circulares as facilita.
As consequências desta poluição são muito graves e ainda é recente a notícia da morte de uma baleia azul próximo da costa holandesa, por ingestão de cerca de 20 quilos de plástico.
É cada vez mais evidente a necessidade de tomar medidas profundas e decididas para evitar males maiores e irreversíveis como, aliás, acontece com outras consequências da economia que adoptámos e, tudo leva a crer, entrou já no beco de onde dificilmente sairá.
Não me surpreende, pois, a notícia de uma proposta da Comissão para a Reforma da Fiscalidade Verde que pode levar a que cada saco de plástico num supermercado custe 10 cêntimos, uma medida desencorajante da sua cada vez maior utilização.
Por tudo quanto ficou dito, será uma medida que se insere num conjunto mais vasto mas indispensável à qual, no entanto, os interesses económicos já reagiram através da Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED) que classificou de incompreensível, absurdo e desproporcionado o imposto de dez cêntimos sobre cada saco de plástico.
Mas é cada vez mais inevitável o confronto duro entre a realidade ambiental e os interesses económicos que a afectam, a menos que nos entreguemos nas mãos de um destino que, tudo leva a crer, não será feliz.



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