Uma das sequelas mais graves do
consumismo que mantém esta economia que tem de crescer constantemente para não
morrer, é a enorme produção de resíduos, dentre os quais os mais difíceis de
controlar são os plásticos, quer pela enorme quantidade produzida quer pela
muito difícil biodegradação que os mantém por um período de tempo de muitas
centenas de anos!
Tendo como principal matéria
prima o petróleo, o plástico tem usos muito diversificados em embalagens,
peças de mobiliário, vestuário, calçado, máquinas, carroçarias e muitas coisas mais das
quais, depois de utilizadas, temos de nos desembaraçar.
A produção de plásticos é recente
de umas quantas dezenas de anos e o seu uso tem aumentado progressivamente em
quantidade e em tipos de utilização, tornando-se a sua deposição final um
problema cada vez maior.
Apesar das campanhas de
reciclagem que, infelizmente, não abrangem a sua maior parte, os plásticos
usados espalham-se por toda a parte, nos continentes e nos oceanos onde já
formam ilhas enormes cujas áreas, apenas no Pacífico e segundo a Agência
Americana para os Oceanos e Atmosfera, ultrapassam mais de uma dezena ou dezena
e meia de milhões de quilómetros quadrados.
Já em 1997 se estimava que, no
Oceano Atlântico, existiriam mais de 500.000 peças de plástico flutuantes por
quilómetro quadrado o que, considerando as quantidades que afundam, fazem deste
tipo de poluição marinha um problema gravíssimo.
Enormes concentrações de
plásticos devem acontecer nos diversos oceanos, em locais que a existência de
correntes circulares as facilita.
As consequências desta poluição
são muito graves e ainda é recente a notícia da morte de uma baleia azul próximo
da costa holandesa, por ingestão de cerca de 20 quilos de plástico.
É cada vez mais evidente a
necessidade de tomar medidas profundas e decididas para evitar males maiores e
irreversíveis como, aliás, acontece com outras consequências da economia que
adoptámos e, tudo leva a crer, entrou já no beco de onde dificilmente sairá.
Não me surpreende, pois, a
notícia de uma proposta da Comissão para a Reforma da Fiscalidade Verde que
pode levar a que cada saco de plástico num supermercado custe 10 cêntimos, uma
medida desencorajante da sua cada vez maior utilização.
Por tudo quanto ficou dito, será
uma medida que se insere num conjunto mais vasto mas indispensável à qual, no
entanto, os interesses económicos já reagiram através da Associação Portuguesa
das Empresas de Distribuição (APED) que classificou de incompreensível, absurdo
e desproporcionado o imposto de dez cêntimos sobre cada saco de plástico.
Mas é cada vez mais inevitável o
confronto duro entre a realidade ambiental e os interesses económicos que a
afectam, a menos que nos entreguemos nas mãos de um destino que, tudo leva a
crer, não será feliz.
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