Que o mundo é dos jovens que, em
número e em expectativa de vida, eram, de facto, o futuro da sociedade, foi o
que sempre ouvi dizer.
Estava certo que fosse assim mas,
desde há algum tempo, as coisas mudaram. Os idosos tendem a ser em maior número
em consequência de uma maior longevidade e, também, pela redução
do número de nascimentos que se tornaram um enorme inconveniente na carreira
profissional das mulheres cada vez mais envolvidas nesta economia que vai
destruindo a sociedade da qual a família sempre foi o cerne.
Em Portugal, o número de idosos
(mais de 65 anos) já ultrapassa o número de jovens (até 15 anos) e o número de
indivíduos na chamada idade activa é cada vez menor, o que altera profundamente
os equilíbrios financeiros de uma economia que é, simultaneamente, o réu e a
vítima num processo de autodestruição difícil de controlar. E como é habitual
acontecer em casos destes que, apesar de naturais, furam certas convenções em
que nem todos contam por igual, esta tendência acaba por originar tomadas de
posição patéticas.
Depois de chamados de “epidemia
grisalha” pelos que os consideram parasitas da sociedade, os idosos foram alvo
de declarações do ministro das finanças japonês que afirmou deverem os
idosos morrer mais depressa para não prejudicar a economia. Agora, idênticas declarações fez a “jovem” Christine Lagarde, directora
do FMI, que os considera responsáveis por riscos financeiros graves, pelo que
será necessário fazer qualquer coisa!
Disparates tenho ouvidos muitos,
mas muito poucos como este da “jovem Cristina” que, na sua afirmação de fazer,
não chega a dizer o que, mas...
... fez-me recordar uma história de
ficção que li há muito tempo, tão estúpida que me não lembro nem do título nem do
autor! Falava de um mundo "ultra organizado" em que os idosos tinham por destino uma espécie de “matadouro”
onde eram transformados num material ao qual davam um nome esquisito que não
recordo também, o qual, depois, se destinava a alimento dos que continuavam
vivos mas que, um dia, seriam comidos, também!
Tenho pena de nem saber em que monte
de lixo o deitei ou em qual caixote guardei tal livro se, porventura, o guardei,
porque duvido que o tenha lido até ao fim. Podia recomendá-lo aos “jovens”
ministro das finanças japonês e directora do FMI que, por certo, se sentiriam
felizes por terem ideias que fazem parte do futuro que "Julios Verne" de trazer por casa prevêem
e, mais do que isso, lhes poderia sugerir as soluções que talvez coincidam com
as que imaginam mas não têm coragem para revelar.
Podem não ir ao ponto de matar. Mas que bem lhes agradaria deixá-los morrer à fome ou sem cuidados de saúde, disso tenho a sensação, pois duvido que se dispusessem a comê-los.
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