São inúmeras
as provas de que é assim em todos os cantos do mundo. Mas a confissão de um
ex-guarda costas de Fidel de Castro que dá conta da fortuna enorme de um
ditador populista, defensor incansável da revolução proletária, teórico da
ideologia do nada ter que, em nome de princípios que pelos vistos não pratica,
cria condições para acumular uma fortuna enorme, é algo que eu não esperava.
Quantas vezes
cheguei a sentir alguma simpatia por um homem que leva o seu povo a não vergar
a cerviz aos interesses do capitalismo selvagem, admiração por um povo que
consegue ser quase feliz com muito pouco.
Mas quando,
um dia, para efeitos de uma possível equivalência, tive de analisar o currículo
de um curso de engenharia cubano, pude ver como era intensiva a catequização e a
lavagem cerebral cujo horário excedia os das matérias do próprio curso, o que
me revelou a medida das fortes pressões sobre um povo que, antes subordinado
aos interesses capitalistas, facilmente se adaptou à exploração da ditadura do
proletariado que não passa de uma ditadura como outra qualquer.
Uma fortuna
imensa que inclui uma ilha (para além da própria Cuba), iates e mais de vinte
casas, não parece coadunar-se bem com os princípios de igualdade que, afinal,
faz todos iguais mas, como diz Orwell, faz uns mais iguais do que outros.
A revista
Forbes coloca o revolucionário Castro entre os mais ricos monarcas e ditadores
do mundo, com uma fortuna pessoal de mais de 900 milhões de dólares.
Tudo isto num
país onde a pobreza é a situação normal dos cidadãos, onde nem toda a moeda é
convertível para evitar que possa sair do país, faz-me pensar em histórias de outras
revoluções que a História já reescreveu, mas de cujos resquícios podemos
inferir a corrupção que faz multimilionários em países de miseráveis.
O pior é que
ainda continua a haver quem vá na conversa dos que, dizendo defender a
igualdade, espreitam a oportunidade de se tornarem os capitalistas cujos privilégios
agora atacam.
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