Na antiguidade, os sonhos dos
poderosos eram premonitórios. Havia quem os sonhasse e quem os interpretasse e
deles tirasse os ensinamentos que podiam evitar as desgraças que o futuro
pudesse trazer. Com eles se escolhiam os melhores dias para travar uma batalha
ou para a evitar, se descobriam traições, se abortavam conspirações e sei lá
mais o que…
Aconteceu com um faraó do Egipto que,
depois de haver sonhado com sete vacas magras que devoravam sete vacas gordas, não
encontrou nos seus intérpretes oficiais quem algum significado encontrasse em
tão estranho sonho.
Foi então que lhe falaram em
José, filho de Jacob, preso nas suas masmorras mas reconhecido pela sua
capacidade de interpretação dos sonhos. Com ele aprendeu o Faraó o significado
da míngua que sempre se segue à fartura e que, em vez do desperdício que a
fartura sempre inspira, melhor será guardar o que falta fará mais tarde. E
deste modo evitou que durante os sete anos de más colheitas que se seguiram a
sete anos de fartura, o seu povo sofresse dura fome, porque teve o bom senso de
guardar o que, se não avisado, teria sido, apenas, motivo de esbanjamento.
Há sempre um José qualquer que
avisa sobre os maus efeitos dos exageros, sobre as desgraças a que as ambições
desmedidas sempre dar lugar. Haverá, até, vários Josés que o fazem que levantam
as suas vozes para avisar!
Mas falta o Faraó que os oiça e
ponha em prática os ensinamentos dos que interpretam os sinais com que a
Natureza sempre nos avisa dos perigos que se avizinham.
Nada melhor do que o bom senso
pode livra-nos dos males a que a ganância nos conduz ou evitar as desilusões
que a esperança num “salvador” pode causar.
Os sonhos que a ambição ou uma
auto-estima exagerada fazem sonhar não passam de ficção delirante leva a pensar
em “vagas de fundo” que nos façam generais de exércitos vitoriosos ou em
capacidades excepcionais que cremos possuir, capazes de salvar o mundo das
desgraças que tantos erros lhe causaram.
Mas porque não acredito em
predestinados, sei que apenas um “milagre da multiplicação dos pães” poderia trazer-nos, de novo, a fartura que
julgámos ter e, sem bom senso, delapidámos em gastos excessivos.
Deve ser esse o milagre que Costa
e Rui Rio esperam para tornar bem sucedida a aliança que de um fará presidente
da república e do outro primeiro-ministro.
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