ACORDO ORTOGRÁFICO

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quinta-feira, 10 de julho de 2014

RECORDAÇÕES

Recordo-me do tempo que havia apenas dois jornais desportivos em Portugal. Creio mesmo que terei ainda dado conta de ser apenas um, a Bola que nasceu para ser o órgão oficioso de Benfica. O Mundo Desportivo terá aparecido depois.
A eles se juntou uma revista, Stadium, que não teve vida longa e cujo director creio ter sido Mário Simas, um grande nadador que nunca mais esqueci.
Lia os jornais de Sábado em que os “especialistas” publicavam as suas previsões, cientificamente apoiadas, para os jogos que decorriam, invariavelmente, ao Domingo.
Domingo era o dia de S Futebol e, em Lisboa onde os dois grandes rivais se encontravam, a Carris estabelecia carreiras especiais desde diversos pontos da cidade. Convergiam todas no Campo Grande, onde Benfica e Sporting tinham os seus estádios (ou seriam ambos do Sporting?) onde milhares e milhares de pessoas, por vezes famílias inteiras, se juntavam para ver o jogo! Ou até os jogos porque jogavam os juniores, as reservas, eu sei lá.
Interessante era, depois, ler os números publicados na Segunda-Feira e comparar as previsões com os resultados!
Cedo aprendi não ser a futebolística uma ciência exacta. Mas a cegueira cubista dos redactores superava isso com explicações tão “científicas” como as suas previsões falhadas e que, pensavam, atenuariam os “melões” crescidos em dia de Missa.
Lembro, até, de algumas anedotas ilustradas que eram publicadas, como uma em que o Francisco Ferreira, médio do Benfica, fazia de barbeiro que perguntava ao Peyroteu, sentado na cadeira, Ó freguês, a navalha incomoda?
Curiosamente, no dia seguinte Peyroteu, como era seu hábito, marcou uns golitos ao Benfica!
Enfim, tempos em que as brincadeiras não passavam muito disto, da inevitável rivalidade que o desporto sempre desperta.
Mas hoje é diferente! O futebol virou negócio chorudo no qual vingam os espertalhões!
E o Sporting, onde a esperteza foi outra, perdeu o passo e, com isso, a superioridade tão flagrante nos seus tempos áureos que levou alguém a escrever, a propósito de uma táctica então em voga, os quatro em linha, que o Sporting adoptava uma táctica que era só sua, “quatro em linha e ele à frente”!
Agora, a Bola, o Record, o Jogo e milhares de programas radiofónicos e televisivos, parecem não bastar para satisfazer a clientela ávida de novidades e de confrontos.
Tornaram-se milhares os que vivem de falar e de escrever do desporto do pontapé na bola e nem sempre a matéria é bastante para os alimentar. Também os interesses se tornaram outros, com guerras que se travam para travar a transparência que, mesmo sendo própria do desporto, não convém aos que o futebol fez milionários.
No meio de tudo isto, o Sporting vai conseguindo, para bem do desporto nacional mas para desespero de muitos, recuperar pouco a pouco o que, ao longo de anos de espoliação, perdeu.
Depois da simpatia que sempre despertam os coitados, passou a despertar a ira dos inconformados que temem perder as mordomias que foram conquistando enquanto o leão dormia.
Por isso, inventam-se estórias, montam-se teorias, dizem-se disparates, trocam-se insultos e há, até, “inteligentes” que viram burros quando a clubite aguda ataca.

Que delírio! E ainda chamam de saudosistas os que suspiram pelos “bons velhos tempos”.


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