Ser professor, seja de qual nível
de ensino for, implica uma enorme responsabilidade que é a de fazer parte de
uma equipa da qual muito depende a construção do futuro da sociedade da qual
faz parte. Uma equipa cuja prestação deixará marcas indeléveis no futuro que,
para ser sólido, deve ser bem construído.
Infelizmente, o professor deixou
de ser aquela referência que, pela sua conduta e pelo seu saber, era um exemplo
para os seus alunos e para toda a sociedade. Não passa agora de mais um
trabalhador que se contrata ou se dispensa conforme as necessidades, como se de
uma profissão vulgar se tratasse. Muito por sua culpa o é, não o devendo ser
porque o que tem a responsabilidade de transmitir o conhecimento não pode ser,
jamais, um cidadão vulgar.
Infelizmente, porém, numa
sociedade onde médicos se recusam, em nome de interesses que não podem ser os
que revelam, a prestar os cuidados urgentes sem os quais os pacientes sofrem
mais ou até podem morrer, polícias usam a sua condição de membros de uma
instituição de segurança para assaltar cidadãos confiantes, gente que se
aproveita de posições especiais que ocupa para cometer actos reprováveis e
tanto mais que poderia dizer, tornou-se difícil merecer o respeito e a
consideração de que, outrora, certas profissões eram garantia.
Tudo se vulgarizou, se tornou
banal e se reduz ao confronto que de uma democracia que não soube evoluir se
tornou a marca.
As negociações não passam de tomadas
de posição intransigentes que, na pretensão de defender os interesses da
sociedade, mais não contemplam do que o seu próprio umbigo, numa estratégia de
poder que cada vez mais nos torna, aos cidadãos comuns que pagam os seus
devaneios, os “legos” com que tentam construir o pedestal que sustenta os seus
interesses.
Fui responsável por ensinar
muitos alunos aos quais, no final, tinha de considerar aptos ou não aptos para
desempenharem funções sociais de elevada responsabilidade. Era um compromisso
formal perante a sociedade que sempre levei muito a sério. Por isso, ensinar
sempre foi, para mim, causa de enorme preocupação, pelo que sempre tomei como
referência os que foram meus professores, para me não julgar a penas pela
severidade ou brandura da minha consciência. As recordações boas e más que me
deixaram, as atitudes que neles louvei ou reprovei foram os meus guias, porque
não queria vir a ser recordado por incompetência, por maus juízos ou por uma
conduta social que não fosse digna das responsabilidades que assumia, apesar da
consciência que tinha de estar longe do nível de alguns professores
extraordinários que, felizmente, tive.
Apesar disso, sempre senti a
necessidade e, até, o forte desejo de ser julgado, avaliado, mas não daquele
modo tradicional que nada avalia.
Por isso considero ser a
avaliação um acto indispensável, a instituir de modo cada vez mais melhorado o
que, por certo, só pode resultar de avaliações honestas e justas e não de
negociações como se tornou vulgar fazer.
Hoje acordei com estridentes manifestações
de professores que não querem ser avaliados e que, regidos por alguém que, pior do que maestro de charanga de
aldeia, os instiga a actos nos quais me pareceram simples bandos de
arruaceiros.
Não é minha intenção fazer qualquer juízo sobre o modo como o ministério da Educação tem conduzido o processo, mas apenas do modo como a sociedade se apercebe de tão importante questão e sobre os efeitos que nela causará. É que estamos a falar de professores! Serão?
Fiquei chocado!
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