ACORDO ORTOGRÁFICO

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quarta-feira, 30 de julho de 2014

ESCREVER A MÚSICA NUM PAPEL SEM PAUTA...

Passou-me pelos olhos mais uma daquelas notícias que fala das intenções do Governo para taxar isto ou aquilo para conseguir arranjar mais dinheiro com que reduza a diferença, sempre grande, entre o que gasta e o que consegue amealhar.
Depois dos cigarros e das bebidas alcoólicas, além de outras coisas mais, são agora os alimentos salgados e de elevado valor calórico que estão na berlinda! Em excesso fazem mal à saúde, é verdade. Como fazem os cigarros e o álcool que já pagam elevadas taxas. Combater o seu consumo é, pois, uma medida de louvar, o que não significa que o seja do modo simplista como se pretende fazer, assim a modos como quem arrebanha mais um pouco de cotão no fundo de um bolso já vazio!
Seria, pois, o Ministério da Educação que mais disso se deveria encarregar porque é de uma questão de educação que se trata. Mas como a educação é um processo longo e trabalhoso, ficam as medidas ligeiras e imediatas como recurso num processo que, deste modo, jamais terá um bom final.
Há na física uma lei, a da continuidade, que, de um modo simples se pode enunciar assim: o que fica é a diferença entre o que entra e o que sai!
No fundo, nas contas do Estado, é a lei da continuidade que se aplica. Porém, não o poderá ser deste modo simplista como o Governo o faz. Olha em volta e pergunta: onde é que eu hoje vou cortar na minha despesa ou arrecadar na minha receita?
E aumenta impostos, fecha escolas e tribunais, reduz serviços, salários e pensões e, assim, vai equilibrando as contas que nunca estarão, deste modo, equilibradas porque jamais faz a pergunta certa, aquela de saber onde aumentar a produção de riqueza no país!
Não tem o Governo, tal como a Oposição claramente mostrou não o ter também, um plano de futuro, um projecto de desenvolvimento do país, uma ideia de ordenamento do território nacional que norteie o que se faz, justifique que se tire daqui em vez dali, que se corte ali em vez de acolá, enfim, que racionalize seja o que for que se faça.
Afinal como está organizado o país? Quem conhece a sua organização administrativa? Onde se fixaram, em função da realidade actual, os polos de desenvolvimento estratégicos para rentabilização global dos recursos que possuímos?
Cada ministério faz as coisas a seu jeito, na base territorial que mais lhe convém, sem uma orientação de base que norteie o que faz.
Assim nunca teremos um país organizado mas uma manta de retalhos sem ponta por onde se pegue.
É como escrever música num papel sem pauta… Onde quer que se coloque a nota… sai sempre dó!
Depois de tanto tempo já em que medidas de efeitos mais imediatos eram indispensáveis, continua o barco a navegar à vista, sem que o patrão dê conta de que o mar encapelado promete desfazê-lo contra os rochedos da estupidez com que define a rota.


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