ACORDO ORTOGRÁFICO

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quinta-feira, 24 de julho de 2014

O BES, A CAIXA DE PANDORA E A ESPERANÇA

(A propósito da notícia da detenção de Ricardo Salgado)

Depois dos dramas que foram e são ainda o PPN e o BPP, as notícias sobre o BES e o GES vão aparecendo em catadupas e dizem, até, que há muito mais ainda para saber. Se há ou não há eu não sei, mas penso que o que se passa não será mais do que o que seria de esperar que acontecesse neste banco, como em outros bancos quaisquer, após um longo período em que os jogos financeiros foram o divertimento que nos propuseram e no qual quase todos participámos como se jogássemos ao “monopólio”, comprando e vendendo nas melhores oportunidades para fazer dinheiro! Mas no final, feitas as contas, quase todos, senão todos, acabámos por perder. E por algum lado andará o dinheiro que perdemos a brincar num mundo de fantasia que, como que por milagre, se evaporou…
Não sei é para que servirá. Mas essa é outra estória.
Mas, depois da longínqua e insiginificante Dona Branca, de Madoff e de muitos outros, parece que sempre chega a hora de os donos da brincadeira prestarem suas contas também. Não que daí grandes beneficios retiremos, mas...
Uma confusão esta que, quando tudo parece encaminhar-se para alguma normalidade, põe a descoberto mais uma desgraça, talvez mais uma daquela que Zeus colocou numa caixa que entregou a Pandora, a primeira mulher que mandou à Terra, com a recomendação de nunca a abrir, pois nela haviam sido colocado um arsenal que poderia afectar a Humanidade, como todas as doenças do corpo e da mente, a discórdia, a guerra e sei lá mais quantas outras, às quais, porém, juntou o dom da esperança.
Não sei se entregue a um Homem seria melhor respeitada a vontade de Zeus, mas Pandora, curiosa como qualquer mulher, não resistiu. Abriu a caixa de onde saltaram as desgraças, mas fechou-a a tempo de ainda guardar a esperança que será, afinal, o que nos resta se a soubermos usar.
Não valerá a pena, perante tudo aquilo de que damos conta que se passa, fazer grandes considerações sobre esta estória da Mitologia Grega, porque as desgraças parecem andar à solta, mais até do que as que a velha lenda contava…
Fizemos do dinheiro a nossa preocupação e esquecemos o que, em princípio, justifica que o haja. Saímos da realidade para a ficção, da terra para as nuvens por onde andámos ao sabor da tempestade de asneiras que, em catadupas, fizemos.
Esqueceu-se o escriba de Zeus, o que fez a listagem do conteúdo da caixa, de mencionar o chamado “vil metal” que Pandora trouxe, também, para a Terra. A menos que o tenho considerado integrado nas doenças da mente. Talvez!
Mas por onde raio andará a caixa que ainda contém a esperança?



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