Pouca atenção tenho prestado a esta
manifestação de interesses pessoais que as ditas “primárias” do PS
efectivamente são.
Mas começo a aperceber-me de
diversas manobras que, embora a elas associadas, as ultrapassam em estratégia e
interesses, porém sem nunca entender como serão assegurados os interesses dos
cidadãos comuns em nome dos quais sempre os interesses particulares são
defendidos! O velho engodo com que os salvadores da Pátria enganam as
multidões.
Se Costa se apresentou como o
“salvador” do PS e da Pátria que os portugueses devem preferir para primeiro
ministro, lá mais para norte, Rui Rio faz o papel pouco discreto de quem não
deseja entrar no jogo. Porém, se uma ”vaga de fundo” acontecer, reclamando que
preste os seus serviços ao país onde, como diz, “a crise económica e filha da
crise política”, ele não hesitará em avançar.
Ao mesmo tempo e perante o
cenário mais do que provável de as eleições não serem tão determinantes como o
PS gostaria, Costa pisca o olho ao ansioso Rui Rio dizendo que se for candidato
a primeiro-ministro e não conseguir a maioria absoluta não faz o menor sentido
construir uma alternativa com este PSD. Mas, se na sequência da derrota
eleitoral os sociais-democratas mudarem de liderança, a conversa é outra:
"Se me diz: o PSD perde as eleições
e muda e aparece outra direcção e tem outra política... Se o PSD for outro PSD
com certeza que a conversa também é outra conversa".
Por sua vez, Seguro adopta outra
estratégia que é piscar o olho aos eleitores do PSD que, diz não ter dúvidas,
com ele votarão PS para garantir a estabilidade.
E fico sem entender quais são,
afinal, as soluções para salvar o país seja com a aliança ou com a transfusão
que não passam de estratégias alternativas para chegar ao poder que todos
querem sem nos dizerem o que com ele vão fazer. O mesmo de sempre… certamente.
Mas uma vítima haverá, a menos
que, por obra de um milagre qualquer que possa acontecer, conseguir maioria
nas eleições. Será Passos Coelho o homem que, diga-se o que se disser, foi
capaz de, se não pela melhor maneira mas pela que foi possível, ser
suficientemente teimoso para evitar desgraças maiores. Não é o meu ídolo, mas
é, mesmo assim, o menos mau de todos.
Entretanto, esquecidos os
verdadeiros carrascos do país, a festa vai continuar com novos actores e apenas
uma coisa me apetece dizer: a crise política, sem dúvida, continuará seja qual
for o resultado destas primárias inovadoras, porque os problemas não são
criados pelo Passos Coelho que todos transformam no bode expiatório dos maus
momentos que vivemos, mas sim pela falta de sentido de Estado dos ambiciosos
pelo poder.
Continuamos cegos, enquanto as
desgraças vão acontecendo, venham do BES, da PT ou seja de onde for, porque
mais ainda vão acontecer neste mundo financeiro assente sobre equívocos e
mentiras que o tempo, inexoravelmente, vai fazer ruir, sejam Costa, Rui Rio ou
quem for que ganhe esta luta inglória pelo poder que, sem juízo, não será de
ninguém.
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