(jornal de gaveta)
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ACORDO ORTOGRÁFICO
O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.
Hoje,
a questão de serem os políticos bem ou mal pagos foi-me recordada por alguém
que, num comentário televisivo como outros que já ouvi também, defendeu a tese
de que os políticos são mal pagos e, por isso, vão para a política os piores
porque os que são bons facilmente conseguem melhores rendimentos noutras
actividades.
A
menos as excepções que não há regras que consigam evitar, também me não parece
que a política seduza os melhores que ou dela se alheiam ou preferem
manipulá-la dos bastidores onde se escondem mas exercem o seu poder.
Há
por aí muitos “Richelieu” desconhecidos a par de outros que, como o gato
escondido, têm o rabo de fora…
Assim,
perante a afirmação de que vão para a política os piores, sou levado a concluir
que, afinal, os políticos ganham até bem demais. A maioria, pelo menos...
É
já ridículo o estrilho que se faz acerca de uma questão que, por tão simples
que é, nem sequer deveria ser uma questão porque a avaliação correcta das faltas é uma consequência natural do regulamento de jogo que as define e apenas assim se cumpre um qualquer regulamento ou qualquer lei. É, sem dúvida, um paradoxo definir faltas e proibir o melhor modo de as detectar! Só interesses estranhos podem justificar tal atitude.
Os
que jogam o futebol, aqueles sem quem o futebol nem existiria, reclamam a
introdução das novas tecnologias na avaliação imediata de pormenores duvidosos
e até de outros que nem chagam a causar dúvidas, seja ao árbitro que os “vê” de
um modo seja a todos os demais que os vêem de modo diferente.
Assim
se marcam foras-de-jogo que não são ou se confirmam golos marcados
fora-de-jogo, se decidem grandes penalidades que não aconteceram ou se deixam
passar faltas que, claramente, mereciam que fosse marcada uma grande
penalidade, se avalia a gravidade de uma falta ou de uma atitude! Em suma, assim se perverte a verdade do jogo que, deste modo, deixa
de o ser para se tornar no móbil de outras actividades parasitas, sejam os
comentadores que perderiam uma boa parte da sua razão de ser, os jogos de
azar que voltariam a ser apenas isso ou os interesses de clubes e de
organizações, de fundos e de empresários que invistam uma pequena parcela do que a perversão lhes valha na
corrupção que lha faça valer.
Ficou
claro que exagerei ao “meter no mesmo saco” todos os que jogam futebol porque
se fosse assim outro remédio não haveria senão adoptar, mesmo, as “novas tecnologias”
em vez do “olhómetro” que veja o que lhes convém.
Tornou-se
já tão evidente que a arbitragem se presta a atitudes perversas que não adianta
os “senhores do futebol” aduzirem mais razões para recusar o que tantas
modalidades já fizeram e foi adoptar as medidas disponíveis para a avaliação
das faltas praticadas, em conformidade com os respectivos regulamentos e, deste modo, evitarem a tradicional desculpa do erro
humano, para além de outras causas das faltas indevidamente julgados, com benefícios
e com prejuízos que já a ninguém passam despercebidos.
O
que eu não entendo é que continue a ser um mundo aparte este do futebol a que o
direito comum se não aplica e até fecha os olhos às maroscas já evidentes que,
sob as mais variadas formas de “jogos”, de “fundos” ou de “agentes”, se possam
fazer.
Previ há já alguns anos, numa crónica publicada num jornal a que, então,
prestava a minha colaboração regular, que este fenómeno migratório mais cedo ou
mais tarde teria de acontecer em força, pois não seria possível conter, por
muito tempo mais, os efeitos perversos de uma descolonização que não teve por
objectivo por fim a séculos de exploração, mas, em vez disso,
prossegui-la de outro modo e com outros actores.
E
foi isso que aconteceu, sem dúvida, com “testas de ferro” dos novos
exploradores a “comandar” as “independências” de que os povos não sentem a
realidade e, menos ainda, os benefícios económicos que, por elas, deveriam
alcançar.
De
resto, onde está a restauração cultural que deveria ser o objectivo maior da
libertação?
Serão
os modelos governativos adoptados pela “África Livre” uma prova de independência
ou a evidência da continuação da sua subalternidade a poderes egoístas e manipuladores?
Era,
pois, inevitável a acumulação de problemas que geram confrontos sangrentos,
fome e desolação, do que, naturalmente, os mais fracos tentam escapar,
dispostos a correr todos os riscos para atingir o eldorado que crêem que a
Europa é.
Como
estão equivocados!
Naturalmente
que as migrações que têm a Europa como destino são um drama que não pode deixar
de preocupar pelos problemas humanos a que dão lugar, mas, mais do que isso,
deveria fazer-nos reflectir sobre o que as causa e é, por isso, o verdadeiro
problema a resolver.
É
fácil mostrar consternação pelos dramas de que todos os dias nos chegam notícias
e, mais ainda, criticar a atitude a que é fácil chamar falta de abertura da
Europa para escancarar as suas portas às avalanches dos infelizes que a demandam.
Mas, será
essa "abertura" a solução?
É muito
mais fácil falar em termos de compaixão choramingueira que não leva em consideração
os verdadeiros problemas deste fenómeno migratório do que procurar compreender as suas verdadeiras causas
e, em conformidade, proceder. Mas este é, apenas, um dos aspectos a considerar nesta "invasão" que pode ter e, por certo, a continuar terá outras implicações complicadas que não haverá "solidariedade" que resolva.
"Não
é possível saber para onde estaremos a caminhar nos próximos anos, mas não
estamos certamente a caminhar para esse crescimento económico que agora nos
prometem como uma quase inevitabilidade em resultado das políticas de
austeridade". Foi o que, segundo uma notícia que li, afirmou Pedro Marques,
que fez parte do Governo de José Sócrates.
Uma afirmação com a qual, se pouco
atentamente a leio, me sinto tentado a concordar.
Mas não concordo!
Não passa de mais um chavão manipulador das
paixões, dos desagrados e das frustrações dos que foram enganados pelos que
lhes prometeram e continuam a prometer um mundo que já não existe. Mas como é esse
o mundo que desejam, é em afirmações torpes como aquela que os desprevenidos e
os ambiciosos preferem acreditar.
Obviamente, a austeridade não gera
crescimento económico! Controla-o para que não exceda os limites de que depende
o equilíbrio que garante a satisfação perene das nossas necessidades. Verdade que faz parte do saber comum que os políticos não entendem, que está registada em mil ditos com que a experiência de vida se transmite.
A outra via, aquela que, com as razões do
seu tempo, Keynes apontou como o caminho para a retoma do crescimento, deixou
de fazer sentido quando os recursos são escassos, quando o consumo das reservas
deixou de ser um expediente oportuno para ser o modo oportunista de que fazer
crer que os recursos são infinitos.
Não sei que alternativas a Economia pode
ter quando as reservas se esgotam, para além da austeridade que as possa reconstituir
para, depois, poder viver, de novo, em equilíbrio.
Mas, de facto, com os políticos encantados
com o seu umbigo, empenhados na defesa dos seus interesses e alheados dos
problemas mais sérios do mundo, quem poderá saber “por onde estaremos a
caminhar nos próximos anos”?
Nos campeonatos do mundo que decorrem em
Pequim, naquele Estádio Olímpico a que chamam “O Ninho”, uma atleta portuguesa
praticante de Judo e muito conhecida pelas suas inúmeras vitórias, foi
desclassificada por ter cometido uma falta grave que o controlo visual directo do
combate não descortinou mas que os meios disponíveis pela “mesa” permitiram
notar.
E a decisão foi tomada sem as reservas que
qualquer dúvida poderia criar. Simplesmente!
Se há regras e são para cumprir, é natural
que se adoptem os meios possíveis e mais credíveis para controlar o seu
cumprimento. E há já diversos desportos profissionalizados em que tal acontece
com a utilização de tecnologias adequadas.
Infelizmente, o futebol resiste
estoicamente à sua adopção para o que haverá, sem dúvida, uma forte razão.
Por exemplo, se as “novas tecnologias”
tivessem sido adoptadas, como teria continuado o Schalk 04 numa prova em que um
dos juízes da partida resolveu castigar o Sporting com uma grande penalidade
que não existiu, assim o desqualificando?
Se houvesse um meio irrefutável de não
esconder as trapacices que podem ser feitas à conta da inimputabilidade dos árbitros,
como teria sido validado o primeiro golo do CSKA marcado com a mão e se teria a
quase impossível certeza que apenas o árbitro teve, de a bola ter ultrapassado ligeiramente
os limites da área de jogo depois de marcado um canto, levando a anular o golo
que daria a vitória ao Sporting?
Creio que a razão é muito simples e se
prende com o poder, por certo rentável, que os árbitros não querem perder
porque lhes permite tomar decisões que ninguém, nem a verdade, pode desfazer.
A não ser assim que outra razão poderá haver para preferir a dúvida ou a mentira à verdade?
Quase todos os dias as notícias têm de
prestar atenção às manifestações dos “lesados do BES” que, ora aqui ora acolá,
nos vão mostrando a vergonha em que se tornou este episódio sórdido de “equívocos”
bancários que, infelizmente, são tão comuns de acontecer.
Entre os “lesados” haverá quem,
conscientemente, tenha corrido o risco. Mas esses nem serão a maioria dos que,
naquela operação macaca que lhes propuseram, perderam as poupanças de uma vida!
Seja o papel o que for, comercial ou
higiénico, é um produto que o BES vendeu aos seus clientes absolutamente consciente
dos riscos que representava por ser de uma empresa detida pela mesma família
que detinha o BES.
Parece ter havido, neste negócio,
aproveitamento de ingenuidades que regras bem definidas deveriam proteger. Mas
parece que não protegem.
Não entendo, por isso, por que razão a
Justiça portuguesa não investiga a culpa que tenha havido e tome as
providências necessárias para que “os donos disto tudo” venham a ressarcir os
prejuízos dos que ficaram “donos de nada”.
Mas como poderá faze-lo quando, afinal, os “donos
de tudo” parecem nada ter de seu?!
Não me parece que a responsabilidade de
conduzir Portugal pelos caminhos certos neste momento tão delicado para a
Humanidade seja a inspiração da maior parte do que se passa e se diz nesta pré-campanha
eleitoral.
Sobretudo, não me dou conta de que, nas
propostas anunciadas ou nas “contas” que dizem ter feito para as justificar, conste,
das premissas consideradas, a realidade do mundo que mostra tendências bem
diversas das que o optimismo dos candidatos ao poder revelam nas promessas que
fazem.
Não lhes interessa decerto, reconhecer que
o “sonho que comandou a vida” desapareceu da dormência que uma realidade estrondosa
acordou e, ainda estremunhados, não conseguem encontrar soluções para os inúmeros
perigos que, ao longo do seu sono, se acumularam nem para os novos que, agora,
lhes vão entrando porta adentro.
Num país mal informado e com baixo nível de
conhecimento sobre as grandes questões mundiais, cujos efeitos perniciosos sobre
Portugal não podem ser ignorados, as promessas generosas dos que ambicionam
conquistar o poder serão, sem dúvida, aliciantes para os que ainda alimentem o
sonho da vida airada que o passado consentiu mas que não tem lugar no futuro
que as circunstâncias nos impõem.
É tudo isto e muito mais que me preocupa, como me preocupa também a leviandade com que as “personalidades” deste país encaram as questões ou,
melhor dizendo, fogem delas, o que me faz temer pelo futuro de um país quase milenar
que parece querer deixar vergar-se ao peso do longo tempo que já tem vivido.
Apesar do pouco significado que atribuo às
sondagens, tive a curiosidade de ir ver como têm elas evoluído ao longo deste
tempo em que, do Oriente, se aproxima o “mago salvador” deste país que continua
a sonhar com a grandeza que já não tem, e verifiquei que a única mudança
sensível desde então foi que a “boa nova” não parece seduzir mais do que quem nela
veja nela a oportunidade que sempre tem quando o “seu” partido é poder.
Desde uma vantagem significativa nas intenções de voto que colocava o PS próximo da maioria absoluta e se suporia ir crescendo com o tempo pelos efeitos de uma "austeridade" por todos contestada, a evolução foi diferente, esbatendo-se a diferença até uma igualdade que os efeitos da campanha eleitoral e outras realidades podem influenciar também, porventura desfazendo os mitos de uma rotunda vitória anunciada.
Pelas tendências que revelam, as sondagens dizem que podemos estar à beira
de problemas muito sérios, de erros lamentáveis e de um futuro desastroso.
Mas a minha bola de cristal é muito opaca e não me mostra mais do que o bom senso me pode dizer também.
Não vai ser fácil o futuro de um país que não compreende os verdadeiros problemas que tem e pensa ser com simples mudanças de governo que os resolve.
Tenho “recebido” as cartas que António
Costa envia a toda a gente e surpreende-me a leviandade com que fala de coisas
que não passam de questões menores ou mesmo “não questões” neste mundo global
onde, por mais que se esforce, não tem voz.
Esquece o que se passa à sua volta no país e no mundo, invoca
teorias que a realidade já desqualificou e pensa ser com truques de magia e voluntarismo que
os problemas deste mundo se resolvem.
Só pode ser assim porque, quando já a
ninguém pode passar despercebida a hecatombe que enormes esforços vão
retardando mas a teoria do caos instalado teima em confirmar, falam as cartas
de questões sem nexo, fazem promessas que ninguém cumprirá, baseadas em
“contas” em que só a prova dos nove bate certo porque não levam em conta o mais importante
do momento que vivemos.
Pensará Costa que o mundo se reduz a esta Lisboa que
nem bem soube gerir, que a vida se decide neste cantinho que muitos nem sabem onde
fica ou que a “democracia” pode continuar a ser o equívoco que tem sido por não atender à realidade que a tornou caduca?
Acreditará Costa que mudar por mudar, com
promessas insensatas ou pela necessidade de “alternância” que a ninguém já
convence, é solução seja para o que for?
Junte-se a tudo isto o ridículo dos que prometem cem quando outros dizem dar um e torna semelhante ao despique dos aldrabões de feira o que deveria ser esclarecedor para os que terão o dever de votar em consciência.
Mas, seja o que for que eu pense dos
disparates que se fazem, não é de mim que depende o resultado das eleições que
haverá e vão testar, como nunca antes o fizeram, o bom senso de um povo que
terá ou não aprendido com erros semelhantes que outros ainda há bem pouco tempo
cometeram!
Interessante será ver, depois, quais serão
as queixas ou as razões que ditarão a alternância seguinte...
Tenho poucas dúvidas, se algumas, de que
estamos a viver tempos de profunda mudança.
É impossível não reparar na instabilidade
própria das situações limites que antecedem a derrocada inevitável do que já
não é sustentável, pois é essa a situação que vivemos ao longo dos últimos
anos.
A persistência no erro prolonga o sofrimento
e atrasa o refazer da vida se for nossa intenção continuá-la.
A “Segunda-Feira negra” que, a partir da
China, pintou de vermelho todas as “bolsas” do mundo, é o sinal mais óbvio da
elevada tensão que, a qualquer instante, pode fazer rebentar a bolha da grande ilusão
que é a de sermos capazes de ultrapassar limites intransponíveis e sairmos
vencedores da batalha que resolvemos travar contra a Natureza, porventura no
convencimento bíblico de que David sempre vence Golias!
Na que, em breve, seria a maior economia do
mundo, o céu parece estar a cair, arrastando consigo os outros céus.
É curioso notar que na explicação mais
popularizada da “teoria do caos” se diz que “se uma borboleta bater as asas em Pequim, acabará por desencadear uma
tempestade em Nova Iorque”. Porque foi o que sucedeu quando, após o
afundamento da bolsa de Xangai, apesar dos desmedidos esforços do governo chinês para a evitar, Wall Street sentiu a dureza da queda
desamparada que os seus malabaristas financeiros não conseguiram, de todo,
evitar.
Parece tudo estar a voltar a 2008 para
recomeçar a batalha inglória de tentar vencer a crise financeira que veio para
ficar e me parecer ser a “manobra de diversão” que nos distrai de outras crises
bem mais perigosas a que não prestamos a devida atenção.
Valerá a pena manter a ilusão de acreditar
numa economia cansada de tanto esforço para não cair porque é cada vez mais
difícil manter a atitude de usar e deitar fora que a alimenta mas que a
realidade, cada vez melhor conhecida, revela ser impossível?
Quando o mundo vive problemas muito sérios
que podem por em causa a sobrevivência da própria Humanidade que habita este
planeta há muitos milhões de anos mas que, ao longo de pouco dos mais de dois
séculos de “revolução industrial”, delapidou os recursos naturais, degradou
profundamente o Ambiente de que necessita para viver e acelerou e as alterações
climáticas naturais de um modo que, quase por certo, lhe virá a criar condições
de vida muito difíceis de enfrentar, é necessário e urgente rever os
procedimentos de tomada das decisões políticas, porque são agora outras e bem
diferentes as razões para as tomar.
É um modo de viver comprometido pelos danos
profundos que causou e continua a causar, ultrapassando já os que sem más consequências,
porventura até irreversíveis, a Terra pode suportar.
Os políticos não conseguem já evitar reconhecer
esta verdade, mas não são capazes de a enfrentar com os procedimentos que a
realidade mostra indispensáveis para evitar males maiores.
E de “boas intenções” continua a encher-se
o inferno…
A capacidade do nosso planeta, baseada em
ciclos naturais de reposição e de regeneração de recursos, tem limites que a
observação científica verificou estarem ultrapassados pela intensidade do
consumo, de tal modo que a “produção anual” já mais não dá do que para meio
ano, a partir do que consumimos as reservas que, sem dúvida e pelo ritmo
crescente que as últimas décadas revelaram, rapidamente chegarão ao fim.
É a falência de um tipo de vida que, apesar
disso, continua a ser a ilusão que todos perseguem em migrações desesperadas
que parecem querer concentrar o mundo exactamente onde, apesar das aparências,
ele começa a morrer.
A visão curta da política, habituada a não
pensar o amanhã e incapaz de se dar conta das mudanças que acontecem, apesar de
a cada dia serem mais evidentes, cava cada vez mais fundo o buraco em que se
enterra e torna cada vez mais difícil a vida dos vindouros, até ao dia dos que
se aperceberão que, inevitavelmente, o fim da Humanidade é uma certeza.
Perdeu-nos a “razão da maioria” que
escolheu este caminho.
Poderá aliviar os nossos males a “maioria
da razão” que possa entender a necessidade de rigor de comportamentos onde outros direitos não
cabem para além dos que se conformem com o respeito pela
Natureza da qual somos, cada vez mais, uma parte insignificante.
Ainda
há quem se deslumbre com os “estudos” em que alguns políticos dizem basear as
suas previsões, sobretudo as que nos querem fazer crer num sucesso que as
circunstâncias não suportam.
“Estudo”
sempre faz pensar em algo de muito sério e fora do alcance do comum dos
mortais, algo de misterioso a que só os mais dotados têm acesso e de cujos
resultados se não pode duvidar.
Mas
duvidar como? Um estudo é um estudo e ponto! Se o for.
Diz
o PS serem estudos macroeconómicos as “contas” que faz e que têm por base as políticas
optimistas de “crescimento económico” que propõe e dos quais resulta a “convicção”
da criação de mais de 200.000 empregos em quatro anos, a par da redução do
défice até pouco mais de 1% do PIB.
Contas
simples que têm por base parâmetros que não dominam, taxas de crescimento que,
por certo, jamais irão acontecer.
Não
conheço forma de fazer “estimativas certas” como são as que resultam das
“contas” que o PS diz poder mostrar, ao contrário das que, dizem, outros
escondem.
Afinal
os “estudos” não passam de “contas” que, certas ou erradas, não são mais do que
as hipóteses em que se baseiem. E as hipóteses do PS quais são? Precisamente as
que conduzem aos resultados que convêm.
É
aqui que está a questão se coloca, nas premissas que fazem com que as contas, ainda
que aritmeticamente certas, possam conduzir a resultados falhados, bem
diferentes daqueles que a realidade mostrará mais tarde.
E
mais uma vez se provará que a política não é aritmética e que a demagogia não pode
substituir a realidade na qual as contas devem basear-se mas que, por interesse
ou ignorância, jamais é considerada.
Transformar
a política num computador estúpido que com uma rapidez insuperável faz as
contas que lhe mandam fazer, parece ser a tendência desta política que está a
viver os seus últimos dias. Dias de desespero.
Cá
por mim, não vejo que "contas" nos poderão salvar da estupidez de pensar que é no
consumismo que estará a solução a que apenas uma racionalidade sóbria nos pode
levar.
Não fazem qualquer sentido nem, sequer,
revelam bom senso, as "estimativas" da campanha eleitoral do PS que prometem
centenas de milhar de empregos dentro de quatro anos e, com isso, nada mais
fazem do que criar falsas expectativas naqueles para quem a vida é mais dura e
que são a maioria!
Quando o mundo está em plena perda,
exaurido pelos excessos de uma economia consumista e a Humanidade confundida
com as promessas de paraíso que a Terra jamais será, valeria mais que os
políticos tomassem conta da realidade que é o drama que o mundo vive em vez de
fazerem promessas que jamais poderão cumprir porque tal já nem está nas suas mãos.
Em Portugal, irá o António Costa contratar
mais 200.000 novos funcionários públicos ou nacionalizará todas as empresas
para nelas "criar" os empregos que promete?
Não sei, mas seria uma forma de cumprir.
Porventura a única. Depois... logo se vê.
Talvez muita gente se recorde da promessa
um pouco mais comedida com que Sócrates convenceu o eleitorado e, de todo, não
cumpriu!
Terá António Costa copiado as "estimativas"
daquelas que o Syrisa fez e saíram furadas?
Não é possível ignorar os encómios que
Costa lhes teceu quando pensava que os novos vencedores gregos iriam mudar a
Europa, esquecendo o “cavalo de Tróia” que lhes poderia entrar em casa.
Há um velho ditado que diz que "todo o
burro come palha..."
Mas quantos burros há e, até, se haverá
palha para todos, isso o ditado não diz! Mas talvez as eleições o digam.
Reparem neste texto que tem a data de 13 de
Agosto passado e, depois, pensem um pouco sobre as maravilhas que estes
“socialistas” prometem:
“A PARTIR DE AMANHÃ COMEÇAREMOS A VIVER
ACIMA DAS POSSIBILIDADES DA TERRA
por Bárbara Cruz, 13
agosto 2015
Em
oito meses, a humanidade consumiu os recursos renováveis que o planeta consegue
produzir durante um ano. Depois do dia 13 de agosto, estamos a delapidar as
reservas da Terra.
Há
20 anos que a Global Footprint, uma organização não governamental ligada à
conservação da natureza, faz o cálculo: com dados fornecidos pelas Nações
Unidas, a ONG compara a pegada ecológica do Homem - que mede a exploração dos
recursos naturais do planeta Terra pelo ser humano - com a capacidade do
planeta de se regenerar, renovando os seus recursos e absorvendo os resíduos.
Perante as informações recolhidas, a Global Footprint determina o dia em que a
exploração humana ultrapassa a chamada biocapacidade da Terra. Em 2015, esse
dia assinala-se esta quinta-feira, 13 de agosto.
A
data é cada vez mais precoce: em 2005, o homem começava a explorar as reservas
do planeta só a partir de Setembro. Em 1975, os recursos renovados a cada ano
terminavam apenas em Novembro. A vertigem do consumo é cada vez maior e a
humanidade, conforme indica a organização, vive cada vez mais tempo "a
crédito", com a dívida ecológica a crescer e a tomar proporções
preocupantes. A desflorestação, escassas reservas de água, poluição e o efeito
de estufa são o preço que o Homem já está a pagar pelo consumo desenfreado dos
recursos terrestres, num ciclo vicioso que, daqui em diante, só pode piorar
caso não sejam tomadas medidas urgentes.
A
poucos meses da conferência mundial sobre as alterações climáticas - prevista
para Dezembro, em Paris - o vice-presidente da Global Footprint, Sebastian
Winkler, disse ao Le Monde que as negociações que se avizinham serão
determinantes para reduzir a pegada ecológica do homem, porque são as emissões de
carbono as principais responsáveis pela degradação do ambiente e dos recursos
terrestres.
"É
um ciclo vicioso. A nossa forma de consumo degrada os ecossistemas dos quais
dependemos. Lança gases com efeito de estufa para a atmosfera e o aquecimento
global agrava ainda mais esta situação", realça Diane Simiu, a directora
dos programas da WWF, organização dedicada à preservação do ambiente, em
França. A continuar a tendência de sobreexploração dos recursos do planeta, em
2030 serão necessários os recursos gerados por dois planetas Terra para
responder às necessidades do homem.
A
boa notícia, segundo Sebastian Winkler, é que basta que os 195 países que vão
participar na reunião de Paris cheguem a acordo para a redução em 30% das
emissões de CO2: assim, em 2030, a humanidade viveria das reservas da terra só
a partir de 16 de Setembro, verificando-se uma maior poupança dos recursos do
planeta. Caso nada mude, o dia chegará a 28 de Junho.” Para terminar, apenas digo que, pelo que o passado mostra e o presente promete, Sebastian Winkler é um optimista! Não está em campanha eleitoral e mesmo assim...
Um
texto publicado hoje num jornal, fala sobre sondagens, das que dizem respeito a
actos políticos, e questiona a sua importância.
Terão
elas o rigor bastante que qualquer indicativo deve ter para servir de
orientação fiável? Afinal as sondagens reflectem uma realidade ou
influenciam-na?
Quanto
ao rigor destas sondagens, tenho sérias dúvidas por diversas razões.
Uma
sondagem pretende determinar as características de um todo extenso através de
uma amostra reduzida, porém escolhida de tal modo que possua as características
médias do todo, porque só assim será uma amostra significativa.
A
escolha da amostra é a grande dificuldade pelo que exige técnicas que são
definidas consoante a natureza do todo que se pretende caracterizar, as quais
serão tanto mais complexas e difíceis quanto mais heterogéneo ele for. Mais
difícil ainda se o todo não for contínuo.
No
que diz respeito aos eleitores, o todo não é nem homogéneo nem contínuo, além
de não ser inerte porque se trata de seres humanos que têm vontade própria,
conhecimentos e convicções que evoluem com o tempo.
Segundo a Pordata e a SGMAI, em 2014, o número total de eleitores era 9.457.671, dos quais apenas 3.278.481 foram votantes. A abstenção atingiu, pois, o elevadíssimo número de 6.179.190. Dos valores disponíveis verifica-se que a abstenção tem aumentado.
Independentemente
das dúvidas a que os números dos recenseamentos sempre dão lugar, as suas ordens
de grandeza serão estas e a primeira coisa que salta à vista é o elevadíssimo
número de abstenções, quase 60% do total de eleitores que, atendendo a um
indesmentível abaixamento da popularidade dos políticos e das desconfianças
que, alguns deles, geram, só pode ter tendência a aumentar.
Não
vejo que as sondagens traduzam tal fenómeno nas percentagens que apresentam nem
que uma amostra de pouco mais de 1000 pessoas possa representar um universo tão
maior e tão complexo como é o dos milhões de eleitores dispersos por milhares
de aglomerados populacionais.
A
escolha da amostra baseia-se no conhecimento de tendências verificadas no
passado que mudanças claras na compreensão da realidade certamente cada vez
mais alteram.
Decerto
por isso se têm verificado, em diversos países, profundas discrepâncias entre
os valores indicados pelas sondagens e os realmente apurados.
Também acontecimentos políticos recentes e as suas consequências não deixarão de ter influência na decisão dos eleitores na hora de votar.
Veremos
o que vai passar-se nas próximas eleições legislativas em Portugal. Apenas me resta esperar que, em vez de preconceituosos, os portugueses sejam racionais no modo como vão decidir em momento de tamanha importância para o futuro porque, afinal, a tal "alternância democrática" não é a solução que o nosso correcto entendimento das coisas deve ser.
Do
folhetim grego, mais uma fase está prestes a ver o fim! Apenas mais uma…
Faltarão
uns pormenores e aprovações que, sem dúvida, acabarão por ser acertados para
que esta Grécia siga o seu caminho, aquele que desde há muito está traçado.
Em
tudo quanto se passou, não surgiram ideias novas nem propostas diferentes que
pudessem trazer algum alívio a um mal que, só o não vê quem não quer, não é
apenas grego.
Em
boa verdade, tudo me pareceu semelhante àquela vigorosa e democrática “revolta”
estudantil do “não pagamos” que acabou com as propinas a serem pagas nas
secretarias das faculdades e o número de estudantes reduzido.
Pouco,
muito pouco mais do que isto foi aquilo que se passou, o que é de menos perante
as necessidades que, mesmo que as queiramos ignorar, são uma realidade que,
mais cedo do que tarde, inevitavelmente enfrentaremos.
Depois
da rebeldia vanguardista com que enfrentou a austera e desgastada Europa, a
Grécia terá o seu 3º resgate que uma parte do Syrisa e a Oposição aprovaram numa
Sessão parlamentar que fez um longo serão.
Foi,
deste modo, uma maioria estranha a que aprovou uma decisão que, tudo o faria
crer, seria impossível no quadro político actual, uma estranha “coligação”
entre os destroços de um grande vencedor que garantia o fim da austeridade e os
derrotados que dela eram acusados.
Mas
mais uma vez, como em tantas outras vezes que também já vi, um governo que o
povo elegeu para fazer diferente do que outros antes fizeram, faz diferente daquilo
com que se comprometeu, talvez porque as coisas não são bem como pareciam ser
nem existem as soluções miraculosas que, dizem, a “democracia” sempre tem e
realiza nas “alternâncias que faz.
Depois
de mais de meio ano de “insubordinação” que levou a Grécia da desgraça às ruas
da amargura, chegou a hora de limpar os cacos e de tentar salvar aquilo que
restou.
O
que não certo de que vá acontecer…
Em
tempos já muito distantes, numa praça como aquela que a tantas manifestações
tem assistido, num “parlamento” aberto que se servia dos bancos do jardim,
ilustres filósofos discutiram os regimes políticos, entre os quais não
encontraram aquele que, isento de defeitos, evitasse os vícios que a própria
democracia tem.
Talvez,
numa nova “praça” rodeada pelos destroços que a estupidez humana
acumulou, outros filósofos se reúnam um dia, tranquilos, a discutir o que poderão
fazer para salvar o mundo, antes que chegue o "planeta dos macacos"!
Sempre existiram pirómanos, mas talvez
nunca tantos como agora.
Por iniciativa própria ou, quem sabe, por
conta de outrem, cada vez mais pirómanos andam por aí a atear fogos nas matas,
como se depreende do número de detenções por suspeita de fogo posto!
São já 67 os que, segundo as notícias,
foram detidos por suspeita de serem causadores de incêndios florestais.
O Instituto da Conservação da Natureza e
das Florestas, no seu último relatório, regista que no primeiro semestre deste
ano se registaram 10.340 incêndios que alastraram por quase 30.000 hectares. O
número de incêndios mais do que duplicou em relação ao mesmo período de ano
anterior, enquanto a área ardida mais do que triplica.
São, pois, cada vez maiores os prejuízos
causados por estas ocorrências que parece ninguém ser capaz de conter, apesar
de serem cada vez maiores os custos para as combater, atingindo, mesmo, valores
que melhores resultados produziriam em muitas outras aplicações para as quais
são muito escassos.
Tudo isto faz pensar por que se não investe
tanto dinheiro, possivelmente menos até, em projectos de prevenção destas
catástrofes que, para muitos, correspondem à perda de todos os seus bens.
E fica a ideia de que algo não corresponde
ao que seria a atitude lógica em casos assim.
São já demasiados os interesses envolvidos
nestes acontecimentos, o que nos permite pensar se, realmente, haverá um desejo
autêntico de os evitar.
Mal passou uma semana neste mês de Agosto,
o tradicional mês de férias para a grande maioria dos portugueses.
E numa época para o descanso merecido por um ano de trabalho duro e para descompressão de todo o estresse acumulado numa vida
em que os problemas parecem multiplicar-se, numa altura em que a descontracção
e o sossego deviam ser a norma, é um verdadeiro contra-senso ler notícias como
esta “Catorze pessoas morreram em
acidente nas estradas portuguesas, na primeira semana de Agosto, totalizando
291 vítimas mortais desde o início do ano, indicou hoje a Autoridade Nacional
de Segurança Rodoviária (ANSR).
A
ANSR adianta que a GNR registou, de 01 a 07 de Agosto, na sua área de actuação,
12 mortos e 51 feridos graves, enquanto os acidentes rodoviários nas zonas
patrulhadas pela PSP causaram dois mortos e cinco feridos graves.
Segundo
a ANSR, o número de mortos nas estradas portuguesas aumentou este ano quase 13
por cento em relação ao mesmo período de 2014”.
Infelizmente, nesta economia oportunista em
que vivemos, as perdas de uns são os ganhos de outros, pelo que todos estes
acontecimentos que são desgraças para uns, são uma excelente oportunidade para
os que deles tiram proveito.
Talvez por isso seja tão difícil um combate
sério a esta sinistralidade provocada por um sector que tem os maiores reflexos
na economia para a qual contribui com a indústria automóvel, com os
combustíveis, com as indústrias de manutenção e de reparação, todas envolvendo
vultosas quantias que geram enormes receitas para o Estado!
A verdade é que tantas desgraças
contribuem, em Portugal como em todo o mundo, para o aumento do PIB!
A NOTÍCIA: “Maria João diz que não estava desempregada e que não disse
o que está no outdoor. Mais, acrescenta que quando tirou a fotografia…prestava
até serviços à Junta de Freguesia de Arroios (socialista)”
Ao um primeiro cartaz, nada feliz, que se
prestou a críticas pouco lisonjeiras, desagradáveis até, outro se seguiu,
porventura menos feliz ainda. Um autêntico tiro no pé que recorda as dores
provocadas pelos disparates de um governo megalómano e sem o correcto sentido dos
problemas sociais que, prioritariamente, seriam de resolver.
Procuram-se culpados que ninguém assume ser
porque, naturalmente, ninguém poderá sentir-se bem com as críticas feitas a um trabalho
sem ponta por onde se possa pegar.
Num país de grandes artistas no domínio da
publicidade, não seria de esperar que falhanços sucessivos e de tamanha
dimensão acontecessem, o que aguça a curiosidade de procurar a sua verdadeira
razão de ser.
E teremos de começar por questionar o que
fará ser tão má esta publicidade ou, dito de um modo decerto melhor, se será
possível, mesmo com a melhor arte, tornar apetecível um produto sem qualidade
ou tirar de um vazio de ideias alguma mensagem à qual valha a pena prestar
atenção.
O primeiro cartaz pretendia, pelos vistos,
chamar a atenção para a revelação que António Costa seria. Mas apenas revelou um
vazio que nada mais do que isso pode significar e, por isso, se prestou ao que
a imaginação de cada um nele julgou encontrar.
O vazio das ideias e dos procedimentos
concretos que simples e vagos propósitos de “por fim à austeridade” não permitem,
seja a publicidade a melhor, fazer esquecer o que a realidade já tão
definitivamente provou. A escassez é uma realidade que só muito trabalho pode
atenuar.
Os tempos das conquistas já lá vão e será
bom que não volte o que nos fez julgar donos de uma riqueza que não tínhamos e
que só com muito trabalho poderemos ter.
Foram bem claras as provas dos maus
resultados do voluntarismo aventureiro que, em vez de bem, tanto mal faz.
O segundo cartaz teve o “mérito” de
recordar o que António Costa mais tem necessidade de fazer esquecer, um passado
um pouco mais distante, do qual provêm os males que atribui ao governo que se
propõe substituir, mas que, afinal, são fruto do passado do qual fez parte,
também.
Mas os políticos, que sempre arranjam
maneira de dar o dito por não dito, decerto arranjarão outros cartazes que
colem por cima daqueles.
Mas o que nem a melhor publicidade consegue
é tornar bom um produto que o não é!
Como,
naquelas terras de pouca gente onde vivia, poderia fazer ideia do que fossem
150.000 pessoas a quem apenas uma bomba, de uma só vez, tirou a vida, deixando
em cacos a enorme cidade onde viviam?
Era,
para mim, qualquer coisa tão fantasiosa e irreal como as que aconteciam nas histórias de
Júlio Verne que, perdido em projectos de grandioso futuro, passava horas e
horas a ler, imaginando-me o herói de grandes proezas.
Mas
eram as notícias que chegavam lá de longe porque ali, no meio daquelas
montanhas que me aconchegavam, graças a Deus a guerra não chegara.
Mesmo
assim, foram enormes as dificuldades que tempos muito duros nos fizeram viver,
que um quase imenso espírito de solidariedade conseguiu vencer, aquele que,
depois, vi perder-se nos caminhos mal traçados desta vida que, desde então, dia a dia percorro.
Está
de resto a geração que sentiu na pele aquela dureza da vida e com ela aprendeu que é
cada um responsável por si próprio, sem esperar que outros façam por si o que
apenas a si compete fazer.
Passaram
70 anos, dos quais já poucos viveram os tormentos e outros só conhecem a fantasia de
uma vida que não é como crêem que seja, porque será sempre dura como é.
Hoje
apetece-me pensar o que a Humanidade terá aprendido com a tragédia que viveu.
Talvez nada ou muito pouco, tão levianamente a vejo correr para outra ou outras
que não gostará de viver.
Que
pode interessar a um desempregado, sem condições para ganhar a vida, que a taxa
de desemprego seja esta ou aquela? Aparentemente nada, porque continua
desempregado!
Porém,
não é indiferente se a taxa é alta ou é baixa, se aumenta ou se decresce porque
o bem-estar de cada um também depende do bem-estar geral, ao qual o nível de
emprego não é indiferente.
Não
faz, pois, sentido algum que ao natural regozijo de ver a taxa de desemprego baixar
e, até a partir de um valor que permita perspectivar melhores dias, considerar
o momento “histórico”, contrapor o sofrimento que sintam os que, mesmo assim,
continuam desempregados.
Não passa de demagogia rasteira, pranto de carpideira barata que mostra o incómodo que, em alguns, causa o sucesso que outros possam ter
nesta tarefa dura de governar um país cheio de problemas.
O
desemprego subiu em Portugal desde o início deste século, quando era da ordem
de 4%, sendo já superior a 12% quando, em 2011, o Governo português, chefiado
por José Sócrates, solicitou um resgate financeiro internacional que evitasse a
bancarrota iminente.
As
medidas a que, de seguida, a reversão da situação criada obrigou,
explicitamente os cortes profundos na despesa, fez crescer ainda mais o
desemprego que, em 2013, atingia valores da ordem dos 16%, após o que teve
início uma recuperação do emprego que faz descer a taxa para cerca de 14% em
2014.
Uma
boa notícia actual é que “a taxa de
desemprego caiu 1,8 pontos percentuais no segundo trimestre de 2015, passando
de 13,7% para 11,9%, mostram os dados divulgados hoje pelo Instituto Nacional
de Estatística”.
Tal
significa que foi atingido um nível de desemprego semelhante ao que se
verificava a quando do pedido de resgate, mas desta vez com tendência
decrescente, ao invés do que, então, se verificava.
Se
é um momento histórico? Com certeza, mesmo que tal não signifique mais do que a
esperança de que continue a decrescer porque a economia do país se dinamizou e
se inverteu a tendência que nos levou à austeridade da qual queremos
libertar-nos. Seja como for, sinto-me feliz por ver o desemprego baixar.
(Milton Friedman) Mostrou-me
a vida e toda a experiência que me deu que quando a demonstração é complexa, a verdade
que pretende revelar é, pelo menos, duvidosa.
O
aldrabão de feira é palavroso no modo como que assedia e convence os compradores
das suas “mentiras”, o político envolve em raciocínios acrobáticos a
demonstração do que pretende que pareça “verdade”, o professor ignorante faz parecer difíceis as
coisas simples que não sabe…
É
por raciocínios descomplicados que as verdades mais certas se alcançam e,
depois, é em afirmações simples também que se transmitem para que sejam, por
todos, compreendidas.
Assim
é a verdade, Simples e clara!
Não
é raro que uma grande verdade comece num despretensioso dito popular que
observações sucessivas refinaram. Estou a lembrar-me de um que a própria
Ciência adoptou por conter em si uma verdade irrefutável: “não há almoço de graça”.
Foram
economistas quem primeiro utilizou esta verdade em suas obras. Foi, mesmo,
atribuído a um deles este dito que, pelo que se diz e o célebre Rudyard Keepling confirma, nasceu
dos almoços grátis bem salgados que, nos bares do Oeste americano, faziam beber
muita cerveja que era bem paga!
De
qualquer modo foi Milton Friedman quem popularizou a expressão e lhe deu o sentido que,
apesar de bem entendido, ninguém respeita nesta “economia” de ilusão em que preferimos
viver.
Friedman
terá sido o primeiro e mais incisivo adversário do keynesianismo que outros e
mais recentes Prémios Nobel querem ressuscitar agora, numa tentativa patética de reanimar esta economia moribunda que ainda não compreendeu que ultrapassou todos
os limites possíveis do equilíbrio que, afinal, seria sua missão garantir: a
satisfação bastante das necessidades básicas do Homem, em vez de ser o jogo
preferido dos gurus das “bolsas” ou dos aldrabões da banca.
Deveria
esta verdade estar bem presente sobretudo em épocas de eleições quando, para
ganhar os favores do eleitorado se fazem promessas tão generosas que a
realidade não permite que se cumpram. Como baixar a TSU e manter as pensões...
Foi
sempre assim. Mas não continuará a ser porque o fundo do tacho já está a
descoberto e continuar a rapá-lo não nos dará mais comida.
Se não há almoço de graça, por que insistimos em querer continuar a almoçar de borla?