Agora
que alguns dos países signatários do Acordo de Paris sobre aquecimento global
resolveram empenhar-se na sua ratificação para que, o mais depressa possível,
possa ser posto em prática, agravam-se as perspectivas de um aquecimento mais
intenso, porventura impossível de conter dentro de limites razoáveis.
A
Assembleia da República Portuguesa tratou o assunto e o que escutei a alguns
deputados é a prova da sua ignorância sobre este problema seriíssimo que põe em
causa o futuro da Humanidade.
Na
realidade, os efeitos do aquecimento global que, ainda há bem poucos anos eram
postos em causa por pseudo-cientistas, porventura “aliciados” para desvalorizar
o fenómeno que tantos problemas cria à economia consumista, são agora bem
evidentes nas elevadas temperaturas que, quase decerto, levarão a terra a
bater, pelo terceiro ano consecutivo, o seu record anual de temperatura média
global desde que há registos de temperatura comparáveis, iniciados em 1880.
A
cada ano que passa, sentem-se bem os acréscimos de temperatura que equipas de
cientistas analisam cuidadosamente, incluindo o Painel Intergovernamental para
as Alterações Climáticas, da ONU, que afirma que, afinal, o aquecimento global
está a acontecer a um ritmo mais elevado do que o previsto. A afirmação é de
Robert Watson, antigo presidente do Painel.
Na
conferência de Paris, realizada em Dezembro de 2015, foi fixado o objectivo de
limitar a 1,5ºC o acréscimo de temperatura média global desde a época
pré-industrial.
Mas
em 2015, cerca de 200 anos depois, a diferença era já de 1ºC, quando em 2012
era de apenas 0,85ºC, o que corresponde a 0,25ºC em 3 anos, um ritmo muitíssimo
superior ao anterior.
Além
disso, o número de fenómenos com valores extremos aumentou nos últimos anos,
tendo duplicado desde 1990, alterando profundamente as estatísticas habituais e
as características climáticas ao longo do ano.
Conforme
um relatório das Nações Unidas de 2015, crêem os cientistas que, mesmo que
todos os países signatários do Acordo de Paris cumpram os compromissos fixados
para limitar a subida da temperatura ao valor fixado, as emissões de gases com
efeito de estufa não diminuirão o suficiente durante os próximos 15 anos.
Sendo
assim, o objectivo de limitar a 1,5ºC o acréscimo médio global da temperatura
desde a era pré-industrial afigura-se praticamente impossível e já estará,
provavelmente, superado já em 2030!
O
degelo que fará subir demasiado o nível dos oceanos, a temperatura que se
tornará dificilmente suportável e até mortal para muita gente, os incêndios
florestais, a destruição de ambientes naturais preciosos e tantos outros
efeitos, serão as consequências das leviandades de uma sociedade egoísta e
ambiciosa que nem perante a realidade se convence dos perigos fatais que está a
correr.
Oiço
demais falar em combater o capitalismo sem que me digam o que o substituirá,
aumentar o consumo sem me dizerem como fazê-lo sem agravar a situação ambiental
já tão grave que o seu crescimento gerou, de direita e de esquerda que querem lá saber destas desgraças mas apenas do poder que disputam e jamais
oiço os políticos discutir o futuro da Humanidade que está em risco.