ACORDO ORTOGRÁFICO

O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.

terça-feira, 13 de setembro de 2016

MAMA SUMAE



Obrigar alguém a duros esforços que, como ouvi um militar dizer, se destinavam a levar mais além a capacidade de esforço dos instruendos, quando a temperatura ambiente é de 42ºC, como as notícias informaram, é não fazer ideia de que se está já no limite máximo das capacidades do ser humano, a partir do qual o golpe de calor que vitimou dois jovens e fez adoecer outros tantos, está eminente!
Será tão difícil saber isto e proceder em conformidade?
Ou não serão homens bem treinados mas super-homens os que queremos formar?
Se for, será para que?
Terá sido a falta de cuidado dos responsáveis pelos exercícios a real causa da tragédia em que se tornaram? É bom esclarece-lo.
Nada pagará as vidas de dois jovens na flor da idade nem apagará facilmente a memória de tamanho erro já politicamente aproveitado por alguém para reclamar a extinção dos Comandos!
Curioso é que durante a minha vida já tão longa, na qual e na altura própria fui militar também, cumprindo o que, então, era um dever para com a Pátria, sempre me dei conta desta tendência de acabar com o que não deu certo em vez de tentar entender por que não deu para, depois, serem feitas as correcções que se imponham e, assim, fazer com que o objectivo definido seja alcançado.
É evidente a necessidade de tropas especialmente treinadas para casos especiais, como é o caso dos Comandos que exigem aptidões e treino especial que, apesar de tudo, não fazem deles seres anormais, capazes de suportar o que seja humanamente impossível!
Quando foi a minha vez de treinar homens cujo destino era a guerra nas matas de África, jamais mandei fazer o que eu não fizesse primeiro porque tal me dava a noção da capacidade de o fazer e nem me passaria pela cabeça exigir o máximo de esforço no pino do calor, o que, mesmo sem as consequências funestas como as que tristemente aconteceram, sempre causaria maus efeitos na saúde dos instruendos.
E valeria a pena? E valeu a pena?
O meu respeito imenso por estes homens que se dispõem a defender-nos e mostram no seu grito “mama sumae” a sua disposição de ir até ao sacrifício quando tal se impuser.
Não quando não valha a pena.
Por tudo isto espero ver bem esclarecido tudo quanto se passou, para que não aconteça mais.


Sem comentários:

Enviar um comentário