A
não ser o próprio António Costa e mais uns quantos que, cada vez menos, o repetem, cresce
o número dos que receiam por um novo resgate que Portugal tenha de pedir à “solidariedade”
europeia.
Não
sou dado a engolir o quer que seja que me impinjam, mas são já muitos os que
mostram tal preocupação, sendo de ouvi-los com atenção para avaliar as suas
razões à luz de factos que não podem ser escamoteados, como o são o retrocesso
nas exportações que caíram para metade, a redução profunda do investimento que
se tornou residual, o forte decréscimo do crescimento económico que não
consegue chegar a metade da que Centeno previu nas contas que fez para o
orçamento deste ano, a precária situação da maioria dos bancos a que o BCE pode
retirar o apoio sem o qual dificilmente recuperarão e o crescimento acelerado
da dívida pública que já ultrapassou todos os limites razoáveis e não é susceptível
de ser reduzida facilmente, nem como a forte redução de gastos nos serviços que é da responsabilidade do Estado garantir e cujas deficiências são cada vez
mais notadas.
É
por tudo isto que o Finantial Times insiste em falar de uma tempestade perfeita
que pode levar Portugal, a curto prazo, à necessidade de um novo resgate de que
a redução do défice que António Costa insiste em garantir abaixo de 2,5% do
PIB, está muito longe de poder salvar-nos.
O
aumento global de impostos é, desde já, uma garantia que o próprio ministro das
finanças não desmente e até admite que, mesmo sem agravamento dos impostos
directos que Costa fez ponto de honra excluir do seu programa, os cidadãos possam vir a pagar mais do que já pagam.
Por
ora, são os impostos indirectos o meio para gerar as receitas que o Estado
necessita urgentemente de aumentar, muitas vezes através de decisões que irão
prejudicar factores de crescimento que têm sido importantes, assim como
desencorajam, mais ainda, o investimento sem o qual a recuperação económica é
uma impossibilidade.
Além
do mais este é o caminho que continuará a debilitar, até à exaustão, a classe média que, em
qualquer país, é a que mais concorre para o consumo interno que Costa e Centeno
prometeram aumentar.
Mas
é bem possível que nem os impostos directos escapem à voragem que as
necessidades venham a impor, nem que seja apenas pela subida dos limites
mínimos dos escalões, o bastante para sacar bastante mais dinheiro dos bolsos que já
pouco têm.
Não
creio que Portugal, assim, fique atraente para além daqueles que, de férias, aqui
venham desfrutar os baixos preços que lhes cobramos.
E
quando, apesar de tudo, o primeiro-ministro sente a necessidade de, em públicas
e risonhas parangonas, considerar que um pequeno aumento de inscrições no ensino superior,
como aconteceu este ano, mostra que a política de direita faliu, fica feita a
prova da insuficiência de argumentos a favor daquela com que ele prometeu fazer
progredir este país.
Deve
António Costa estar desinformado da realidade que mostra terem de ser outros os
caminhos a trilhar para evitar o descalabro que tudo faz prever.
Menos
de um ano depois das eleições que não ganhou mas lhe deram o poder, não
imaginaria eu que a situação que a política que o PS adoptou nos conduzisse ao
ponto de, como tudo leva a crer, nos pode colocar numa situação bem pior do que
aquela que um outro governo socialista, em 2008, nos colocou também!
Um
novo resgate será, inevitavelmente, o atoleiro que António Guterres temeu e o
fez afastar-se da política portuguesa.
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