Quando,
em 2004, visitei o “Ground Zero”, tive dificuldade em controlar os efeitos das
recordações da tragédia que os media profusamente mostraram e descreveram, os
horrores sentidos, as vidas ceifadas, as ilusões destruídas, os actos de
bravura contrapostos à loucura de uns quantos embriagados pelos ideais
terríficos que algum louco lhes incutiu como sendo a vontade de Deus, como se
algum Deus houvesse capaz de tamanha crueldade.
Era
difícil imaginar que naquele lugar, agora tranquilo, ocorrera um drama sem nome
e tão grande que chocou todo o mundo.
Alguns
resquícios e imagens distribuídas pelas pareces eram as únicas provas do horror
que uma paz aparente quase escondia.
Recordo
uma das muitas descrições que, em 2001, se fizeram nos meios de comunicação de
todo o mundo, a propósito do atentado cometido por elementos da organização fundamentalista
islâmica Al Qaeda que Bin Laden dirigia.
“Na manhã daquele dia dezanove, terroristas sequestraram
quatro aviões comerciais de passageiros. Os sequestradores colidiram
intencionalmente dois dos aviões contra as Torres Gemeas do complexo
empresarial do World Trade Center na cidade de Nova Iorque, matando todos a
bordo e muitas das pessoas que trabalhavam nos edifícios. Ambos os prédios
desmoronaram duas horas após os impactos, destruindo edifícios vizinhos e
causando vários outros danos. O terceiro avião de passageiros colidiu contra o
Pentágino, a sede do Departamento de defesa dos Estados Unidos, no Condado de
Arlington, Virginia, nos arredores de Washington DC. O quarto avião caiu em um
campo aberto próximo de Shanksville na Pensilvânia, depois de alguns de seus
passageiros e tripulantes terem tentado retomar o controle da aeronave dos
sequestradores, que a tinham reencaminhado na direcção da capital
norte-americana. Não houve sobreviventes em qualquer um dos voos.
Quase três mil pessoas morreram
durante os ataques, incluindo os 227 civis e os 19 sequestradores a bordo dos
aviões. A esmagadora maioria das vítimas eram civis, incluindo cidadãos de mais
de 70 países.”
Não
era a primeira vez que as torres eram alvo de um atentado para as destruir,
pois já em Fevereiro de 1993 as “torres” foram alvo de um atentado através de
um camião carregado de explosivos que explodiram num parque de estacionamento
da torre norte visando destruí-la e, na sua queda, destruir, também, a outra
torre.
Não
terá sido bem interpretada esta tentativa que marcou o local mas não o modo
como a destruição aconteceria. Foi quase uma manobra de diversão na qual,
distraídos por ela, tantos caíram.
A
história do avião que se despenhou sem atingir o seu objectivo que se supõe
seria o Capitólio em Washigton, DC, merece ser contada de um modo mais completo
para evidenciar e homenagear a bravura dos seus ocupantes que, ao se
aperceberem das intenções dos terroristas, os assaltaram e o brigaram o avião a
sair da rota para abortar a sua missão.
Mas
não me parece que o mundo tenha aprendido tanto assim com o que aconteceu.
A
Torre da Liberdade que se ergue já naquele local não é, de modo algum, a
resposta que o acto merecia, pois mais importante me parece teria sido uma
avaliação completa do que sucedeu, das suas motivações e intenções finais que se
não cumpriram naquele odioso acto.
Pelo
contrário, ele não passou do fermento para tantas coisas que já se passaram
depois disso e continuam a passar, sem que me pareça haver, ainda, uma ideia
clara do fundamentalismo que alastrou e se tornou na “fuga” para muitas
frustrações de quem nada tinha a ver com aquela “fé” desviada, mas encontrou
nela o modo de fugir da vida em que esta civilização abastardada o fez afundar!
A
ideia inicial de Bin Laden transformou-se e, agora, a estratégia é bem outra, a
de provocar o caos no mundo inteiro e, como sempre esteve nas suas intenções,
lançar irmãos contra irmãos.
E
estão a consegui-lo perante a distracção e a passividade típica dos políticos
que, como se tornou hábito dizer, não enxergam para além do próprio umbigo nem
se preocupam com mais do que o poder que ambicionam!
Por
isso não se dão conta de que o pânico generalizado começa a ser uma realidade latente.
E todos podemos imaginar os efeitos que terá quando não puder ser mais contido.
Por
fim pergunto-me como é possível que 15 minutos depois do primeiro impacte nas
torres gémeas, um avião sequestrado, dos quatro de que não seguiram as rotas
previstas e ainda em vôo, pudesse dirigir-se à outra torre para a destruir, sem
nada que o impedisse?
A minha profunda homenagem a todas as vítimas deste cruel acto terrorista e, com ela, a que presto a tantos que, com abnegação e coragem ajudaram tanta gente.
A minha profunda homenagem a todas as vítimas deste cruel acto terrorista e, com ela, a que presto a tantos que, com abnegação e coragem ajudaram tanta gente.
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