ACORDO ORTOGRÁFICO

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quarta-feira, 21 de setembro de 2016

SE MUITOS POUCOS FAZEM MUITO, NÃO SE PODE COM O MUITO FAZER MAIS DO QUE MUITOS POUCOS



Acabo de ver, na TVI, uma entrevista em que Mariana Mortágua, do BE, defende uma medida de justiça social que tira um “pedacinho” cada rico para dar uma “nada” a cada pobre.
Foi a canção do coitadinho que pouco ou nada tem, a quem cinco euros por mês não resolvem problema algum. Continuará pobre na mesma.
Não me pareceu a Mariana capaz de esclarecer o entrevistador que lhe colocava esta questão e acabou por refugiar-se no incomparável quando falou da pobreza em África ou na Ásia onde as coisas são e terão de ser resolvidas de modo bem diferente, de onde até poderá ter vindo a maior parte das riquezas aqui acumuladas, na Europa e na América.
Aquela Mariana que, pelo seu entusiasmo, deu nas vistas nas comissões parlamentares em que alguns dos responsáveis por muitas das más políticas que arrasaram este pobre país, tiveram de dar contas dos seus procedimentos, pareceu desta vez atrapalhada, num dilema em que se enredou sem conseguir explicar como, com o muito que tirasse a poucos ricos, conseguiria dar pouco mais do que “nada” aos muitos pobres que necessitam de bem mais para viver melhor.
Ficou óbvio que não será este o caminho que reduz a proporções razoáveis as gritantes desigualdades que existem, aqui e por todo o lado, próprio do modo de viver que adoptámos.
Aliás, pretender resolver um problema de tamanha dimensão com a ligeireza de uma medida anã, é não ter a menor noção do tamanho da questão que ele representa, porque é mais profunda, mais vasta e mais envolvente nos aspectos que a influenciam.
Tudo isto não passará, pois, de um escasso remedeio pontual que não é parte, sequer, das soluções que os nossos problemas exigem.
Seja como for, está feita a prova desta rota de navegação à vista que o Governo faz, bem diferente da que traçou nas eleições e com muitos riscos que comporta, porque a mínima borrasca nos atirará para a praia onde encalharemos.
Foi mentira não se mexer nos impostos, como o foi não haver um Plano B, assim como o serão tantas outras coisas também.
Quem vai, assim, sair da pobreza?


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