A
justiça fiscal é essencial em qualquer sociedade, não apenas para pagar o que o Estado gasta nas suas acções, mas para que os desequilíbrios sociais, jamais impossíveis de evitar, se não acentuem demasiado.
Por
isso os rendimentos de pessoas singulares são tributados em impostos directos
de forma progressiva, pagando mais quem mais ganha, assim como os indirectos,
como o IVA e muitas taxas avulsas sobre determinados produtos, fazem contribuir
mais quem mais consome.
Nuns
e noutros haverá que estabelecer regras duradouras que permitam às pessoas planear
as suas vidas sem ficarem sujeitas a sobressaltos que as alterações frequentes sempre
causam, fixando os escalões do IRS que diferenciam as taxas a que ficam sujeitos
conforme o nível de vida que consentem e os indirectos em função das
necessidades a que os produtos afectados correspondem.
Não
podem os rendimentos continuar a ser tão díspares que, a par de quem não tenha
o bastante para as suas necessidades básicas, haja quem ganhe o que nem sequer
consegue gastar! É uma situação absurda.
Por
isso os impostos devem ter a sua função de redistribuição da riqueza, evitando
os desequilíbrios enormes que fazem com que uma muito reduzida percentagem de
cidadãos sejam a detentora de mais de metade da riqueza do país.
Mas
os rendimentos não são, apenas, salários que, curiosamente, grandes magnatas
fazem questão de ter pequenos, tal fazendo parte dos artifícios pelos quais
pagam baixos impostos directos.
Há,
para além disso, o mercado paralelo que, em conjunto com os “crimes de
colarinho branco” sonegam à contribuição justa muita da riqueza criada, de tal
modo que chega a ser muito elevada a percentagem do capital que acaba por nada
pagar, situações que caberá ao Estado combater de forma dura e constante, com
penalizações que, de todo, as desencoraje.
Feitas
as coisas como deve ser, deveriam os impostos cumprir a sua missão de justiça
social de uma forma clara e justificada, conforme regras por todos bem
entendidas, sem necessidade de atitudes casuísticas como aquelas que o Governo
tem vindo a adoptar de modo mais ou menos encapotado, talvez tudo em prol de um
défice que nas condições em que o país se encontra não é, sequer, o mais
importante.
A
estabilidade de um país depende, também, da estabilidade das suas leis e não
será com este tipo de navegação à vista que o Governo conseguirá fazer de
Portugal um país apetecível para os portugueses e para os investidores.
Além
disso, enquando as coisas forem feitas deste jeito, rapando sempre na ração dos que
às diatribes tributárias jamais poderão fugir, aqueles que sempre se furtaram à
contribuição para a sociedade a que pertencem, arranjarão novos processos para
continuarem a fazê-lo.
Quanto
dinheiro terá já saído do país à conta do que para aí se diz que vai ser feito em matéria de impostos e do levantamento do segredo bancário?
Quantos
investimentos terão já sido deixados de fazer?
Quantos
terão alterado os seus planos de vida e irão viver para outro lado?
Quantos, subsidiados pelos impostos dos que por aqui terão de continuar, tiram os seus cursos superiores para, depois, trabalharem em outro lado?
Quantos, subsidiados pelos impostos dos que por aqui terão de continuar, tiram os seus cursos superiores para, depois, trabalharem em outro lado?
Não
é assim que se gere um país onde, em vez de um lugar ao sol, estar na sombra é
mais barato!
É cada vez mais evidente que muita coisa tem de mudar numa sociedade que, nos seus procedimentos económicos, enveredou por atitudes que se não coadunam já à realidade do mundo em que vivemos. Mas não será deste modo que se conseguirá fazê-lo.
Estaremos, apenas a lançar gasolina numa fogueira que já arde...
É cada vez mais evidente que muita coisa tem de mudar numa sociedade que, nos seus procedimentos económicos, enveredou por atitudes que se não coadunam já à realidade do mundo em que vivemos. Mas não será deste modo que se conseguirá fazê-lo.
Estaremos, apenas a lançar gasolina numa fogueira que já arde...
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