Deveria
deixar-me tranquilo aquela declaração que ontem ouvi de António Costa, dizendo
que, sem a menor reserva, no final do ano vamos ter um défice confortavelmente abaixo
dos 2,5%?
Se
devia, não deixou porque nesta “continuidade” em que o que fica é igual ao que entra
menos o que sai, há alçapões e armadilhas que desviam meios e atenções para fazer
parecer que existe enriquecimento mesmo quando é a pobreza que cresce.
Os
artifícios da execução orçamental fazem reduzir o défice mas não conseguem
esconder como a dívida se torna cada vez maior, fazendo aumentar os juros que pagamos por novos empréstimos de que necessitamos para despesas correntes. Mesmo assim, os cidadãos não se dão conta de
como, através de impostos dissimulados em taxas que, continuadamente, se vão lançando sobre isto e aquilo, são eles quem corrige os deslizes de um
orçamento que os tem como única fonte de receita!
A
economia não cresce, o investimento também não, a confiança dos cidadãos que
sentem cada vez mais caro aquilo de que não podem prescindir para viver,
reduz-se e será, no final de tudo, o défice que nos custa cada vez mais suor o
indicador da nossa riqueza?
E quando se chega ao ponto de pedir que sejam voluntariamente reduzidos os benefícios que espera quem investe, a prova de que algo de essencial falha torna-se evidente. Como evidente é que até os truques mais apurados têm as suas fraquezas e casos haverá em que não resultam mesmo. Foi assim que o Houdini morreu, porque há, sempre, um limite para as coisas, como há um momento em que a poeira assenta e nos damos conta da porcaria que andava no ar, porque não há truques que iludam a Natureza, nem artimanhas que alterem o modo como Ela determina que as coisas aconteçam.
E quando se chega ao ponto de pedir que sejam voluntariamente reduzidos os benefícios que espera quem investe, a prova de que algo de essencial falha torna-se evidente. Como evidente é que até os truques mais apurados têm as suas fraquezas e casos haverá em que não resultam mesmo. Foi assim que o Houdini morreu, porque há, sempre, um limite para as coisas, como há um momento em que a poeira assenta e nos damos conta da porcaria que andava no ar, porque não há truques que iludam a Natureza, nem artimanhas que alterem o modo como Ela determina que as coisas aconteçam.
Em
suma, o que pode interessar que o défice decresça artificialmente se a dívida que temos para pagar
cresce a olhos vistos e já aproxima perigosamente da riqueza que conseguimos
produzir durante um ano e meio?!
Como
numa expressão bem antiga e muito curiosa se diz, andamos a trabalhar para o
boneco.
E
foi assim que, quando já estava quase habituado a não comer, o cavalo do
escocês se finou!
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