Há quem preste bons serviços ao país quando diz o que pensa, se o faz de um modo sério, se fala de coisas concretas e importantes para todos nós, fazendo do que crê ser a verdade a sua batalha em prol de um melhor futuro. Mas outros há, porém, que fazem da TV o seu meio para tentar não desaparecer de um palco onde muito poucos, por vezes nenhuns, louvaram o papel que já lá desempenharam.
É o que me apetece dizer quando vejo Santana Lopes, para mim um falhado da política, aparecer a debitar sentenças como esta de dizer que “criticar Sócrates é bater em que já não está”, acrescentando que o Presidente da República deveria esperar o final do mandato para dizer o que disse no já muito célebre prefácio que tanta celeuma levantou!
Pois eu discordo por duas razões. Sócrates meteu o país numa alhada da qual resultam graves problemas para todos nós e, mesmo que a tradicional inimputabilidade dos políticos lhe garanta não ter de prestar outras contas, terá de ser julgado por erros que um Primeiro Ministro não deve cometer. Por isso, o juízo público é inevitável. Depois, não é esquecendo-os que os erros cometidos nos ensinam como fazer melhor, nem evitamos repeti-los no futuro.
Por outro lado, se Sócrates não está é porque decidiu afastar-se de uma cena onde, por certo, não seria bem olhado. Por isso, como parece ter anunciado, foi estudar Ciências Políticas em Paris, qual cirurgião que vai aprender a sê-lo depois de maltratar o doente.
Temos em funções um Governo que, para seu e nosso mal, não pode ser a simpatia que a todos conviria que fosse. E é assim por causas que não devem ser esquecidas, porque mais criticável do que falar de alguém nas suas costas seria fazer pagar o justo pelo pecador. Pelo menos por ora, enquanto a política que está a ser seguida não mostrar os seus efeitos.
Esquecer Sócrates e o seu tenebroso governo seria uma atitude de avestruz, metendo a cabeça na areia para não olhar o perigo!
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