ACORDO ORTOGRÁFICO

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quarta-feira, 21 de março de 2012

HOJE É DIA DE POESIA, AMANHÃ DE GREVE GERAL, DEPOIS DE DESILUSÃO!

Acabo de ouvir diversas opiniões, entre as quais as de alguns economistas, que, perante os resultados da situação das nossas finanças públicas recentemente divulgados, divergem entre duas opiniões essenciais: Há ou não alternativa à austeridade?
Enquanto uns afirmam que sem esta austeridade o país se teria afundado e, em consequência, estaria a enfrentar muito maiores dificuldades e mais pobreza do que a austeridade lhe trás, dando as explicações que, naturalmente, a experiência da vida nos obriga a aceitar, outros afirmam que a alternativa existe, ainda que nunca digam qual seja! Mas eu poderei imaginar que seria a de entrarmos no grupo de Cuba, da Venezuela, da Coreia do Norte e de outros países onde a “abastança e a liberdade” fazem felizes os seus povos!
Mas passemos adiante.
Se comparadas com as afirmações do Ministro das Finanças que insiste na garantia da não necessidade de novo resgate e de que Portugal voltará aos “mercados” em Setembro de 2013, pois tudo corre como o previsto e estamos, já, a meio da ponte, as afirmações que escutei são, todas elas, contrárias ou, na melhor das hipóteses, de grandes dúvidas. Bom seria se... mas…
Não vou referir-me, de novo, àquelas outras participações avulsas neste programas, feitas de chavões que decalcam “a voz do dono”, porque, mais uma vez e a menos uma ou outra rara intervenção com alguma razoabilidade, deturpam circunstâncias, factos e afirmações para fazerem a demonstração impossível de que tudo seria melhor de um modo que ninguém diz qual seja!
O que seria correr melhor, afinal? Acabaria a austeridade que a penúria nos impõe? Voltaríamos à vida descuidada que antes levávamos? Poderíamos voltar a fazer a vida de ricos que não somos? O que seria diferente, afinal?
É óbvio que, como ouvi Octávio Teixeira afirmar, a austeridade não é expansionista, uma verdade que não contradiz ninguém pois jamais alguém afirmou o contrário. O mesmo não digo em relação à alternativa que diz existir, pois o mesmo afirmam Jerónimo de Sousa, Francisco Louçã e outros que, apesar da insistência da afirmação, nunca deram a conhecer o que seria o seu projecto de desenvolvimento do país nem qual seria a felicidade que o povo, desse modo, viveria.
Depois há, também, aqueles que, não podendo iludir as causas nem defender os causadores desta situação vergonhosa que vivemos, atabalhoadamente lançam as culpas mas costas de outros a quem atribuem atitudes e afirmações que nunca fizeram ou que deturpam de modo descarado.
Não será assim que as coisas vão melhorar. Certamente.
Também a análise que faço das coisas me não permite concordar com o Ministro das Finanças e, de um modo geral, com todos os demais. A razão é simples e baseia-se na escassez global que não vai permitir, seja a quem for neste mundo, continuar a jogar o jogo que têm jogado numa perspectiva de abundância que a realidade não consente.
É a hora de entender que o jogo agora é outro, mais próximo da sobrevivência que caracterizou os nossos antepassados do que da grandiosidade que nos conduz à perdição.
Acredito no Homem e nas suas capacidades para mudar o mundo, o modo de nele viver, mas sem qualquer expressão quando se trata de querer mudar a Natureza que é, afinal, tudo aquilo de que dispomos para viver.
Há tanta coisa que se pode fazer para viver bem neste mundo onde, apesar de tudo, o Homem pode ser feliz.
Hoje é o dia da poesia e ouvi alguém ler um poema em que Shakespeare afirma “mudai o mundo que o Homem mudará também”. Pois bem, o mundo mudou. Não precisamos de grandes rasgos de observação para sabermos que mudou. Então porque não muda o Homem? Por que continua a desejar o impossível, em manifestações ridículas em que se deixa levar pelos interesses dos que as promovem, em vez de olhar de frente a realidade e fazer o que, se ele o não fizer, a Natureza fará por si? Com dores imensas, podem crer!

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