Acabo de ouvir diversas opiniões, entre as quais as de alguns economistas, que, perante os resultados da situação das nossas finanças públicas recentemente divulgados, divergem entre duas opiniões essenciais: Há ou não alternativa à austeridade?
Enquanto uns afirmam que sem esta austeridade o país se teria afundado e, em consequência, estaria a enfrentar muito maiores dificuldades e mais pobreza do que a austeridade lhe trás, dando as explicações que, naturalmente, a experiência da vida nos obriga a aceitar, outros afirmam que a alternativa existe, ainda que nunca digam qual seja! Mas eu poderei imaginar que seria a de entrarmos no grupo de Cuba, da Venezuela, da Coreia do Norte e de outros países onde a “abastança e a liberdade” fazem felizes os seus povos!
Mas passemos adiante.
Se comparadas com as afirmações do Ministro das Finanças que insiste na garantia da não necessidade de novo resgate e de que Portugal voltará aos “mercados” em Setembro de 2013, pois tudo corre como o previsto e estamos, já, a meio da ponte, as afirmações que escutei são, todas elas, contrárias ou, na melhor das hipóteses, de grandes dúvidas. Bom seria se... mas…
Não vou referir-me, de novo, àquelas outras participações avulsas neste programas, feitas de chavões que decalcam “a voz do dono”, porque, mais uma vez e a menos uma ou outra rara intervenção com alguma razoabilidade, deturpam circunstâncias, factos e afirmações para fazerem a demonstração impossível de que tudo seria melhor de um modo que ninguém diz qual seja!
O que seria correr melhor, afinal? Acabaria a austeridade que a penúria nos impõe? Voltaríamos à vida descuidada que antes levávamos? Poderíamos voltar a fazer a vida de ricos que não somos? O que seria diferente, afinal?
É óbvio que, como ouvi Octávio Teixeira afirmar, a austeridade não é expansionista, uma verdade que não contradiz ninguém pois jamais alguém afirmou o contrário. O mesmo não digo em relação à alternativa que diz existir, pois o mesmo afirmam Jerónimo de Sousa, Francisco Louçã e outros que, apesar da insistência da afirmação, nunca deram a conhecer o que seria o seu projecto de desenvolvimento do país nem qual seria a felicidade que o povo, desse modo, viveria.
Depois há, também, aqueles que, não podendo iludir as causas nem defender os causadores desta situação vergonhosa que vivemos, atabalhoadamente lançam as culpas mas costas de outros a quem atribuem atitudes e afirmações que nunca fizeram ou que deturpam de modo descarado.
Não será assim que as coisas vão melhorar. Certamente.
Também a análise que faço das coisas me não permite concordar com o Ministro das Finanças e, de um modo geral, com todos os demais. A razão é simples e baseia-se na escassez global que não vai permitir, seja a quem for neste mundo, continuar a jogar o jogo que têm jogado numa perspectiva de abundância que a realidade não consente.
É a hora de entender que o jogo agora é outro, mais próximo da sobrevivência que caracterizou os nossos antepassados do que da grandiosidade que nos conduz à perdição.
Acredito no Homem e nas suas capacidades para mudar o mundo, o modo de nele viver, mas sem qualquer expressão quando se trata de querer mudar a Natureza que é, afinal, tudo aquilo de que dispomos para viver.
Há tanta coisa que se pode fazer para viver bem neste mundo onde, apesar de tudo, o Homem pode ser feliz.
Hoje é o dia da poesia e ouvi alguém ler um poema em que Shakespeare afirma “mudai o mundo que o Homem mudará também”. Pois bem, o mundo mudou. Não precisamos de grandes rasgos de observação para sabermos que mudou. Então porque não muda o Homem? Por que continua a desejar o impossível, em manifestações ridículas em que se deixa levar pelos interesses dos que as promovem, em vez de olhar de frente a realidade e fazer o que, se ele o não fizer, a Natureza fará por si? Com dores imensas, podem crer!
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