ACORDO ORTOGRÁFICO

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sexta-feira, 16 de março de 2012

SONDAGENS…

Pode usar-se a tradicional e abstracta expressão que diz que “as sondagens valem o que valem” ou, até mesmo, dizer que não têm qualquer valor, mas a verdade é que se acumulou já experiência bastante para as tornar razoavelmente credíveis e, por isso, as considerar como uma base de informação que os políticos não devem desprezar.
Quer as amostras utilizadas quer os questionários dos quais dependem as margens de erro e a clareza dos resultados, são já fruto de um saber que ao longo do tempo se foi acumulando, mas não é fácil, numa conjuntura como a que vivemos, quando tudo é desconfortável e as perspectivas de futuro são demasiado escuras, responder às questões que uma sondagem coloca.
Acabo de ver publicados os resultados de uma que mostra que, em relação à anteriormente feita, a “maioria” continua a existir e até se reforçou um pouco, que o PSD continuaria a ser o partido mais votado e que, tal como o CDS, viu reforçadas as intenções de voto, enquanto o PS perde um pouco nessas mesmas intenções.
Apesar destes resultados positivos, o Governo da Maioria continua com uma pontuação muito negativa, tendo abaixo de si apenas os Juízes e o Ministério Público.
Pode causar estranheza que, com a maioria a subir e com o PSD a continuar a ser, potencialmente, o partido mais votado e com melhor resultado do que na anterior sondagem, o Governo esteja a ser tão mal pontuado. Mas não me parece que seja de estranhar que assim aconteça. As razões que encontro são, essencialmente, duas: a maioria dos portugueses não confia nos socialistas para governar o país, por um lado e, por outro, não são capazes de considerar bom um governo que os obriga a viver uma austeridade dura, tão dura como a realidade que a impõe.
Estamos num período que coloca demasiadas incertezas quanto ao futuro, mesmo quanto ao mais próximo, com a esperança em melhores dias minada por tanta descrença que as análises de tantos especialistas diariamente alimentam.
Mas, aos poucos, vai germinando a ideia de que nada voltará a ser como antes e que um novo modo de viver terá de surgir em consequência da “desalavancagem” que toda a economia terá de sofrer, pois terão de acabar as dívidas, o que colocará as economias mais “prósperas” ao nível das suas reais potencialidades e a viver dos recursos próprios.
Muitas questões se colocam quando pensamos no futuro. Poderão, por exemplo, os Estados Unidos continuar a aumentar uma dívida que já ultrapassa 200% do seu enormíssimo PIB? Poderá a China continuar a ser uma economia próspera com mais de dois terços da sua população a viver em níveis de pobreza? Teria o Brasil o superavit de 20 mil milhões de dólares se desse à sua população um nível médio de vida igual ao dos portugueses? Poderão as “economias emergentes” continuar a crescer quando as “economias evoluídas” que as fizeram crescer cada vez menos lhes comprarão? E sei lá quantas questões mais…
Por aqui, ainda não me parece tarde para apreciar o trabalho do Governo que, diz a Troika, está a cumprir as obrigações assumidas no acordo de resgate. Mas, para além disso, é necessário um enorme “trabalho de sapa” cujos efeitos não são rápidos a manifestar-se, por mais que a nossa impaciência os reclame.
Este ano será decisivo em todos os aspectos. Não apenas veremos se somos capazes de sanear as nossas finanças, como saberemos como o próprio mundo vai reagir às dificuldades que, inevitavelmente, a situação de carência global a que chegou lhe vão colocar.

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