Bastará aos promotores garantir a adesão dos transportes para que a greve assuma uma dimensão que, de outro modo, não teria. É o que se chama um golpe baixo e sujo que obrigará muita gente a perder um dia de trabalho e ter o respectivo corte salarial que muita diferença lhe fará nos seus já escassos recursos para enfrentar as necessidades do dia a dia!
Além disso, arregimentam-se os muitos que, ao longo de anos e anos, se habituaram a viver de subsídios e de outros benefícios sociais que lhes permitia acordar com o dia já ganho e tem-se uma greve que até pode parecer geral mas que, de todo, o não é! É uma imensa mentira que discursos inflamados e estatísticas empoladas farão parecer um evento social histórico.
Quantos serão os impedidos de se deslocarem para ir trabalhar porque não têm transporte e quantos não poderão, também, faze-lo porque os “piquetes de greve” lho não consentem? Todos estes terão a perda de um salário que não será o investimento que o delegado do PCP na CGTP diz que será este dia perdido, porque não tem por base uma alternativa sequer para tornar menos dura a vida que esta austeridade inevitável provoca.
Garantir a adesão dos transportes não é difícil. É um sector em tempo de profunda crise que se segue ao de uma abastança que a ilusão de uma riqueza inexistente lhe permitiu viver até há não muito tempo atrás. Os trabalhadores sabem como o seu futuro é incerto porque não será possível continuar, como até aqui, a viver de crédito que não há, a fazer gastos excessivos e inúteis, a descuidar o que necessitaria de ser bem mantido, a usufruir de regalias que nada justifica e a ter oportunidades que poucos mais teriam.
É difícil entender como se chegou ao ponto em que o sector público dos transportes se encontra. Os governos sucessivos nomearam gestores incompetentes e a Assembleia da República, que agora tanto barafusta, não controlou o que se passava como era seu estrito dever que fizesse. É caso para perguntar: os deputados que se dizem representantes do povo, andam a fazer o que? Será que não passam de meros delegados dos partidos que os escolhem e, por isso, apenas se preocupam com o mal dizer político? Será que não vão além do oportunismo que os faz preocupar sobretudo com os ordenados e as regalias que a si próprios atribuem, esquecendo os interesses do povo que, talvez iludido, os elegeu?
Esta democracia que o 25 de Abril criou foi vítima de muitas ilusões e de oportunismos dos quais agora vemos os efeitos. Poderia ter seguido outro caminho. Mas foram demasiadas as ansiedades que esperavam o seu momento de notoriedade, muita a avidez de ter o que nunca teve e excessiva a permissividade com que tudo foi consentido! Podia ter sido diferente, mas não foi.
Agora faz-se uma greve geral porquê? Para protestar contra os cortes salariais, contra as leis laborais, contra a austeridade a que a muita imprevidência, o desbarato e a leviandade nos levaram? Se fizerem chover dinheiro lembrem-se de mim porque sou dos que têm de pagar todas as “favas” que tanto desleixo e oportunismo de outros causou.
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