Já me dei ao cuidado de assistir a estes debates por diversas vezes, o que a ARTv agora torna fácil.
Apesar da oratória verborrenta em que se cruzam estilos de maior ou menor qualidade, a qual, por vezes, é quase empolgante, insistir nesta audição é uma pura perda de tempo porque nada de novo ou de importante ali se passa ou ali é dito, a não ser para jornais e televisões que, depois, o exploram das mais variadas formas.
Nestes debates, discutem-se as mesmas queixas que se ouvem ao longo da semana, os mesmos “factos” que títulos impróprios de notícias já transformaram em realidade, as mesmas picardias truculentas que, de tão correntes, já podiam constar de um manual e repetem-se queixas e argumentos que se ouviram no passado e por mais de uma vez. As respostas são as óbvias e já esperadas em cada caso, por tantas vezes que tiveram de ser dadas.
De um modo mais ou menos aprimorado, mais ou menos agressivo, lá se vão sucedendo as intervenções que uns aplaudem e outros não, em que uns são mais incisivos do que outros mas que, no final, quando resumidas, não passam do mesmo rosário de lamúrias a que o dia a dia num país quase falido naturalmente dá aso e dos mesmos argumentos lamechas que a infeliz pobreza de muitos inspira a quem a não sofre.
Enfim, tudo se passa do mesmo jeito que numa campanha eleitoral em vez de do modo como a urgente necessidade de resolver os problemas graves do país justificaria, com o empenhamento de todos.
Quem ganha com tudo isto é a comunicação social que aproveita estas trocas de mimos para pisar e repisar os assuntos e nem sempre de um modo em que se possa confiar plenamente, fazendo de um excesso de informação a bagunça que a tanta gente confunde.
Há muito que entendo ser o parlamentarismo um regime caduco a necessitar de uma profunda reforma nestes tempos em que cada vez é mais difícil iludir a verdade que a realidade impõe e, por isso, com problemas que se não resolvem com o palavreado parlamentar nem deixam margem para, na dialética que lhe é própria, fingir que é o que, de facto, não é ou que não seja aquilo que, mostram as evidências, não pode ser negado!
O tempo de parlamentares famosos, como Disraeli e outros, já lá vai, assim como as margens para errar se tornaram tão pequenas que os efeitos dos erros se vão tornando, cada vez mais, irrecuperáveis.
Já me manifestei a propósito de concordar com uma redução sensível do número de deputados neste órgão de soberania de utilidade cada vez mais discutível. Mas não será apenas o número de deputados que terá de ser revisto porque, sobretudo, é necessário transformar a AR em algo totalmente útil para o país.
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