ACORDO ORTOGRÁFICO

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sexta-feira, 2 de março de 2012

OS ARAUTOS DA DESGRAÇA

Escrevi ontem que era no desencontro entre os efeitos das medidas de austeridade e das medidas estruturais, imediatos os de uma e retardados os da outra, mas ambas indispensáveis para evitar a bancarrota que se aproximava, que se cava o fosso da calamidade que é o desemprego. É natural que, entretanto, alguma coisa tenha de ser feita, mesmo que de forma temporária, tendo em vista minorar os seus efeitos sociais perversos e os sofrimentos dos que não têm como ganhar o pão de cada dia.
Será o que o governo pretende fazer com a utilização de verbas comunitárias para criar estágios e cursos de aperfeiçoamento para jovens, o que, num país que carece de melhor preparação, embora sendo necessariamente transitório, tem virtudes que se não podem desprezar. Atenuam os efeitos do desemprego jovem e melhoram a sua preparação para o futuro. Espero que não do modo como aconteceu na década de 90 quando tanto dinheiro comunitário destinado a acções de formação foi malbaratado, se não mesmo transviado. Isso competirá ao governo garantir.
Parece-me, pois, boa esta iniciativa, mas não me espanta que, apesar das vantagens relativas que me parece que tem, logo apareçam os “profissionais do contra”, tão ruidosos como uma matilha de mabecos, que outra coisa não fazem senão maldizer, afirmando que não chega, que é preciso muito mais, que isto e aquilo, enfim, que nunca encontram bondade no quer que seja que se faça. Na medida em que arregimentam fracas cabeças incapazes de filtrar o que outras lhes impingem, mais não fazem do que dificultar mais o que não é fácil e atrasar um processo excessivamente doloroso para os mais desprotegidos que, compreende-se, se encontram entre os mais vulneráveis às atoardas demagógicas que lhes são impingidas.
Como qualquer pessoa, não posso deixar de sentir receios, de ter dúvidas quanto ao futuro, sobretudo quando, para além do que nós próprios fizermos, tanto depende de outros, do que façam ou do que lhes aconteça. Por isso, prefiro ter fé e esperar que tudo resulte bem, pois não me parece que o caminho que está a ser seguido não seja o que as circunstâncias justificam. De momento não tenho como não o apoiar. Espero que o tempo me não traga desilusões.
Em suma, continuarei a maldizer os que colocaram o meu país na difícil situação em que se encontra, por mais que pretendam esconder, em críticas despudoradas, as culpas que lhes pertencem, ao mesmo tempo que desejo, do fundo do coração, que os que procuram recuperá-lo, sejam eles quem forem, tenham todo o sucesso na dura missão a que se entregaram.
Continuo a lamentar esta mentalidade tacanha que “o velho, o rapaz e o burro”, a que já aqui me referi um dia, tão bem retrata! Somos, mesmo, um país de maldizentes crónicos e impenitentes, de “chicos espertos” que, na sua verborreia histérica, pretendem convencer os demais que julgam burros.
Governar um país assim deve ser tão fácil como ir com um boi à caça!

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