O dia acordou perturbado por um prefácio do Presidente da República no livro Roteiro VI, no qual Sócrates é acusado de falta de lealdade institucional, de falta de diálogo com a Oposição e sei lá mais que coisas que agitaram o PS que, em peso, saiu a terreiro para defender o seu antigo líder.
Tudo muito bem aproveitado pela comunicação social com títulos apelativos e com os célebres programas de antena aberta, onde cada um diz o que lhe vai na alma ou lhe dá na gana, na crista da onda.
Apesar de considerar estes programas um jornalismo negativo porque mais desinforma do que informa, vou-lhes prestando alguma atenção porque, assim, vou-me dando conta do nível de confusão e de desinformação em que este país se encontra.
Poucas vezes ouvi chamar tantos nomes a alguém, desta vez a Cavaco Silva que, entre muitas coisas, desde desleal, mentiroso, incompetente e, até, insano, foi aconselhado a tratar-se se, porventura, não se sentir bem.
Não morro de amores pela pessoa que, de algum modo, tem culpas neste cartório por, quando governante, ter prestado mais atenção aos aspectos materiais do que aos aspectos sociais nesta sociedade que acabou arruinada por sonhar com grandezas que jamais poderia ter. Mas, mesmo assim, soaram-me a excessivas as atitudes de repúdio por seja o que for que tenha dito ou feito, sobretudo quando são tomadas por quem mais culpas tem neste folhetim de horrores que estamos a viver.
A exaltação de Sócrates também não podia ter faltado da parte dos que continuam a considera-lo um excelente Primeiro Ministro que fez o país prosperar, ao longo de cujo governo vivíamos muito melhor do que com esta governação que temos agora e que corta salários, acaba com benefícios, aumenta impostos.
Estou de acordo que se vivia melhor no tempo do governo de Sócrates do que no tempo deste governo de Passos Coelho que, sendo assim, perde no confronto com o antigo líder socialista. Terei mesmo de dizer, sentidamente, que este é um mau governo que, nem sequer, deveria existir! E não existiria, por certo, se o de Sócrates não tivesse existido antes.
Este critério de julgar governos faz-me recordar uma anedota em que dois bêbados caminhavam pela avenida abaixo dizendo que “um bom governo poria o vinho a pataco e de borla as sardinhas para acompanhar...”, além de outras coisas parecidas até que, de tantos tropeções um no outro, acabaram por se estatelar. Seguia-os um outro bêbado muito interessado na conversa que logo comentou: “estava a formar-se um governo tão bom e já caiu!”
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