Esperava eu, ao fim de tantos
anos de uma crise que me faz lembrar uma enguia viva que a inexperiente
cozinheira não é capaz de agarrar, que houvesse já um mais claro entendimento
das razões por que acontece e persiste, em vez de continuar a escutar o palavreado
barato dos que continuam cegos ou, até talvez, fazem de nós parvos, em manobras
de diversão que nos distraiam dos seus reais propósitos.
Perde-se tempo, consomem-se
recursos, complicam-se situações e travam-se guerras de interesses, numa confusão
em que mais parece que todos se querem chegar à frente para melhor atirar
pedras ao cão lazarento do que para fazer qualquer coisa para o livrar dos
malfeitores e o tratar.
O aparecimento em cena do incontornável
Tribunal Constitucional ainda mais complicou as coisas, desviando as atenções
da realidade que ninguém parece entender para as concentrar num confronto em
que cada um escolhe o seu lado e participa do modo como melhor lhe convém, no
que tenho escutado os maiores disparates e algumas poucas declarações
sensatas as quais, decerto porque o são, passam desapercebidas na contenda
política que se trava.
Em vez da cooperação sem a qual o
país jamais sairá do estado miserável em que se encontra, perdem-se os “sábios
politiqueiros” na guerra da desinformação em que constroem teorias fantásticas
para explicar o que não interessa a todos nós mas convém ao que a si próprios e
apenas a si próprios interessa.
Li hoje uma expressão que, vinda de onde veio, não me
chocou mas me fez pensar “De Orçamento em Orçamento, Passos fez por ignorar a
jurisprudência do Tribunal Constitucional e seguiu uma governação nos limites
da legalidade”. Escreve-a uma deputada do PS, Isabel Moreira, num artigo em que
também fala das culpas de cavaco Silva que considera “cúmplice” do
Executivo no que à aprovação de medidas inconstitucionais diz respeito e,
também, de colaboração com aquele para
que o “peso do incumprimento” seja colocado no Tribunal Constitucional.
Fico sem saber a que lado pertence o limite, se à legalidade se à
ilegalidade, e quem tem a culpa de ser assim e se, porventura, em tempo de
aflição o apuramento das culpas tem a prioridade.
Parecem todos esquecidos do velho ditado de que "em tempo de guerra não se limpam armas".
Parecem todos esquecidos do velho ditado de que "em tempo de guerra não se limpam armas".
Mais uma vez se prova que dá sentenças quem mais nada consegue fazer num
país que já não precisa de palavras mas de acções para sobreviver, porque sobrevivência
é o verdadeiro problema do país. Esse, ninguém o discute porque alcançar o
poder é mais atractivo do que participar na salvação do que é de todos nós.
E nesta guerra palavrosa e imbecil de distribuição de culpas e não de procurar soluções, ficam por esclarecer, como sempre, o que apareceu primeiro se o ovo se
a galinha ou se, quando o sapato aperta, se deve mudar de sapato ou cortar o
pé!
O tempo passa e as coisas mudam, pelo que o pé cresce e o sapato deixa de
servir. Apenas a Constituição se mantém perfeita e inalterável porque todos
juraram respeitá-la!
Pronto… corta-se o pé!
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